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–  Nina

  

    Luke era como a lua – parte dele estava sempre escondida. Mas, a determinada altura, ele iria expor-se a alguém, e era o que fazia comigo. Eu já não iria mentir mais para mim mesma. Sem sombra de dúvidas, sabia que estava a desenvolver uma paixão pelo loiro rapaz. O seu sorriso branco e perfeito circulava pela minha mente sem a minha permissão. Os seus lábios rosados e carnudos faziam-me querer tocar-lhes apenas por os olhar. Os seus olhos azuis... Oh, os seus belos olhos azuis. Eu perdia-me neles se os encarasse durante demasiado tempo, e não me importava com isso. Eu queria perder-me na sua figura, queria envolvê-lo nos meus braços outra vez, queria entrelaçar as nossas pernas mais uma vez, mas... Nem sempre podemos ter tudo o que queremos. Às vezes, o que nos resta é esperar. Esperar por um sinal.

    A lenta respiração de Luke podia-se ouvir ao meu lado. Os seus lábios estavam entreabertos e o ar saía e entrava pelos mesmos muito devagar. As suas pálpebras estavam fechadas delicadamente e as suas longas pestanas tocavam na pele do seu rosto. Ele parecia um anjo deitado ao meu lado, completamente inofensivo, e por minutos tive que me conter para não me aproximar dele, embora quisesse.

    "Nina, eu sei que estás a olhar para mim" – a voz matinal de Luke fez-se ouvir, embora num murmúrio, e rapidamente desviei o meu olhar para os lençóis.

    "Hm, eu?" – respondi, fazendo-me de desentendida.

    "Sim, tu" – os seus olhos lentamente se abriram e ele piscou um, devido ao sol que embatia nos mesmos. O azul radiante da sua vista pareceu chamar pela minha atenção.

    "Porque me estás a fitar?" – inquiriu Luke.

    "Eu... Eu... Os teus olhos são lindos" – engoli em seco.

    "Os teus também, Nina" – esboçou um pequeno sorriso. A sua mão viajou até à minha bochecha com algum receio e fiquei congelada durante breves segundos. A minha respiração ficou presa na garganta. As pontas dos seus dedos, – que estavam a tremer, – passaram pela minha suave pele, agarrando depois fios dos meus cabelos que passaram para detrás da minha orelha. Luke retirou depois a sua mão de lá, um pouco envergonhado, e olhou para o seu colo.

    "Como está a tua ferida?" – questionei, e o seu olhar subitamente encontrou o meu.

    "A doer" – mordeu o interior da sua bochecha.

    "Mostra-me" – pedi, gentilmente.

    Ele virou a sua cara para mim, dando-me visão à sua bochecha negra. Um som de espanto saiu por entre os meus lábios. Encostei as costas de Luke ao suporte da cama e aproximei-me dele, um pouco insegura do que iria fazer.

    "P-Posso?" – apontei para o seu colo e ele assentiu rapidamente. A sua respiração não estava regularizada, pois o seu peito descia e subia à velocidade da luz. Soltei um breve suspiro e juntei as pernas de Luke. O meu olhar não deixou o dele nem por um segundo. Fechou os olhos, e quando os abriu já eu estava sobre si, a fitá-lo, com uma perna encolhida de cada lado do seu colo.

    "Tu não merecias isto" – a minha voz sussurrou. Os meus lábios aproximaram-se da sua bochecha e pousei-os delicadamente sobre a mesma. Espalhei beijos lentos e longos pelo seu rosto e a minha mão encontrou a sua. Entrelacei os nossos dedos e levei-os ao seu peito, sentindo o bater do seu coração.

    "Mereces sentir-te amado" – sussurrei ao seu ouvido, beijando depois a curva do seu rosto. Senti-o a estremecer e voltei a aproximar a minha face da sua, roçando os nossos narizes num gesto carinhoso, – "Tens importância"

    "Nina..." – Luke sussurrou, focando o seu olhar no meu. Coloquei um dos meus dedos nos seus lábios, calando-o, e continuei a tratar dele, com o propósito de o fazer sentir bem.

    "És um ser humano espantoso..." – falei, enquanto o meu polegar massajava a sua mão delicadamente – "Tens um grande coração, e eu sei ver isso" – Luke arrepiou-se assim que beijei a maçã do seu rosto. Cobri a sua bochecha ferida com a minha mão e massajei-a com cuidado, continuando a encarar os olhos azuis do rapaz à minha frente. Um som escapou dos lábios de Luke, o que me fez sorrir. As suas bochechas ganharam um tom rosado e quebrou o contacto visual.

    "Nunca te esqueças do que acabei de dizer" – declarei, voltando para o lado onde estava. As minhas pernas continuavam sobre o colo de Luke. Ele colocou as suas mãos nas mesmas e suspirou longamente para que a sua respiração regularizasse.

    "És uma pessoa difícil de perceber" – afirmou, passando os seus dedos pela pele descoberta das minhas pernas – "És a única que me faz ser capaz de sentir algo ou de sorrir" – após a sua frase, os meus lábios curvaram-se num sorriso.

    "Luke, tu és um humano" – arrepiei-me ao sentir o seu toque carinhoso e tentei focar-me no que ia dizer – "Mais tarde ou mais cedo irias sentir algo"

    "Nina, eu quero b–" – não acabou a sua frase e uma das suas mãos esfregou o seu rosto inúmeras vezes, como se ele quisesse acordar de vez.

    "Queres o quê, Luke?" – franzi uma sobrancelha, soltando um pequeno riso.

    "Podes, hm... Podes mexer nos meus cabelos como da outra vez?" – ele perguntou, olhando para todo o lado menos para mim.

    "Claro" – ri envergonhadamente – "Podes mexer nas minhas costas como ontem?" – ele acenou afirmativamente com a cabeça.

    "À tarde temos que ir para a escola" – eu disse, enquanto me aproximava do seu corpo. Luke murmurou um pequeno 'sim' e focou-se no que eu lhe tinha pedido. Encaixei os nossos corpos e inalei cheiro da sua camisola, que eu tanto adorava. As minhas mãos foram até aos seus cabelos enquanto as dele envolviam a minha cintura, apertando-a de leve. Senti o tremer da sua respiração embater no meu pescoço e fechei os olhos, à medida que os seus dedos desenhavam figuras imaginárias nas minhas costas, com cautela, como se ele tivesse medo de me aleijar. Senti uma sensação no estômago e respirei fundo, começando a enrolar fios do seu cabelo loiro nos meus dedos. Seriam estas as famosas borboletas na barriga? Não sabia. Só sabia a partir daquele momento que gostava de abraços apertados. Abraços, especialmente, do Luke.


Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن