28

15.7K 983 67
                                    

  

–  Luke

  

    O carinho que sentia por ela parecia estar a ser evidenciado pelas pessoas à nossa volta. A maneira de como eu olhava para ela, de como sorria para ela, e a simples atitude que eu tinha quando estava com ela provava que de certa forma eu gostava dela. Não era apenas gostar, mas tentava convencer-me a mim mesmo de que era. Porque o amor não era uma coisa boa na minha mente. Era assustador sentir-me assim. Era assustador pensar que ela algum dia poderia ver-me como uma parte que não necessitava na sua vida. A verdade era que sempre que pensava nela uma felicidade inexplicável percorria o meu corpo. Eu sentia a sua falta quando ela não estava perto de mim, o som da sua voz fazia-me sorrir mais do que a minha música favorita. Este sentimento era indescritível.

    A sua cabeça estava pousada na confortável almofada e ambos estávamos deitados de barriga para baixo, agora no tapete do seu escuro quarto. A televisão e a Lua que se conseguia ver da janela eram as únicas fontes de luz que tínhamos. Os nossos corpos estavam ligeiramente próximos e o olhar dela estava focado no ecrã televisivo. De vez em quando desviava a minha atenção do mesmo para observar a sua figura feminina que tanto me fascinava. Nunca pensei que em alguém se pudessem encontrar coisas tão fascinantes como, por exemplo, as maçãs do rosto. As de Nina eram pálidas e salientes. E as suas clavículas eram ligeiramente saídas para fora, fazendo-a parecer frágil. A sua pele era branca como a neve e macia como a textura de uma pena. Havia tanto para observar num ser...

    "O amor é uma perda de tempo" – Nina disse, do nada, o que me fez olhar de súbito para a televisão.

    "Este filme é tão estúpido" – eu respondi, suspirando.

    "Não, não é. Eu acho o filme hilariante. O amor é que é... Apenas uma perda de tempo" – Nina sorriu tristemente e encolheu os ombros – "Mas acho que não concordamos em nada"

    E ela estava certa. Nós não concordávamos em nada. Não tínhamos as mesmas opiniões. Ela gostava de um filme que eu não apreciava. Mas mesmo que eu o odiasse, não me iria importar de gastar o meu tempo a vê-lo, se pudesse ouvir o seu riso contagiante e ver o seu sorriso brilhante.

    Porém, nós concordávamos numa coisa. O amor era uma perda de tempo. Mas era uma boa perda de tempo, porque eu estava, provavelmente, talvez possivelmente apaixonado por Nina, e se o tempo fosse dinheiro, iria gastá-lo todo com ela.

    E acabaria por ser um rapaz pobre, provavelmente, talvez possivelmente apaixonado.

    "O amor é uma boa perda de tempo" – acabei por dizer, observando-a pelo canto do meu olho. Ao ouvir a minha frase, Nina sorriu e virou-se num rápido movimento, ficando a encarar o seu esbranquiçado tecto. Copiei a sua acção e a minha mão viajou até à sua.

    "Porque fazes isto?" – ela questionou.

    "Isto o quê?" – entrelacei os nossos dedos. Não estava a controlar o meu corpo neste momento. Fazia o queria, não me iria arrepender.

    "Isto" – deu um ligeiro aperto na minha mão – "E cantas-me baixinho ao ouvido, dormes ao meu lado..." – fez uma breve pausa para respirar – "Fazes-me sentir vulnerável" – virou a sua cabeça para mim, e, juro que aí o meu Mundo parou.

    Os seus olhos esverdeados encaravam os meus desesperadamente, como se ela quisesse fazer algo. O sentimento era mútuo. Nem eu sabia o que tinha acontecido comigo nestes últimos dias. Nina fazia-me querer ser alguém diferente, alguém melhor, provavelmente.

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Onde histórias criam vida. Descubra agora