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–  Nina


    Um par de lábios a partilhar diálogos pode dizer inúmeros volumes de palavras, mas um par de lábios conectados diz mais que separados alguma vez poderiam proferir. Depois de imenso tempo, deu-se a conexão física que eu tanto desejara. Após se terem passado imensos anos sem beijos, agora estes criam uma sensação de paixão e desejo, que eu apenas quero partilhar com Luke, neste momento.

    Eu sou como gelo nas suas mãos – ele faz-me derreter. Apenas com uma simples acção, com um simples toque no sítio mais simples de todos, mil emoções vêm à superfície e apercebo-me de que quero mais. Quero sentir o seu corpo bem pressionado ao meu e os seus lábios na minha testa, nas minhas bochechas, nas pálpebras dos meus olhos, na ponta do meu nariz, no meu pescoço, no meu peito... Quando os nossos lábios se tocaram pela primeira vez, eu sabia que a lembrança duraria para sempre. Dou por mim a querê-lo cada vez mais a cada dia que passa e não há forma de terminar com esta necessidade. Estou completamente e profundamente viciada nele. E essa é a pior coisa que poderia ter feito.

    Luke podia controlar-me. Eu estava totalmente dependente dele. Será que ele também dependia de mim?

    Uma semana de abraços, beijos e carícias já se tinha passado e sentia que uma conexão existia entre nós. Não conseguia estar longe dele e o meu corpo inconscientemente pedia pelo seu toque, em particular.

    Os seus cabelos alourados estavam juntos aos meus e os nossos narizes pressionados levemente. Sentia a sua respiração fresca a embater na minha bochecha. Os meus olhos esverdeados estavam presos nos seus azulados e a minha mão descansava no seu peito – o bater do seu coração era acelerado, mesmo que estivéssemos sossegados, no acto mais inocente que pudesse existir.

    De vez em quando Luke iria pressionar os seus lábios contra o topo da minha cabeça. Sempre que ele o fazia, eu estremecia – num bom sentido.

    "É que..." – a sua voz fez-se ouvir, do nada – "Uma vez que te beijo, não consigo parar..." – murmurou antes de pousar os seus lábios perto da minha testa – "Desde que te beijei naquele encontro que acabou extremamente bem, só consigo pensar nos teus lábios" – beijou a minha testa – "E a maneira de como o teu lábio inferior encaixa perfeitamente no meu" – beijou ambas as minhas pálpebras, e depois as duas bochechas que me pertenciam – "Apenas um beijo e o meu Mundo cai completamente no chão. Estou viciado, Nina. Estou viciado em ti. És melhor que qualquer droga que existe" – colocou o meu rosto entre as suas mãos, para que eu olhasse para ele – "És forte... Corajosa... Esperta" – suspirou – "E tão, mas tão linda" – encostou as nossas testas e fechou os seus olhos – "Não fazes ideia do quão perfeita és, Nina. Tudo em ti é perfeito. A tua alma... A tua maneira de pensar, o teu pequeno nariz, os teus olhos esverdeados... Tudo"

    Luke emitiu um som que se pareceu com um soluço, e quando me afastei um pouco percebi que ele estava certamente a chorar. Lágrimas molhavam os seus brilhantes e pálidos olhos azuis e eu senti uma dor no peito que não se comparava a qualquer outra dor... Era psicológica... Mostrava que eu me importava com ele.

    "Luke..." – a minha mão foi de imediato aos seus olhos para que ele não deixasse lágrimas cair. Vê-lo neste estado deixava-me tão mal.

    "Tu também és corajoso, bravo e forte, acredita em mim quando te digo isso" – comecei por dizer – "Apenas te perdeste um pouco, mas voltaste a encontrar quem eras" – sorri tristemente e fiz uma breve pausa, respirando fundo antes de finalizar a minha frase – "E és lindo, Luke. Mesmo muito, por dentro e por fora"

    "Eu preciso de ti" – ele balbuciou, apertando-me contra ele. Suspirei longamente e desprendi as mãos do seu rosto para poder pousá-las sobre as suas costas.

    "Não, não precisas" – proferi – "Tu consegues sobreviver sem mim" – respondi com um curto sorriso.

    "Sobreviver" – ele repetiu – "Eu não quero sobreviver apenas. Eu quero viver. E preciso de ti para o fazer"

    Não tinha resposta para a sua declaração. Ao invés de pensar numa, toquei levemente no seu queixo, fazendo-o olhar para cima. Rocei os meus lábios nos seus, num gesto carinhoso, antes de os unir, dando-lhe um pequeno mas significativo beijo.

    "Também preciso de ti para sobreviver... Para viver" – afirmei, elevando o meu tronco de modo a que ficasse sentada sobre o colchão onde estávamos. Agora passava tanto tempo com ele, nesta casa na árvore...

    "Não te quero deixar" – Luke sussurrou quase inaudível, para si mesmo. Levantou-se passados alguns segundos e estendeu-me a sua mão. Peguei na mesma e meti-me de pé.

    "Nina, quero dar-te algo" – ele declarou, com segurança. Andou até a um canto e procurou por algo no seu baú velho. Às vezes gostava de saber o que é que aquele grande pedaço de madeira contém lá dentro...

    Caminhei até mais perto do rapaz perante mim e ele virou-se subitamente, com duas coisas nas mãos. Pediu-me para fechar os olhos e assim o fiz. Estava curiosa, sinceramente, e podia sentir as minhas pernas a tremer ligeiramente.

    Segundos se passaram e senti algo frio no meu pescoço, e depois no meu peito. Franzi a testa, e, muito lentamente, fui abrindo os olhos. Quando encarei o meu pescoço, encontrei um colar sobre ele. Era uma... Túlipa. Uma túlipa pequenina e prateada.

    "Já te disse antes o significado, não disse?" – Luke proferiu, com um sorriso delineado nos lábios, e a minha primeira reacção foi abraçá-lo.

    "Não precisas de me dar algo para eu gostar de ti, Lukey" – inalei o cheiro do seu perfume – "Eu já te adoro" – falei contra o seu pescoço.

    Ele separou-nos muito devagar e colocou imensas cartas sobre a palma da minha mão. Franzi o sobrolho ao ver tantos papéis.

    "Eu quis dar-te o colar, Nina. Para que nunca te esqueças que o meu..." – fechou os olhos, continuando a frase – "... Amor por ti é eterno"

    "Não me faças chorar, Luke" – olhei para o tecto, inspirando e expirando num ritmo lento.

    "Peço-te que leias essas cartas quando te sentires em baixo, ou quando duvidares de algo, está bem?" – pegou no meu pulso, encostando-me a si, e eu acenei afirmativamente com a cabeça. Quando o abraçava, sentia-me em casa. Sentia-me protegida e segura. Era como se ele fosse a peça de puzzle que me faltava para ficar completa.

    "Está bem"

    Não queria que estes bons momentos acabassem. Mas a verdade é que nada dura para sempre. Eu tinha medo que isto fosse ter um fim. 

  

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Kde žijí příběhy. Začni objevovat