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–  Nina

   

    Passava as minhas trémulas mãos pelo rosto inúmeras vezes. A frustração que eu sentia era imensa, e tudo devido a uma disciplina que me explodia com os neurónios todos, – matemática.

    "Nina, já fiquei aqui imenso tempo a explicar-te isto" – Luke suspirou assim que eu lhe implorei para me explicar o maldito exercício que tanto me estava a perturbar.

    "Mas, Luke, és o meu explicador e eu não percebo isto" – falei como uma criança birrenta, cruzando os braços ao peito, de seguida.

    "O teu caderno já não tem mais folhas brancas de tantas explicações que te dei" – ele respondeu-me, falando num tom normal.

    "Eu posso arranjar mais folhas?" – sugeri, esperando que Luke não perdesse a paciência e me ajudasse.

    "Deixa estar" – ele levantou-se, o que fez com que uma expressão confusa se demonstrasse no meu rosto. O adolescente foi em direcção ao pequeno caixote onde eu colocava os papéis e debruçou-se, apanhando o papel que da outra vez eu tinha mandado para o chão.

    « Oh não... » – pensei para mim mesma.

    « A minha vida está arruinada. Ele vai ver o papel. Age normalmente Nina, age normalmente » – respirei fundo.

    Luke foi abrindo lentamente o papel. O intuito dele era termos algo onde escrever, mas ele lá sabia o que aquilo continha. Maldita a hora em que fui desenhar aquilo.

    "O que é isto?" – inclinou um pouco a cabeça para o lado esquerdo, observando o desenho ilustre no papel.

    "São rabiscos" – falei nervosamente, encolhendo os ombros.

    "Ele parece-se muito comigo" – Luke virou o papel na minha direcção, apontando para o rapaz desenhado no mesmo.

    "Pois parece" – limitei-me a assentir, não querendo falar muito neste assunto. Estava a começar a sentir as minhas bochechas a ferver e sentia-me mesmo envergonhada por causa desta situação. Porque me fazes isto vida? Porquê?

    "Não te importas se for embora?" – Luke perguntou-me após algum tempo de silêncio constrangido.

    "Não, podes ir, acho que já percebi o exercício até" – respondi-lhe, e ele apenas assentiu, rodando os seus calcanhares em direcção à porta, pronto para ir embora. Antes disso vi-o a guardar o papel no bolso do casaco que ele costumava usar. Não percebi bem o porquê, mas limitei-me a ficar calada. Quanto mais rápido nos esquecêssemos do assunto, melhor.

    Assim que ouvi um som de uma porta a ser fechada, no andar de baixo, deixei um longo suspiro escapar dos meus lábios. Coloquei o meu cabelo castanho claro apenas num dos meus ombros e deitei-me completamente na cama, ficando assim a olhar o tecto.

    Por baixo dos meus olhos verdes escuros deviam de estar umas olheiras, pelo facto de não dormir muito há alguns dias. A minha mãe quase nunca estava em casa e o meu pai lá ia nas suas famosas viagens de trabalho, que duravam uma semana. Nunca percebi esta família. Penso que sou a única pessoa activa aqui.

    Ia mudar-me para uma turma nova amanhã e já nem sequer me lembrava disso. A minha mãe teve essa decisão e usou as influências dos meus amigos como desculpa. Não a entendo. Não entendo ninguém. A turma onde eu estava era perfeitamente normal e dava-me bem com todos, e agora ela tinha que me mudar a meio do ano? Estas pequenas atitudes dela irritam-me. Será que não se pode preocupar apenas com o seu namorado chique?

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang