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–  Luke   

  

    Seria esta a sensação de sentir uma paixoneta por alguém? Uma grande paixoneta. Antes de começar a ver o que nos rodeava de uma diferente forma, não dava muita importância às pequenas coisas. Como um simples beijo. Normalmente não gostava do som que os lábios emitiam quando se colavam e descolavam dos outros; pensava que era nojento, para ser honesto. Mas não agora, se a pessoa com quem o fizesse fosse Nina.

    Nunca me envolvia com raparigas e o último beijo que tinha dado fora no oitavo ano escolar. Não sabia na realidade como beijar a sério, por isso, segui as acções que os actores faziam nas novelas. Eu sei que parece estúpido, mas, hey, era a minha única alternativa. Não queria arruinar tudo.

    As coisas com Nina eram tão diferentes quando a beijava. Eu reparava definitivamente em mais coisas quando o fazia. Como os suspiros, por exemplo. Não sabia que quando passávamos a nossa mão pela macia cintura de uma rapariga e fazíamos pequenas festas com o nosso polegar na sua branca pele, ela ia deixar um pequeno barulho indecifrável escapar dos seus lábios devido à impressionante sensação. Concluí então que a maioria das raparigas não eram tocadas nesse sensível sítio do corpo. Nina não era, com toda a certeza. A sua pele era simplesmente tão quente e suave e chamava-me tanto à atenção...

    Oh, e a maneira de como as suas finas e pequeninas mãos iriam prender-se aos meus cabelos enquanto eu pousava os meus lábios sobre os seus. Ela dava-me arrepios, dos bons. Porra, ela fazia-me sentir tanto de uma só vez. Na primeira vez que ela me puxou levemente os fios de cabelo loiro eu quase que me afastei porque me senti bem demais, mas, ao invés disso, decidi pressionar ainda mais os nossos corpos carregados de paixão e êxtase.

    Queria ser alguém melhor, por ela. Tinha a necessidade de o fazer e pretendia fazê-lo. Desejava mantê-la o mais perto possível de mim. Desejava fazê-la sentir-se amada e protegida. Segura, nos meus braços.

    E, meu Deus, isto parece tão lamechas e nada que pudesse vir de mim, mas tinha que admitir que eu, Luke Hemmings, não era uma constante. Eu mudava. Mesmo que não quisesse, tinha que o fazer, pois nada na vida é constante. As coisas estão constantemente a mudar e não há nada que possamos fazer em relação a isso.


    Enquanto me debatia com questões sobre os meus sentimentos perante Nina, tirava de uma gaveta da minha secretária um pequeno bloco de notas que usualmente carregava comigo quando me vinham frases aleatórias à cabeça. Escrevia e compunha músicas, às vezes, para expressar os meus sentimentos no papel, porque não fazia a mínima ideia de como o fazer pessoalmente.

    As pontas dos meus dedos passaram pela folha áspera e retirei uma caneta do meu estojo, arrancando a ponta com os meus dentes. Inspirei, expirei, inspirei, expirei. E, passados dois suspiros, decidi escrever algo no papel.

    "Se me calo, fico emburrado ou encontro-me distante. Não penses que é por falta de amor ou desejo. Às vezes, sinto-me meio sem rumo num mundo tão complicado e descolorido. O pior remédio é fazeres o mesmo. Ignora-me apenas quando estou num mau modo, embora agora tenhas mudado isso em mim. Só peço que chegues e instales a beleza que me falta, e que venha sorridente, regues as flores, atives a minha respiração, massages os meus ombros ou que me abraces, simplesmente. Sim, porque os teus abraços são como uma droga. Nunca pensei que alguma vez na minha vida iria dizer isto, mas, bem, é verdade. Os teus abraços são tão viciantes. Sabem tão bem. A maneira de como o teu frágil corpo encaixa no meu e como envolves os teus braços em volta do meu tronco como se procurasses por segurança... Deixas-me fora de mim. Não sei o que fazer comigo próprio e não sei o que somos. Só sei que estou feliz. Sinto-me feliz após dois anos. Foste capaz de meter cor no meu pequeno Mundo e de entrar nele. Derrubaste a parede que me permitia continuar sem sentimentos e ainda me fizeste apaixonar por ti. Mas quem não iria? Os teus olhos esverdeados atraem qualquer um, e o teu belo sorriso branco até faria sorrir os mais tristes humanos. Espalhas felicidade por onde passas e não podia estar mais grato por isso, Nina Stevens. E sei que provavelmente nem irás ler isto, mas irei guardar este papel para uma ocasião especial. Obrigado por não me deixares, e espero que não o faças. Pretendo não te deixar, embora estes sentimentos me assustem, de tão fortes que são." – escrevi no pedaço de papel estas imensas palavras e reli-as vezes e vezes sem conta, impressionado comigo mesmo com o que havera escrito.

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Where stories live. Discover now