Capítulo 30 - Sofrimentos.

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— Quantas vezes? E quando? — Questionou Sebastian.

— Uma vez, naquele dia que me encontrou nervosa no corredor e que me levou até a sacada que dava para ver todo o jardim. — Disse Luna com uma voz fraca.

— Por isso parecia tão perdida e desesperada aquele dia.— Afirmou Sebastian começando a entender.

Era muita informação de uma única vez para a mente dele processar e aceitar. Luna não era exatamente quem ela dizia que era, agora ele se perguntava o quanto do que aconteceu entre eles, era verdade e o quanto era mentira. Como ele poderia acreditar que ela o amava, se havia mentido para ele desde o dia que havia posto os pés na cidade. Engoliu a seco e ficou de pé, caminhou lentamente até onde Luna estava e parou a um metro de distância dela. Colocou suas mãos dentro dos bolsos da calça e disse em um tom frio.

— Me diga o que mais fez desde que esteve aqui? Foi você que matou os Golledray ? — Perguntou ele.

Luna lentamente se virou ficando frente a frente com Sebastian. Ele podia observar os olhos e a face vermelha pelo choro, algumas lágrimas ainda escorriam pela face dela. Mas ele não sabia se eram verdadeiras ou parte da atuação. Ele permaneceu com o semblante fechado esperando suas respostas. Enquanto olhava aqueles olhos azulados que ele tanto amava, ele só conseguia enxergar dor dentro dele.

— Vamos começar pelos Golledray. Antes de sermos expulsos da cidade minha tia Eleanor tinha um caso com James Golledray e ele já era casado, prometeu a ela que deixaria a mulher e ficaria com ela. Na epoca ela tinha 16 anos, ingênua acreditou nas palavras dele. Em um dos encontros com ele, ela contou que estava grávida e ele desesperado foi pedir ajuda a Travis. Ele disse a Eleanor que iriam fugir para viver em outra cidade, mas quando ela chegou no ponto de encontro ele lhe deu um chá para acalmá-la por estar muito nervosa. Mas, na verdade o chá era feito com a raiz da verbena e isso enfraquece um lobo, perdemos a força, a velocidade e dependendo da dose a consciência. Quando ela acordou estava trancada em uma cela do subsolo da mansão dele. Viveu lá por anos, a criança nasceu e eles costumavam fazer experimento com às duas, por algum motivo que ninguém sabe até hoje ele liberou Eleanor para fazer trabalhos domésticos na mansão, mas manteve Crystal presa para garantir que ela não saísse. E claro dava pequenas doses de chá de raiz de verbena para ela e Crystal todos os dias, para mantê-las fracas.

— E como você descobriu tudo isso? — Questionou Sebastian.

— Depois que aconteceu o assassinato eu e Pablo fomos até lá investigar, achamos a passagem secreta e Crystal presa em uma das celas, com grilhões nos pulsos e pernas, desnutrida e ferida. Alguns minutos depois Eleanor apareceu e confessou que matou James e Stevan porque eles estavam planejando estuprar Crystal e ter sua própria ninhada de lobos, com vários lobos seriam mais poderosos que Travis e tomariam o poder da cidade. Mas Eleanor não estava disposta a deixar que maltratassem ainda mais a sua filha e não sei de onde ela tirou força para fazer aquilo, talvez da raiva guardada ou do amor pela filha.

— E Travis sabia de tudo? — Perguntou Sebastian incrédulo.

— Do sequestro e dele manter às duas em condições terríveis sim. Do plano de fazer da Crystal uma parideira de lobos? Não.— Disse Luna o fitando com receio e tristeza.

— Elas ainda estão na cidade? Estão bem? — Perguntou Sebastian realmente preocupado.

— Não, elas estão no acampamento e devem estar bem. No dia do festival o fogo foi uma distração para que elas passassem pelos guardas e conseguissem fugir, no último relatório Bruce disse que estava tudo bem com elas.— Disse Luna soltando um longo suspiro.

— Você quase botou fogo na cidade, Luna! — Sebastian repreendeu.

— Tecnicamente falando foi a Abi, acho que ela usou combustível demais. Pablo tinha que atravessar elas pelos guardas, Abi colocar o fogo e eu só tinha que ficar a vista de todos para ninguém suspeitar de mim. A gente só não contava com a sua loucura e coragem de ter ido falar com meu pai. — Disse Luna baixo voltando a encarar o chão.

Utópico. - Duologia Deverpolt.Where stories live. Discover now