Utópico. - Duologia Deverpolt.

Capítulo 37 - Juramento de sangue.

Luna estava irritada, quantas vezes ela havia discutido com Sebastian somente naquela noite? Quantas vezes disse para ele não sair de perto dela porque seria perigoso?

Se ela tivesse se atrasado por um minuto, ele estaria morto. O plano que havia sido elaborado com cuidado por mais de 20 anos teria ido por água abaixo, porque ela traria o inferno à terra para vinga-lo.

Ela encarava seu povo com uma expressão fria, sabia que muitos não concordavam com as decisões de seu pai, mas não tinham nenhuma outra opção além de obedecer. A maioria não tinha culpa, mas não conseguia conter sua ira, não é como se ela estivesse muito racional no momento.

Havia abaixado as mãos e as mesmas estavam com os punhos cerrados, sentia sua carne tremer e tentava disfarçar seu próprio desconforto. Raiva, ira e medo.

Eram os sentimentos que se digladiavam em seu interior, tinha consciência que seus olhos ainda reluziam, seu poder ondulava ao redor de seu corpo, impedindo qualquer aproximação.

— A deusa da lua realmente a tem como favorita, mon petit. — A voz suave de Mark soou.

Ao encarar o ruivo a expressão dura da jovem suavizou, parecia que séculos haviam se passado desde que se viram pela última vez. Bom, aquela vez na borda floresta não contava, estava desesperada para proteger Sebastian e mal havia conseguido falar com seus irmãos. Pela lua, como ela sentiu falta deles.

Mark se aproximou com passos cautelosos e ao chegar perto o suficiente, o rosto dele se contorceu um pouco. Porém, ele não interrompeu seus passos e continuou a avançar na direção dela, não demorou mais do que alguns segundos para os braços dele se fecharem ao redor de sua irmã e a puxou para dentro de seu abraço.

Um gemido baixo de dor vindo do ruivo despertou a consciência de Luna, ela o estava machucando. Rapidamente recolheu seu poder e soltou um suspiro frustrado, enquanto erguia seus braços e retribuía o abraço, pousando a cabeça no peito largo.

— Idiota, sabe que não deve se aproximar quando estou assim. — Resmungou irritada.

— Se eu não fizesse isso, como faria você parar? — A voz que soava acima de sua cabeça era suave e descontraída.

Sentiu os dedos dele se enterrarem em meio ao topo de sua cabeça e o início de um pequeno afago. Luna fechou os olhos e permitiu-se descansar ali por alguns segundos, era como se toda a tensão que havia acumulado desde que viera para Borthen desaparecesse.

Era sempre assim quando Mark e Bruce estavam por perto, sempre a acalmavam e a faziam com que se sentisse segura, não importava o problema, eles resolveriam juntos.

— Senti sua falta, pirralha. — Ele sussurrou e depositou um beijo na testa da jovem.

— Eu também senti, grandão. — Ela se afastou o suficiente somente para fita-lo.

Os olhos haviam voltado ao seu tom de azulado normal e um sorriso suave se estendiam pelos lábios pintados de vermelho. Eles se afastaram quebrando o abraço, mas continuaram se fitando com carinho. Luna ergueu sua mão para afastar uma mecha ruiva, mas parou sua mão no ar ao vê-la manchada com uma boa quantidade de sangue.

Luna fez uma careta para a situação, até havia esquecido que ambas de suas mãos estavam repletas de sangue. Olhou para o corpo sem vida de Owen e sentiu pena e frustração diante daquela situação

— Capitão Fletcher? Onde é o banheiro? — Perguntou sem olhar para trás.

Não queria olhar para Sebastian naquele momento, além de ainda estar irritada com a teimosia dele, não queria ver o medo ou desprezo em seus olhos. Afinal, havia acabado de cometer assassinato a sangue frio na frente dele e sabia que o jovem era gentil demais para toda aquela situação.