Capítulo 30 - Sofrimentos.

86 23 30
                                    

Sebastian sabia que ele havia pedido a verdade a ela, mas não imaginava o tamanho da mentira e o quanto aquela verdade seria dolorosa. Durante todos aqueles meses ele havia sido enganado pela pessoa que ele amava. Na mente dele, ela no máximo ia confessar que havia se juntado a resistência em algum momento e não que ela era uma Deverpolt e estava ali em busca de vingança.

Quando Luna parou de falar por alguns segundos, lentamente Sebastian soltou as mãos delas, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e deixou os próprios dedos se enfiarem entre os próprios cabelos, parecia demais para absorver.

Ele só queria sair dali e não tinha coragem de olhar para ela depois de tantas mentiras, tanta manipulação. Ele prometeu que a escutaria até o final e era isso que pretendia fazer, mas depois não podia prometer nada, porque naquele momento ele estava perdido sem saber o que fazer ou o que pensar. O silêncio se manteve por alguns segundos até ela começar a falar novamente.

— O plano era simples se passar pela outra garota, expor Travis e Albert para os habitantes de Borthen. Descobrir quem fez parte do plano dele para nos expulsar da cidade e quem merecia ser julgado e condenado junto com eles. Não levei mais que alguns dias para saber que você, Luce e até mesmo Amélia não mereciam pagarem pelos erros dele. — Ela soltou um longo suspiro. — Mas eu precisava de mais informações, precisava descobrir algumas coisas sobre Travis para prejudicá-lo. E eu decidi fazer meu próprio plano, usar meus próprios métodos. Ficar na minha somente recolhendo informações e plantando algumas coisas, demoraria muito tempo.

— Então eu vi no Bernard uma oportunidade para descobrir alguns podres mais facilmente, comecei a dar corda para as investidas dele. Isso foi logo na primeira semana, tudo que eu queria era voltar para casa e acabar com isso e eu achei que se eu fizesse o que eu tinha que fazer, voltaria para casa mais rápido, como eu fui tola. — Uma risada seca escapou entre os lábios dela.

Luna se colocou de pé e caminhou até as portas da sacada. Sebastian a olhou por cima de seus ombros. Ela estava de costas para ele abraçando o próprio corpo, algo dentro dele dizia que as coisas só ficariam piores daquele momento em diante.

— Ele me deu várias informações sobre a rotina dos guardas, sobre alguns negócios ilícitos que Travis estava fazendo. Sobre o dinheiro do nível 4 que ele estava desviando e eu repassei tudo para a resistência e para o meu pai. Mas eu paguei um preço alto demais para conseguir essas informações e naquela noite outra parte minha se perdeu. — Ela tentou conter um soluço que escava de seus lábios, mas foi inútil e Sebastian o ouviu. — Depois daquela noite eu tive nojo dele e principalmente nojo de mim, meu pai me disse para nunca fazer algo desse tipo, para usar outros métodos mesmo que fossem mais demorados, mas eu só queria acabar com tudo isso.

Ele podia ouvir o choro baixo que vinha de Luna. Sebastian apertava as próprias mãos com força e com raiva, ele não queria acreditar no que estava ouvindo. Não queria acreditar que ela havia sido capaz de se deitar com Bernard por informações, mas era isso que ele tinha entendido. Ela voltou a falar com a voz embargada e tentando controlar o choro.

— Quando eu voltei para o meu quarto eu acho que quase arranquei a minha própria pele de tanto que me esfreguei, queria apagar aquilo de mim, apagar o que eu tinha feito. Mas não era possível. Nunca contei ao meu pai como consegui aquelas informações, acho que ele ficaria furioso, porque isso foi uma coisa que ele nunca admitiu que entrasse para o plano. Queria que eu fosse melhor que isso, no final, não sou tão boa assim. — Disse Luna soltando uma risada amarga.

— Você transou com Bernard para conseguir informações? — Questionou Sebastian em um tom frio.

Aquelas palavras queimaram em sua boca a cada letra, a raiva que ele sentia naquele momento era maior que tudo. Mas eles não estavam juntos ele não podia exigir nada dela, apesar de toda a mentira. O ciúme o consumia por dentro, pensar que Bernard a tocou embrulhava seu estômago e lhe dava ainda mais vontade de socar a cara dele.

Utópico. - Duologia Deverpolt.Where stories live. Discover now