Capítulo 34 - Fonte Carmesim.

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Para a maioria das pessoas era só mais um dia na cidade, para alguns soldados, era só mais um dia de patrulha. Mas Arthur olhava tudo atentamente conforme caminhava pelas ruas de Borthen durante sua ronda. Havia decidido fazer aquilo pessoalmente, logo depois de Ethan avisar que a invasão seria no dia seguinte.

Um de seus homens começou a se aproximar dele rápido demais e aquilo atraiu a sua atenção. Carter não deveria estar ali, a escala o colocava diretamente na porta da delegacia, então algo havia acontecido. Não demorou muito para estarem um a frente do outro.

— Capitão! — Exclamou o homem enquanto prestava continência.

— O que aconteceu? Não desperdice palavras e vá direto ao ponto. — Fletcher não queria perder tempo com enrolações.

— Recebemos uma pasta com muitos documentos, agora mesmo está sendo analisada a autenticidade do mesmo. Capitão, com isso poderemos prender vários dos corruptos e isso inclui o prefeito! — Disse Carte com um sorriso em seus lábios.

Fletcher ergueu a sobrancelha e deixou um sorriso se formar em seus lábios. Todos da polícia e da guarda que não haviam sido comprados, aguardavam ansiosamente a queda do prefeito. Aguardavam que a justiça fosse feita a muito tempo e mal podiam acreditar que a justiça finalmente prevaleceria.

— E do que precisamos para prendê-los? — Questionou o Capitão olhando ao redor e começando a perceber uma movimentação estranha.

— Determinar a autenticidade da documentação e a assinatura de um juiz que não esteja na lista de pagamento. - Resmungou o soldado fazendo uma careta.

-— Dos que estão na cidade nesse momento, quais deles estão limpos? - Perguntou o capitão soltando um suspiro.

— Esse é o problema, muitos juízes foram viajar e dos quatro que estão limpos, nenhum está na cidade. Mas o Hottcher chega amanhã, pelo que consegui descobrir no gabinete dele. — Resmungou o homem.

Arthur olhou ao redor em silêncio e percebeu que algo estava acontecendo perto da fonte na praça central. Sinalizou para Carter e começaram a caminhar naquela direção, uma pequena multidão começava a se formar ao redor, muitos murmúrios e cochichos eram ouvidos pelos dois. Não demorou muito para que Arthur pudesse ver Albert parado dentro da fonte.

Ele parecia ter envelhecido muito em poucas semanas e aquilo sim era um pouco assustador. Os cabelos negros característicos dos Deverpolt estavam maiores e emaranhados, em seu rosto olheiras profundas se instalaram abaixo dos olhos. Assim como uma barba bagunçada que com certeza não conversava com uma gilete há algum tempo. Estava mais magro e com roupas amassadas, aquilo havia chamado a atenção das pessoas não era atoa. Afinal, ele ainda era o Vice-Prefeito da cidade.

— Devem estar se perguntando o por que estou aqui não é? — Uma risada amarga escapou dos lábios de Albert.

O olhar do homem parecia totalmente perdido e Arthur teve certeza de que ele não estava em um estado mental confiável. Depois dessa constatação fez sinal para alguns de seus homens que observavam a cena, lentamente eles começaram a se aproximar da fonte com cautela.

— Ela disse que eu só encontraria a paz e o perdão quando confessasse os meus crimes. Eu realmente já não aguento mais isso, isso não é vida. — Ele não parecia estar falando aquilo para ninguém em especial.

Fletcher já estava a poucos metros da fonte e não demorou para o olhar de Albert encontrar o seu. O homem lhe deu um fraco sorriso repleto de tristeza e aquilo o deixou ainda mais confuso diante daquela situação.

— Quando Travis pediu para que eu traísse o meu povo, tudo que eu queria era poder e a mulher que eu amava. Achei que se eu tivesse poder ela me amaria, mas ela não era assim, ela era melhor que isso. E eu deixei que ele a matasse, ela não merecia isso. — Albert continuou falando parecendo perdido em suas memórias. — Eu ajudei Travis a armar contra os Deverpolt, foi tão fácil usar o medo e a ignorância de vocês. Ainda ficamos com boa parte da fortuna deles e boa parte dos impostos dos últimos anos.

Utópico. - Duologia Deverpolt.Where stories live. Discover now