#84

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Jade 

Eu estava tão desanimada ultimamente, uma saudade do meu pentelho... Malvadão? Nem rastro dele. Bom, e ruim, por causa do meu menino. 

As meninas me chamaram pra beber, mas nem quis, olha só a que ponto eu cheguei... Tô triste mesmo, gente, pra eu recusar bebida a coisa tá feia. 

Fiz uma pipoquinha, um brigadeiro e fui assistir um filminho. 

Meu celular tocou. Era um número que não estava salvo. 

Até estranhei, mas atendi... 

Jade: Alô? 

Nathan: Jabulane? - aquela vozinha invadiu meu ouvido e eu dei até um pulo. 

Jade: Nathan? Oi meu amor, que saudade!

Nathan: Você não disse que ia ser minha mãe? Por que você mentiu? 

Jade: Nathan... Eu não menti. - já tava como? Com a voz embreagada de choro. - Eu sou a sua mãe sim!

Nathan: Eu queria morar com você... Aqui é muito ruim. Você falou que não ia me abandonar e você fez igual a Joyce...

Jade: Ah, meu menino, eu não te abandonei... É que aconteceram algumas coisas... Onde você tá? 

Nathan: Na casa do meu pai, mas ele me deixa com a surucucu. 

Jade: Mariella? 

Nathan: É... Ela é muito ruim, uma bruxa... Ela me bate, sabia? Eu nem faço nada e ela briga e me bate. 

Jade: COMO QUE É? - já me levantei com o negócio encostado.

Nathan: É, mãe, mas não conta pro meu pai. Se você contar ela vai saber que eu falei e ela falou que se eu falar ela vai cortar meu pé e eu nunca mais vou poder jogar bola...

Voz de fundo: O sua peste, você tá falando com quem?... Me dá isso aqui... 

Jade: Nathan? 

Tu... Tu... Tu... 

A ligação foi encerrada. 

Ah, mas eu não quis nem saber. Só coloquei um chinelo e subi aquele morro a cima de pijama. No meu menino ela não encosta! 

Cheguei na frente da casa e os soldados estavam lá, uns bananas que não veem porra nenhuma. 

Kj: Qual foi, patroa, o patrão não liberou entrada de ninguém não, pô. 

Jade: Pois você fala pro seu PATRÃO - debochei – pra ele vir reclamar comigo! 

Entrei mesmo, eles não são nem loucos de me barrarem. 

Abri a porta da sala e tava Nathan sentado olhando pra parede fungando, e a ridícula sentada no sofá comendo um biscoito que provavelmente é do Nathan porque ele ama esses biscoitos de toddy. 

Jade: Nathan, vem. - falei serinha. Ela deu um pulo e me olhou como se tivesse pega no ato. 

Mariella: Ele não vai sair daqui. 

Jade: Ah, mas vai sim! Vem, Nathan! - ele levantou rapidinho pra vir, mas ela agarrou no cabelo dele. 

Nem pensei, num tempo só eu voei nela. 

Jade: Não encosta no meu filho, sua filha duma puta! - falei socando a cara dela com uma mão, enquanto segurava a cabelo dela com a outra. 

Ela me empurrou com um soco na barriga. Piranha! Mas eu não soltei, dei mais socos mais fortes, com uma força que eu nem sei de onde veio, enquanto xingava ela de todos os nomes que vinham na minha mente.

Só parei quando senti um cano gelado na minha barriga. 

Mariella: Me solta, se não eu te mato, sua vagabunda! - me afastei no empulso. 

Jade: Ah, vai? Não aguentou apanhar, né, sua mal amada? Caninana do inferno! 

Mariella: Cade a valentia, Jade? - falou ofegante tentando se recompor. 

Jade: Larga a arma que eu te mostro. - Nathan veio correndo me abraçar e agarrou nas minhas pernas. - Nathan, vai pra lá. 

Nathan: Não! - disse chorando. Eu tava com um ódio que não sabia explicar. 

Jade: Larga essa porra! - ela negou. 

Mariella: Eu vou te matar! - disse maníaca. 

Malvadão: Mas o que...? - ele nos olhou. - Que porra é essa, Mariella? Tá maluca? Me da essa porra! - pegou a arma dela a força da mão dela. - Qual foi, caralho? Apontar arma pro meu filho, filha da puta? - deu um pescoção nela e ela se encolheu e foi pro canto. Ele virou pra mim e olhou o Nathan agarrado nas minhas pernas. - E você, caralho, tá fazendo o que na minha casa? 

Jade: Eu vim pegar o meu filho! - disse firme. Ele riu pelo nariz. 

Malvadão: Coitada... 

Jade: Marcelo, olha pra minha cara e vê se eu estou brincando? - permaneci séria. - O Nathan me ligou pra falar que essa caninana estava batendo nele! - ele olhou pro canto que Mariella estava e ela nem lá estava mais. Saiu de fininho a rata. - Ele não vai ficar nem mais um segundo perto dessa garota e se você não me deixar ficar com ele, eu vou transformar sua vida num inferno que você nunca viveu! - apontei o dedo na cara dele enquanto olhava nos olhos dele. 

Ele ficou quieto me olhando, um olhar indecifrável. 

Malvadão: Leva, Jade... - disse por fim. 

Jade: Sério? - falei surpresa, mas logo me recompus. - quer dizer, acho bom. 

Malvadão: Mas eu vou ver o meu filho a hora que eu quiser. 

Jade: Pode pegar ela a hora que você quiser, porque na minha casa você não entra. 

Malvadão: Some da minha frente antes que eu te meta a porrada, sua filha da puta. - empinei o nariz e fui com o Nathan pra casa. 

...

Dei banho no Nathan, dei janta e ele ia dormir comigo na cama, claro que ia. Matar a saudade do meu bichinho. 

Jade: Nathan? 

Nathan: Oi

Jade: Eu te amo tanto que chega dói. 

Nathan: Credo! - não tem como não rir com esse garoto. - Mas por que dói? É ruim? 

Jade: Não... 

Nathan: Mas quando dói, é algo ruim

Jade: Tá, vou mudar... Te amo tanto que chega dá... 

Nathan: Fome? 

Jade: Não, garoto...

Nathan: Mas comer é bom!

Jade: Então eu te amo tanto que meu buchinho fica cheio. - ele soltou uma gargalhada. 

Nathan: E eu te amo igual eu amo bola, Jabulane! - sorri pra ele. Apertei ele todinho, ai que saudade! 

Ficamos grudadinhos pra dormir. 

Nathan: Mãezinha? - disse me fazendo despertar do meu quase sono. 

Jade: Oi. 

Nathan: Você promete não sumir mais? 

Jade: Prometo. - ele assentiu e adormeceu. E eu fiz o mesmo.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now