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Cheguei em casa, coloquei os frios na geladeira.

Abri as janelas, passei uma vassoura no chão. Subi, arrumei o  quarto.

Após, fui tomar banho que já estava dando 16h.

...

Passei hidratante, vesti um vestido soltinho, fiz um coque no cabelo e desci pra estender a toalha.

Fiquei no sala assistindo Discovery h&h até Matilda chegar.

Escutei me gritarem e levantei indo abrir a porta.

Estava Matilda e uma mulher, que ao me ver sorriu com, não só com a boca, mas com os olhos também, que estavam transbordando já.

Paralisei.

Não podia ser...

Vi poucas fotos dela, já que papai não me falava muito dela.

Jade: Mãe...? – minha voz saiu falhada.

Jaqueline: Minha pequena Jade! – caiu ao choro e veio me abraçar.

Eu estava sem reação... Engoli seco e a vontade de chorar veio junto. Ela me abraçava forte, como se não fosse me soltar novamente.

Aos poucos eu fui envolvendo meus braços em sua volta pra retribuir o abraço.

Abracei forte. Para compensar todos os abraços que não tinha dado em toda a minha vida.

Jade: Mas... Como...? – desfiz o abraço e a olhei.

Jaqueline: Fiquei sabendo por um conhecido do seu pai que ele tinha falecido. E eu só pensei em você, sozinha... – chorou. – Eu quis tanto vir atrás de você antes!

Jade: E por quê não veio?

Jaqueline: Toda vez que eu ligava e pedia pra falar com algum de vocês a Soraia atendia e falava que vocês não queriam. – fungou. – Resolvi dar um tempo de vocês, passei a ligar 1 vez ao mês, depois por ano... Até que resolvi os deixar em paz.

Jade: Essa tiriça da Soraia acabou com minha vida! – disse com raiva.

Jaqueline: Ela te maltratou?

Jade: Ela... Ela... Nós nunca nos demos bem. Ela vivia falando mal de você pra mim, fazia papai brigar comigo e quando papai morreu, ela me pôs pra fora de casa sem nada. Mas acho que papai sabia que o pior podia acontecer e conseguiu garantir que eu terminasse meu ensino médio e deixou um dinheiro na conta pra mim.

Jaqueline: E como você veio parar numa comunidade?

Jade: Conheci uma amiga aqui que me acolheu e hoje, a família dela, meio que virou a minha também. – sorri. – Vem! – a puxei pra sentar no sofá. Matilda fechou a porta.

Matilda: Vou fazer uma coisa pra vocês comerem.

Jade: Eu comprei algumas coisas na padaria. – ela assentiu e foi pra cozinha.

Jaqueline: Você tá uma mulher! – disse me olhando com orgulho.

Jade: Papai só me falou o real motivo de sua partida minutos antes de morrer.

Jaqueline: George foi um traíra... – disse com mágoa. – Eu não queria filhos, não queria casar, não queria essas coisas. Mas depois que o conheci, tudo mudou. Eu vi nele o homem que eu queria ter todas aquelas coisas clichês que eu dizia não querer. – sorriu fraco. – Quando eu vi ele na cama com Soraia, meu mundo caiu... Você era pequena, minúscula... Minha menina! Eu queria te levar, mas eu sabia que você não teria condições de te manter. Eu não te deixei porque não te amava. Eu te deixei porque eu te amo tanto que quis o melhor pra você, o melhor que eu não podia te dar. Mas assim que eu consegui me estruturar na França, eu fui atrás de você, só que Soraia fez o que fez.

Jade: Essa mulher é um egum mesmo, né? – disse com raiva. – E como encontrou o tal conhecido que te fez chegar a Matilda?

Jaqueline: Eu vim participar de uma exposição que vai ter no museu, e encontrei o Vasconcelos (um amigo de George) por acaso. Ele me disse o endereço e por sorte quem me atendeu foi Matilda.

Jade: Muita sorte! – sorri aberto e nos abraçamos de novo.

Jaqueline: E ai? Me conta de você... Pelo visto perdi muita coisa. – sorriu fraca.

Jade: Ah, eu terminei os estudos, tô terminando meu estágio do cursinho de estética...

Jaqueline: Tem namoradinho já?

Jade: É... Um namorido. – fiz careta e ela riu. 

Jaqueline: E cadê o seu namorido?

Jade: Ele tá trabalhando.

Jaqueline: E ele faz o que da vida?

Jade: É... – olhei pros lados. Como eu iria falar isso pra minha mãe? Fiz uma careta.

Jaqueline: Você mora com um bandido? – arregalou os olhos.

Jade: É que...

Jaqueline: Meu Deus, você...

Jade: Ele não é desse jeito que você tá pensando. – a interrompi. – Ele é irmão dessa minha amiga que me acolheu. Ele foi muito bom comigo, e a gente começou a se envolver... Foi se envolvendo e hoje estamos aqui. – disse sem graça. Ela ficou em silêncio parecendo processar aquilo.

Jaqueline: Ok. Cadê ele? Quero conhece-lo.

Jade: Ele saiu, mais tarde tá ai.

Jaqueline: Tudo bem... – ela resolveu mudar de assunto e eu agradeci mentalmente.

Ficamos a tarde toda batendo um papo, se conhecendo... Ela me falou da vida dela, disse que está planejando de vir pro Brasil agora que me encontrou. Já tá com a cabeça cheia de planos... E eu? Eu amei! Finalmente vou poder conviver com ela.

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now