#14

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Jade

Acordei com uma puta dor de cabeça. Fitei o teto por um momento e logo as lembranças vieram à tona me dando aquele choque de realidade. Respirei fundo. Merda! Por que você se foi, papai? O que vai ser de mim? Funguei e sequei as lágrimas que escorreram.

Levantei indo em direção ao banheiro, fiz minhas higienes e fiquei me encarando no espelho enquanto lava minhas mãos.

A porta foi aberta e eu levei um susto. Era o Malvadão. Respirei aliviada.

Malvadão: Foi mal.

Jade: Já terminei. – desliguei a torneira e sequei minhas mãos.

Malvadão estava parado me encarando, estava até me incomodando.

Sai de lá deixando o banheiro livre pra ele.

Voltei até o quarto e fiquei encarando o nada até adormecer de novo.

Uma semana depois...

Eu nunca pensei que minha vida daria essa reviravolta toda. De um condomínio luxuoso, cá estou eu, morando de favor numa comunidade. Não tô descriminando, tô só incrédula com as voltas que o mundo dá. Inclusive, agradeço muito a Lore, e de certa forma o Malvadão, que se ele não permitisse, eu não estaria aqui.

As meninas estão fazendo de tudo pra me animar, mas eu estou sem ânimo nenhum pra viver. Só queria dormir, dormir, dormir... Pra quando acordar, isso tudo ser um sonho.

Eu precisava me reerguer. E ia começar indo atrás de um emprego.

Tudo meu tinha ficado naquela casa, só consegui os meus documentos que Nanda foi lá buscar pra mim. Isso já era o suficiente pra recomeçar.

Vesti uma calça midi preta, um cropped estampado e calcei uma rasteirinha trançada. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo, peguei uma bolsa e coloquei alguns documentos. Eu iria ao banco ver quanto eu tinha na conta, transferir minha matricula pra uma escola pública, já que não teria condições de pagar a mensalidade da minha.

Me olhei no espelho e minha aparência estava aceitável. Eu estava sem cor, só vivia dentro do quarto. Hoje que tô saindo. Toda vez que eu pensava em fazer uma besteira com minha própria vida, eu me lembrava de papai dizendo que eu deveria ser feliz.

Passei um gloss, rímel e blush para parecer está saudável. Me perfumei e coloquei um óculos de sol no rosto. Lá fora tava no pique Bangu, um sol pra cada um.

Eu estava usando tudo da Lore, já que eu não tinha mais nada.

Peguei meu celular, coloquei dentro da bolsa e desci.

Eram nove e pouca da manhã, as meninas estavam na escola uma hora dessas. Peguei uma fruta na cozinha e sai de casa.

Cortei pelos becos pra chegar mais rápido na escadaria. Acabei passando em frente a boca. Escutei um assovio e olhei em direção, era o Malvadão. Ele estava sem camisa, segurando um fuzil, com uma pistola na cintura, cordão de ouro que chegava doer o olho por causa do reflexo do sol.

Caminhei até ele.

Malvadão: Vai pra onde? – revirei os olhos. Vontade de dizer que não era da conta dele, mas agora tenho que dar satisfação, né...

Jade: Vou no banco resolver umas coisas da escola e ver um emprego.

Malvadão: Tá te faltando alguma coisa? – neguei. – Então pronto, quer trabalhar por quê? 

Coração sem vergonha.Where stories live. Discover now