Problemas

1.7K 158 1K
                                    

– Que pouca sorte, logo hoje que decidi vir acompanhar-vos no metro, o Eren não aparece. – Comentou Carolina. – Está a trabalhar?

– Deve vir às aulas, quando a Annie conseguir boleia com o Bertholdt ou o Reiner. – Respondeu Mikasa sem tirar os olhos do telemóvel, pois estava a trocar algumas mensagens.

– Está com a Annie? – Perguntou Carolina curiosa.

– Sim, tiveram ensaio ontem e ele decidiu passar lá a noite. – Respondeu Armin, bocejando.

Bastaram essas palavras para anular toda a sessão de "terapia" que tinha tido com a Hanji a noite passada. Ela que o seguiu até casa, ainda que tenha feito de quase tudo para a dispensar. Levi repetiu inúmeras vezes que queria estar sozinho e não queria conversar. Também tentou ignorá-la e no entanto, quando deu por si, estava sentado no sofá da sala com a amiga do lado a tocar no ombro dele com o dedo indicador.

Insistiu sem parar que contasse a razão por detrás de todo aquele mau humor e foi mais forte do que ele. Habitualmente guardaria aquelas coisas a sete chaves, mas Hanji continuava a ser a única com quem podia falar daquelas coisas.

Flashback

Juro que não estou a perceber. Quando vos deixei no gabinete, parecia tudo ótimo a julgar pelos sons que ouvi.

– Ficaste atrás da porta durante quanto tempo? – Perguntou Levi.

– Não sei ao certo.

– Acho que também não quero saber. – Respondeu o outro, ligando a televisão e tentando distrair-se com algum programa.

– Vá lá, Levi... conta-me o que aconteceu.

– Não vou dar detalhes acerca de...

– Não me refiro ao sexo, embora isso também fosse interessante. – Admitiu Hanji. – Refiro-me à razão para estares tristinho.

– Não estou triste. – Negou.

– Levi... – Falou e tirou o comando da mão do outro, desligando o ecrã e aguardou alguns momentos em silêncio. O facto de o amigo não estar a dar qualquer tipo de resposta, indicava que estava a pesar os prós e contras de dizer o que tinha acontecido.

– Hanji, gostas de tudo no Irvin? No sentido em que se estás apaixonada por ele, se não vês qualquer defeito nele.

A amiga ficou espantada com a questão, mas não tardou em responder.

– Não.

Desta vez, a perplexidade e alguma curiosidade vieram de olhos de tom acinzentado que recaíram sobre ela.

– Não? Como assim não?

– Ora, a ideia de que o amor é cego é um cliché falso. – Disse, tocando na ponta do nariz do amigo com o dedo indicador, fazendo com que ele se afastasse um pouco. – Amar outra pessoa não é só ver as qualidades do outro, é ver também os defeitos e ainda assim, querer ficar ao lado dessa pessoa especial, aceitando-a tal como é. Com todas as suas qualidades e defeitos.

– Se o Irvin te dissesse que... vê coisas em ti que não gosta...

– Se tentaria mudar? – Perguntou. – Depende. Se for algo ligado ao meu desleixamento com as roupas espalhadas pelo chão, talvez, mas se fosse um traço da minha personalidade, um aspeto meu que ele quisesse apagar, penso que os dois sabemos a resposta essa pergunta. Prometi que não mudaria, lembras-te?

Levi sorriu ligeiramente.

– Não há forma de esquecer, já que é por causa disso que continuas a ser totalmente imprevisível até hoje.

Destinos EntrelaçadosWhere stories live. Discover now