A família Jaeger

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Quando chegou a casa na noite anterior, todos já dormiam e por isso, não teve que lidar com perguntas. Na manhã seguinte, limitou-se a dizer que perdeu a noção do tempo enquanto preparava as aulas e um artigo que estava a pensar publicar dentro de algum tempo.

Isso levou a várias perguntas de Armin que ouvia fascinado alguns fatos exclusivos sobre a publicação que pretendia fazer e por isso, mais uma vez, Eren apenas pôde escutar em silêncio, como mais uma vez perdia a oportunidade de falar e estar com o professor.

"Desde daquela noite, evita-me a todo o custo", puxou um pouco mais o cobertor contra o próprio corpo. De cada lado, tinha Mikasa que via atentamente um filme de ação que passava na televisão e Catherine que acabava de cortar alguns pedaços de fruta dentro de uma taça. "O Armin diz que é impossível que o Levi não sinta o mesmo que sinto por ele, mas então... por que razão me trata desta forma tão distante? Será que não sabe o quanto me magoa cada vez que desvia o olhar ou fazer de conta que não me ouviu chamar por ele? Será que fui longe de mais naquele dia e é por isso que está assim?"

O adolescente começava inclusive a sentir um pouco de inveja de Armin com quem Levi conversava sem qualquer problema ou hesitação. Os dois estavam bastante envolvidos numa conversação em que ocasionalmente citavam autores que Eren nem sabia que existiam e quando começaram a falar de terminologia linguística, perdeu-se completamente.

– Estás triste, mon ange? – Perguntou Catherine, oferecendo a pequena taça com pedaços de fruta ao adolescente que então, sorriu e disse:

– Apenas aborrecido de estar sempre em casa. – Mentiu ligeiramente.

Não era totalmente mentira. Essa era outra razão para estar a deprimir-se, mas a principal prendia-se sem dúvida ao comportamento distante de Levi.

– Hoje vais ficar em casa connosco, mon cher? – Perguntou Catherine.

– Não, na verdade... – Olhou para o relógio que tinha no pulso. – Tenho um compromisso agora à tarde. A Hanji precisa de... bem, coisas da escola. Não te quero aborrecer com esses assuntos.

– Esta semana descansaste muito pouco. – Apontou a mãe com um ar preocupado. – Tens a certeza que não devias usar estes dois dias para descansar? Já ontem estiveste bastante dedicado ao trabalho.

Eren quis que os argumentos da mulher de cabelos negros convencessem o filho a ficar em casa, mas este frisou novamente a necessidade de sair. Nem ao menos confirmou que estaria presente para jantar, dizendo que não sabia quanto tempo iria demorar. Acrescentou apenas que ainda assim, caso fosse necessário, poderia ligar pois ele viria para casa o quanto antes.

– O que aconteceu naquele dia em que ficaram aqui sozinhos? – Perguntou Mikasa baixinho ao irmão que suspirou pesadamente.

– Acho que prefiro não falar do assunto. – Respondeu no mesmo tom.

– Discutiram? – Insistiu. – Ele não pára em casa e está claramente a evitar-te.

Eren deixou escapar outro suspiro e remeteu-se ao silêncio. Levou mais um dos morangos à boca e viu com tristeza quando Levi pegou nas chaves do carro e saiu, dizendo um "até logo" sem sequer olhar para trás.

Outro suspiro triste teria escapado, se não tivesse sentido dois dedos sobre a sua cintura num ponto em que sentia cócegas e quase saltou no sofá.

– Essa carinha triste não te favorece. – Falou Catherine e pressionou os dedos contra a cintura do adolescente que acabou por rir, enquanto tentava escapar das cócegas.

Destinos EntrelaçadosWhere stories live. Discover now