Virei para frente e prestei atenção no professor que começou a explicar as diferenças entre o cinema e o teatro. Anotei o que eu considerava importante.

Aqui a gente tem aulas práticas e aulas teóricas, geralmente elas vão variando um dia inteiro de aulas práticas e o outro inteiro de aulas teóricas. As aulas teóricas até que davam para suportar, depois das dez da manhã e praticamente quando está dando a hora do almoço porque depois disso estamos livres, mas hoje especialmente tava interessante. Até os professores que eu não suportava estavam conseguindo atrair a minha atenção, no momento ninguém consegue ser mais insuportável que Lena e Max que toda hora jogavam piadinha e davam risadinhas.

Quando as aulas terminaram definitivamente fui ligar para a minha família pelo Skype, eu sempre fazia isso por causa da diferença de horário, aqui ia dar meio dia e no Brasil ia dar três horas da tarde, horário acessível para todos.

Quem atendeu foi o meu irmão, Alexandre.

-Kayra, e aí me conta as novidades. - Dei um sorriso de lado porque as únicas coisas que eu tenho para contar, são as que eu não posso. Se minha família descobrir que eu estou dando um jeito de morar aqui, surtam de vez e se minha mãe descobrir sobre o Shawn ela surta mais ainda achando que eu já dei para ele ou algo do tipo.

-Tenho novidade nenhuma, já conheci vários lugares e vocês sabem disso porque eu já contei. No momento, estou focada mais nas aulas e no trabalho. - Dei de ombros desembaraçando meu cabelo.

-Duvido muito. - Escutei a voz da minha mãe e suspirei.

-Oi, mãe. - Ela apareceu na tela do notebook ao lado do meu irmão e eu deu um sorriso murcho. - Como vocês estão?

-Estamos bem, mas até parece que você se preocupa com a gente. - Revirei os olhos, e meu irmão deu um jeito de se despedir e sair do lado dela.

-É claro que eu me preocupo!

-Você não faz questão de falar comigo e eu sou a sua mãe!

-Eu ligo todos os dias e na maioria das vezes você diz para o meus irmãos dizer que você não está! - Toda vez é a mesma coisa, ela se faz de coitadinha sendo que quem tinha que ser a vítima sou eu. - Eu to tentando viver minha vida, você não poderia ficar feliz por mim?!

-Claro, vivendo sua vida longe da sua família, assim ninguém fica vendo as merdas que você faz né?!

-Eu nunca fui de fazer merda. Você que sempre viu algo que não existia, não importa o que acontecesse eu sempre fui mal vista por você e só por você. - Minha mãe sempre viu o pior que nunca existiu, mas o engraçado é que só ela via. As pessoas diziam que ela tinha sorte por ter um filha calma como eu que quase não saía de casa, não bebia todos os finais de semana e não aparecia com um namorado diferente a cada semana, ela concordava e tudo, mas chegava em casa dizia que eu era tudo de ruim e que ela nem queria que eu tivesse nascido. Uma relação de mãe e filha bem tóxica, mas sempre que ela precisava era eu quem estava lá para carregar os meus problemas e a metade dos dela.

-Eu espero que você esteja focando nos seus estudos mesmo e que não me apareça grávida sem saber quem é o pai, porque eu sei muito bem que você fica saindo com esses seus amigos todos os finais de semana.

-Tá bom, mãe.

-Ah, e não vem pra cá doente não, porque eu não vou cuidar de ninguém. Já tenho seus irmãos que são menores e precisam de mim mais do que você.

-Nunca precisei da senhora, sempre me virei muito bem sozinha. - Senti meus olhos queimar e as lágrimas quererem descer, ela conseguia sugar todos e qualquer vestígio de felicidade de mim. - Já que eu sei que estão todos bem, eu preciso ir.

Destiny - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora