C A P Í T U L O - 02

3.3K 243 145
                                    


Terminei de colocar toda a documentação necessária em minha pasta e fechei os últimos botões do meu terninho branco, passando as mãos em meu cabelo para garantir que estavam devidamente presos no coque eu tinha feito, o que não combinava muito com a minha maquiagem, mas isso não importava naquele momento.

Peguei minha maleta e dei uma última olhada na cama vendo Carly completamente espalhada ali, ela até mesmo roncava alto. Sai do quarto sem ao menos me despedir - ela odiava ser interrompida em seus sonhos e eu respeitava isso para evitar briga -, saindo o mais rapido do meu apartamento para não me atrasar.

Jesy tinha conseguido reabrir o caso e tinha pedido uma nova investigação e um pedido de buscas para tentar achar os outros envolvidos, apesar de Jade não querer dizer quem eram os outros envolvidos. Era evidente que Jade estava com medo de falar, mas eu iria conseguir fazê-la me contar tudo e as buscas iriam começar.

O caminho até a penitenciária feminina foi longo e um pouco cansativo, e quanto mais perto eu chegava mais eu ficava nervosa, as mãos trêmulas e o coração acelerado demais, e eu nem se quer sabia bem o motivo disso tudo, talvez fosse só a vontade de ajuda-la. Era sempre assim, minha sede de justiça ficava cada vez maior.

Estacionei meu carro e logo entrei, passei por uma rápida revista e logo me liberaram para uma sala pequena e mal iluminada, com uma mesa de metal e apenas duas cadeiras. Me sentei e pousei minha maleta sobre a mesa, esperando anciosa que minha cliente chegasse. Ouvi a porta abrir e logo Jade entrou.

Pode ter sido errado da minha parte pensar isso, mas Jade é linda, apesar da expressão de tristeza evidente em seu rosto. Com bastante lerdeza, ela puxou sua cadeira e se sentou permitindo que seu olhar cansado caísse sobre mim e eu sorri, - minimamente -, para reconforta-la e passar segurança, mas ela continuou com seu olhar triste e indiferente.

- Como você está? - perguntei, e ela se encostou na cadeira, revirando os olhos.

- Como pareço estar? - devolveu a pergunta e eu torci os lábios, ela realmente parecia mal.

- Desculpe pela pergunta tosca. - pigarriei. - Sou Perrie Edwards, sua advogada.

- Eu achei que ninguém nunca iria tentar, os advogado que consultei não pareceram querer lutar pela minha inocência. - disse e pude ver as lágrimas em seus olhos. - Juro que não fiz nada.

- Acredito em você, Jade. A investigação foi muito mal feita, você não cooperou. - suspirei e Jade desviou o olhar. - Me diga, quem foi que estava lá com você?

- Você não entende. - balançou a cabeça e as lagrimas escorreram. - Se eu contar ele me mata, você não sabe do que ele é capaz.

- Então diga pra mim. - naquele momento meu coração apertou, e eu pude ver a dor em seus olhos. - Do que ele é capaz?

Jade se pôs de pé e caminhou até mim parando em minha frente. Sua respiração estava irregular e ela tremia. Ela levou as mãos até a barra do uniforme laranja levantando um pouco me mostrando uma cicatriz um tanto quanto grande em sua barriga. Meu queixo caiu. Aquilo era realmente pior do que eu imaginava.

- Isso ele fez só por que eu disse que não iria fazer o jantar pra ele e os amigos. - Jade disse e eu notei sua voz tremilicar. - Não gosto de me fazer de vítima, mas ele não presta, ele me agredia por motivos fúteis, imagina o que vai fazer quando descobrir que eu o delatei?

- Ele te machucou mais alguma vez? - perguntei, e Jade assentiu. - Onde?

Jade abaixou a blusa e me mostrou uma cicatriz pequena em seu braço, era um corte que parecida ter sido mais profundo, ela depois se virou de costas e me mostrou algumas marcas roxas - porém fracas, quase curadas -, em sua costela. A dor estava evidente em seus olhos o medo e toda a mágoa. Eu não podia imaginar o quanto ela tinha sofrido.

- Você o denunciou? - perguntei e ela soltou uma risada amarga. Era claro que não. - Por que ele fez isso com você?

- Por que eu disse não, contestei algumas coisas, ou simplesmente o respondi mais do que deveria. - Jade respondeu voltando ao seu lugar. - Comessei a namorar com ele ainda nova, até o momento que fui embora ele não tinha colocado a mão em mim, depois as coisas mudaram.

- Ele era o único, o único que estava lá no dia? - Jade se manteve em silêncio.

Respirei fundo pensando em jeito de fazer Jade mudar de idéia, mas ela estava com muito medo, e eu já não fazia ideia de como reverter aquilo.

- Por favor, você precisa me contar pra eu te ajudar. - insisti.

- Vocês vão me proteger? Garantir que ele e seus amigos não vão fazer nada contra mim? - Jade perguntou arqueando uma sombrancelha.

- Sim, eu garanto. - afirmei pensando na próxima coisa iria pedir para Jesy.

Jade ainda parecia um pouco incerto sobre dizer ou não alguma coisa pra mim, mas ela parecia ter entendido que para que eu pudesse ajuda-la ela teria que me dizer tudo o que aconteceu na noite que foi presa.

- Me conta tudo o que aconteceu na noite em que foi presa, e até onde você sabe. - disse e Jade assentiu.

Ela se inclinou um pouco sobre a mesa entrelaçando os dedos olhando para as próprias mãos, evitando olhar para mim.

- Eram quatro além do Cooper, meu ex namorado, Josh, Allan, Fred e Jasper. Eles ficavam o tempo todo no apartamento, vendiam drogas, alguém bem maior estava por cima de tudo, eles só faziam o serviço, e isso é tudo o que eu sei, parece pouco mas é o suficiente para que minha vida esteja em risco. - Jade parou de contar a história por um tempo e em um gesto solidário e eu coloquei minha mão sobre a dela apertando levemente.

- Pode continuar, Jade. - pedi.

- O prédio aonde morávamos, muitas pessoas iam procurar por eles lá, mas tinha um lugar que íamos as vezes, a fazenda dos pais do Cooper, o lugar está praticamente abandonado, mas eles usam como deposito ou coisa assim. - Jade estava realmente apreensiva por me contar aquilo.

- Vou dar o meu máximo para que você tenha a sua liberdade de volta. Eu prometo. - disse e pela primeira vez Jade sorriu verdadeiramente com um pouco de esperança.












only you • concluídoWhere stories live. Discover now