Capítulo 24

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- Está chegando? - Carlos perguntou pela terceira vez.

- Por que você veio mesmo? - Eu perguntei irritado.

- A Alice estava preocupada. - Klaus explicou com seu sorriso de babaca.

- Vocês são dois idiotas! - Carlos respondeu ranzinza.

A trilha que me levava até Katharine era no mínimo... Longa. A começar pelo fato do lugar e um bom perímetro ao seu redor ser protegido por um tipo de barreira mágica que impedia o uso de qualquer magia. Katharine foi quem tomou as medidas para que isso acontecesse. Ela era de longe o ser mais forte que eu conhecia. Depois de meia hora de jipe, até a pequena lagoa onde realizei o primeiro ritual, era uma caminhada de duas horas correnteza acima.

- Ótimo! - Carlos gritou - Agora você dizer que temos que escalar essa montanha?

- É exatamente o que faremos. - Eu dei de ombros - Pelo menos, até uma caverna cinco metros acima de nós... Lá tem uma trilha que vai nos levar até o santuário.

- Quem é essa Katharine? - Ele perguntou irritado - E porque temos que fazer tudo isso sem magia nenhuma.

- Klaus, eu desisto de explicar a mesma coisa pela milésima vez. - Eu disse irritado, tirando de dentro da mochila os equipamentos para escalar.

- É neve no topo daquela montanha? - Ele perguntou sem acreditar.

- É sim. - Klaus disse como quem parecia achar tudo aquilo muito divertido. - E bom, eu também não sei quem é ela...

- E aquela maldita queda d'água... - Ele reclamou - As pedras próximas vão estar escorregadias!

- É o que tem pra hoje! - Eu disse irritado - Está com medo, pode voltar!

- Eu não estou com medo! - Ele respondeu emburrado.

A escalada levou mais três horas. Como estávamos praticamente ao lado de uma enorme cachoeira, todas as pedras estavam bem escorregadias. Mas na regra do "devagar e sempre", conseguimos chegar à caverna.

- E agora? - Klaus perguntou.

- A gente entra e sobe a trilha. - Eu disse jogando uma lanterna pra ele.

- Sem magia, ainda? - Ele perguntou ofegante.

- Sem magia. - Eu disse entregando outra lanterna ao Carlos.

- Quantas horas de caminhada? - Carlos quis saber.

- Uma hora, subindo... - Eu avisei.

Entramos na pequena caverna escura. Depois de cinco minutos andando, alcançamos uma parte ampla da caverna, que possuía uma subida em espiral, sustentada apenas pela "parede" interna da montanha. Acabamos levando o dobro do tempo previsto, uma vez que Klaus e Carlos, sem magia e fazendo o caminho pela primeira vez, se deslocavam muito devagar. Conforme subíamos a temperatura caia, contudo alcançamos o topo, e ao alcança-lo conseguimos acessar o santuário.

A entrada era no chão, de modo que não havia outra entrada para o lugar. O santuário oval, feito com pesadas pedras iguais as dos antigos templos gregos, tinha seu chão todo em mármore de Carrara. As paredes não eram muito altas, contudo o lugar era maior do que seu exterior aparentava. Possuía um grande portal que dava para o nada, e algumas janelas sem qualquer vidro, fazendo com que o vento constante e gelado corresse por ali. O lugar era repleto de estantes, com a coleção de livros da minha família, onde estavam escondidos segredos e feitiços tão antigos, que mesmo eu desconhecia. No centro do santuário estava uma pira de fogo, e o estalar das chamas era o único barulho do lugar, ali até mesmo o vento era silencioso. O lugar não tinha luz além da produzida pelo fogo e da que alcançava seu interior pelas janelas e portal. De frente ao fogo e de costas para nós, estava uma pequena criatura, coberta por uma túnica negra. Ela parecia corcunda e se mantinha silenciosa, embora o interior de sua túnica parecesse emanar luz.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Where stories live. Discover now