Capítulo 4

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Eu ainda não era capaz de acreditar que tinha decidido, por mim mesmo, ir atrás do Mateus. Eu estava parado em frente à porta de seu apartamento quando me dei conta de que não fazia o menor sentido eu ter decidido ir ali. Era verdade que Mateus era muito bonito e irresistivelmente sexy, mas a maioria dos caras com quem eu transava eram assim. Talvez fosse o fator magia e a curiosidade que isso despertava em mim... Talvez fosse minha intuição gritando que ele seria importante.

Continuei absorto em meus pensamentos por mais alguns minutos antes de finalmente decidir bater na porta. Levou algum tempo até que houvesse sinal de vida no apartamento e quando finalmente ouvi a tranca se abrindo me endireitei e tentei parecer mais entediado e menos tenso do que realmente estava.

– Você! – Ele disse ao abrir a porta, claramente surpreso em me ver ali.

– Eu... – Tentei soar casual, sem saber exatamente o que deveria dizer.

– Eu não esperava ter ver aqui... – Ele continuou, parado como um dois de paus diante de mim.

– Não vai me convidar pra entrar? – Eu perguntei no meu típico mau humor.

– Claro! – Ele abriu passagem.

– Bom dia... Eu acho. – Disse entrando no apartamento enquanto a porta se fechava atrás de mim.

O lugar era no mínimo tenebroso. Não bastasse estarmos no subúrbio, o apartamento era pequeno e muito abafado. Completamente mal decorado, parecia não ter mais de dois cômodos. Se ele era um bruxo poderoso aquele era o melhor disfarce, porque nem em mil anos um bruxo precisaria se sujeitar aquela vida contra sua própria vontade.

– Eu passei na cafeteria a caminho daqui. – Eu disse enquanto analisava o ambiente. – Não sabia o que trazer, então te trouxe um cappuccino.

– Sem querer sem rude, mas... O que você está fazendo aqui!? – Ele perguntou após alguns segundos.

– Comece bebendo seu café. – Eu respondi mandão – Temos muito que conversar.

– Eu tenho que trabalhar. – Ele soava cansado.

– Você está mentindo. – Eu achei graça, notando que minha intuição estava intacta – E não tente mentir para mim de novo, eu sempre vou saber que você mentiu.

– Ótimo! – Ele respondeu irritado enquanto pegava um dos copos de café.

– Eu só quero conversar. – Eu tentei forçar alguma gentileza – O que de tão ruim tem nisso?

– O que tem nessa coisa?– Ele me perguntou com cara de nojo quando provou o café.

– Desculpa! – Eu achei graça, pegandoa o copo da mão dele e lhe entregando o outro – Esse deve ser o meu café... Gosto de por um pouco de vodka nele... Para começar bem o dia.

– O que você quer conversar? – Ele disse sério, indo direto ao assunto.

– Magia. – Eu respondi dando de ombros. – O que mais teríamos pra conversar?

– Você não veio me matar? – Ele parecia surpreso.

– Se eu tivesse vindo te matar você já estaria morto. – Eu disse sério – Eu quero saber qual sua resposta sobre ser ou não parte do nosso mundo.

– Você não acha que é muita coisa pra processar em tão pouco tempo? – Ele perguntou irritado.

– Não... – Eu dei de ombros – Eu nasci bruxo, lembra? E não acredito nisso de empatia.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang