Capítulo 6

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24 de Dezembro de 2011, Sábado.

Já era véspera de natal, faltavam poucas semanas para que embarcássemos para ilha. Eu tinha obrigado Mateus a sair do chiqueiro que ele chamava de casa e, até que eu encontrasse algo que eu considerasse aceitável para um amigo meu, Mateus ficaria comigo. Tinha ensinado a ele como se vestir e se portar melhor... Literalmente aulas de moda e etiqueta. Usando minha influencia, meu dinheiro e um pouco de mágica, tinha até arranjado um emprego descente pra ele. Mateus agora era modelo em tempo integral.

Eu comecei a treiná-lo e mostrar que o mundo ao redor dele estava sujeito ao que ele desejasse. Ele era inteligente, e aprendia rápido. Me sugava ao máximo e era dono de um potencial absurdo, ainda que fosse muito menor que o meu. Treinávamos todas as noites! Primeiro corríamos na praia, então fazíamos uma bateria de exercícios na academia e seguíamos para o treinamento mágico.

– Você melhorou muito. – Eu disse a Mateus, enquanto ele se jogava no meu sofá, sem se importar com o quão sujo e suado ele estava.

– Obrigado! – Ele respondeu sorrindo.

– Você melhorou sua concentração e já conseguiu entender o funcionamento de feitiços com a mente – Eu observei – E isso em menos três meses... Nada mal.

– Mas eu ainda não sou capaz de controlar feitiços falados. – Ele respondeu ranzinza.

– Mateus, cresce! – Eu respondi irritado – Feitiços falados são extremamente poderosos e muito mais difíceis de serem controlados. Se você não medir a força exata do feitiço, tudo pode dar errado!

– Eu sei, eu sei... – Ele se deu por vencido – É só que... Esquece, não importa. Eu vou tomar um banho.

– Ótimo! – Eu respondi – E permaneça no seu quarto até que eu diga que você pode sair.

– Por que mesmo, mamãe? – Ele perguntou irritado.

– Por que tenho visitas chegando. – Eu respondi sério – E não quero matar você em plena noite de natal.

– Quem está chegando? – Ele perguntou numa curiosidade quase infantil.

– Meu pai. – Eu respondi quando a porta se abriu – Você já pode sair, Mateus – Eu continuei lançando um olhar de aviso a ele.

– A cozinha está liberada? – Ele perguntou.

– Claro que está! – Meu pai respondeu amistoso – E sinta-se a vontade para circular pela casa. Só pedirei que não permaneça na sala, preciso conversar com meu filho em particular.

Mateus não se atreveu a desobedecer e a verdade é que nem eu me atreveria. Se existia alguém capaz de me por medo, meu pai sem dúvida alguma era essa pessoa. Principalmente se estivesse sorrindo... Algo na presença dele fazia qualquer um se sentir fraco e vulnerável. Em segundos eu e meu pai estávamos sozinhos na minha sala, minha intuição gritava que ele não trazia consigo boas noticias.

– O que você quer pai? – Perguntei irritado.

– Primeiro, me sentar – Ele disse após fechar a porta, enquanto adentrava em minha sala de estar – Não importa quantas vezes venha aqui, me encanto com a beleza do lugar. Você tem muito bom gosto, meu filho.

– Corta essa! – Eu respondi irritado – Suas visitas sempre têm um motivo, e eu sempre acabo odiando eles.

– Acho melhor você se sentar. – Ele sugeriu sorrindo – O que eu tenho a falar é importante.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Where stories live. Discover now