White Party

5 1 0
                                    


18 de Janeiro de 2012


Para aquele momento, não poderia ter havido festa melhor. As taças estavam cheias de champagne, enquanto pessoas vazias desfilavam em ternos de alta costura e longos vestidos exclusivos. Entre tanto branco, cinza e prata, usar um terno preto era um sinal de respeito, a forma que encontrei de demonstrar luto pela morte do meu pai.

– Mais uma taça? – Klaus perguntou se aproximando de mim com duas taças nas mãos.

– Você não precisa checar como estou a cada cinco minutos. – Eu disse com uma careta.

– O que você está olhando? – Ele perguntou me vendo encarar o nada através da janela.

– Nada. – Eu fui sincero.

– Tem certeza que não quer fazer um brinde, ou dizer algumas palavras, nada? – Ele perguntou pelo que pareceu a bilionésima vez.

– Eu já disse que não! – Eu respondi um pouco ríspido demais.

– E voltamos ao normal! – Ele retrucou irritado – Você sabe que não precisa ser frio e fortão o tempo todo, não é!?

– Eu estou bem. – Eu disse mais calmo – Só estou cansado de falar sobre isso.

– Tudo bem. – Ele respondeu com um meio sorriso – Vou te deixar com os seus pensamentos.

Obrigado. – Eu disse a ele.

– Por? – Ele perguntou.

– Só... Obrigado. – Respondi sentindo que o nó na garganta não me permitiria muito mais.

Não precisa agradecer. – Ele respondeu com um sorriso acolhedor.

Abandonei meus pensamentos, confusos demais até para serem transformados em palavras e voltei a olhar através da janela do salão. Admirando a imensidão daquela noite estrelada, senti como se o mundo pudesse me engolir. Ergui minha taça ao nada e, sozinho, brindei em homenagem ao meu pai.

Voltei a olhar para a minha festa. Com a música mais baixa que o habitual, as pessoas pareciam aproveitar o momento para conversar. Alguns, bem poucos, já haviam bebido demais, enquanto a grande maioria mantinha sua pose soberba e educada. A ostentação dos vestidos e ternos, não era nada quando se olhava as joias, os relógios e os calçados. Cada um ali fazia jus à fortuna que possuía.

O salão, com o chão de madeira e as paredes em tom de pêssego, cobertas por pequenas flores douradas, ainda possuía um enorme lustre de cristal do final do século XVIII. Suntuosas janelas eram cobertas por pesadas cortinas brancas com detalhes em fios de ouro, embora naquela noite a maioria estivesse aberta. No salão ao lado ficava um cassino, onde pessoas enchiam as mesas dos mais diversos jogos, bêbadas demais para pensar nos riscos de suas apostas absurdamente altas.

Garçons circulavam por todo o lugar, servindo taças dos mais caros e exclusivos champagnes. Havia ainda o bar, mas eram poucos – Em geral os que já estavam bêbados – que já haviam ido até lá.

A festa parecia brilhar como um diamante exposto ao sol. Podia ser mais parada, porém não deixava de ser divertida. Em uma festa como aquela a diversão estava na conquista e na disputa estúpida sobre quem possuía mais. Era uma festa de embate entres egos gigantes e já era hora de me entregar.

Fui ao bar e após duas doses de Whisky as coisas estavam muito mais claras. Me permiti acender um cigarro enquanto observava o lugar. Eu precisava de um alvo e em meio a tantas beldades, não seria nada fácil encontrar alguém que se sobressaísse, ou ao menos foi o que eu pensei. Em um canto do salão, próximos à parede contrária a mim, estavam eles. Ambos estavam muito bem vestidos e eram donos de uma beleza que parecia cintilar.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora