Capítulo 3

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– Como você me achou? – Mateus perguntou num misto de surpresa e medo.

– Corta essa! – Eu o interrompi, automaticamente imobilizando todo seu corpo – Eu faço as perguntas e você responde.

– Eu não quero briga... – Ele dava sinal de que começaria a chorar.

– Você foi imobilizado por um feitiço meu. – Eu avisei – Se tentar quebrá-lo com magia eu vou perceber e prometo não ter a menor pena de te matar!

– Por favor, não me mata... – Ele disse aflito – Foi sem querer, eu juro, eu... Eu...

– Não se faz de idiota! – Eu o adverti – Acho bom começar a se explicar e rápido.

– Eu não queria te atacar, tá bem!? – Ele se apressou em dizer – Eu não controlo isso. Só acontece! Sempre foi assim...

– Você não sabe o que é!? – Eu perguntei curioso, notando que minha intuição não apontava qualquer sinal de mentira.

– Você sabe? – Ele perguntou esperançoso.

– Quem é você, Mateus? – Eu perguntei perplexo.

– Mateus Silva. – Ele parecia ter um nó na garganta – O menino assustado que sempre achou que foi abandonado por ser o que é, que nunca entendeu o que é, que sempre teve medo de contar a alguém e ir parar num hospício.

– Você é um bruxo, Mateus. – Eu respondi cauteloso – Um muito poderoso. Seus pais provavelmente também eram.

– Bruxo? – Ele riu cético – Pelo menos eu não sou um alienígena...

– Você sabia sobre nós? – Eu perguntei.

– Eu senti que a Alice tinha algo diferente... – Ele deu de ombros – Tive a sensação de que ela me traria respostas... Mas eu não sabia o que tava procurando. Definitivamente não sabia o que eu sou...

– Isso foi sua intuição... – Eu dei de ombros – Ela da uma clareza aos bruxos que seres humanos não têm.

– Intuição? – Ele pareceu não entender.

– Droga... – Eu me espreguicei. Completamente exausto com toda aquela conversa. É como conversar com uma criança...

– Pelo menos crianças não enganam adultos. – Ele brincou – É sempre o caminho contraio...

– E ainda assim bruxos fortes o suficiente podem enganar outros bruxos... – Eu disse ao nada.

– Eu sou mais forte que você? – Ele se atreveu a perguntar.

– Não se engane... – Eu gargalhei – Eu sou o mais forte entre os meus amigos e muito mais forte do que você!

– E agora? – Ele se encolheu onde estava.

– Você é um de nós, né!? – Eu dei de ombros – E com o seu poder é perigoso que você ande sozinho por aí. Talvez eu possa te ensinar algumas coisas.

– Você é um cara legal, no final das contas. – Ele sorriu.

– Na verdade só vou te manter perto pra caso seja preciso te matar. – Eu respondi seco – É mais fácil assim.

– Outra ameaça de morte, ótimo!

– Eu vou te soltar! – Eu avisei – Mas nem pense em fugir, ou fazer gracinhas! Se você se comportar eu posso te contar um pouco da história de quem você é.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Where stories live. Discover now