– Vou perguntar mais uma vez... – Eu comecei.

– Eu sou um bruxo. – Ele disse calmo – Aperte a minha mão e você vai saber.

Eu considerava a possibilidade de ele ser bruxo e um dos bons, já que conseguia esconder sua presença mágica e não me permitir sentir absolutamente nada, entretanto se ele não fosse, contato físico poderia ser perigoso. Sem escolha, eu apertei sua mão.

– Você não é bruxo! – Eu observei enquanto tentava soltar minha mão da dele – Mesmo podendo esconder sua arurá mágica, eu seria capaz de sentir seus selos a uma distancia tão pequena...

– Você está certo – Ele debochou – Eu não sou um bruxo e sabe... Para alguém tão esperto, você foi muito descuidado.

– Me solta. – Eu disse automaticamente tentando aumentar a força da minha mão.

– Não solto. – Ele sorriu – O herdeiro Salvattori, o garoto perdido, aquele que tem o selo da morte rompido... Eu vim por você, pelo seu poder e pelo seu corpo!

– O que você é!? – Eu perguntei me sentindo realmente assustado.

– Eu sou aquele que vai ter o seu corpo! – Ele gargalhou – Eu sou seu pior pesadelo, Theodoro, eu sou um...

– Demônio. – Eu completei, finalmente entendendo.

A grande questão sobre demônios é que onde quer que a magia esteja, eles também estarão. São seres milenares, mas sem um corpo. Extremamente poderosos, são incapazes de agir no plano terrestre, a não ser que tenham um corpo humano, especificamente um corpo bruxo que eles usam como um canal para o seu poder. Some isso a eximia habilidade psíquica, que é o único canal em que eles são capazes de atuar no mundo humano. Controle, possessão, confusão mental, rastreamento de magia, leitura de pensamentos e sentimentos estão entre suas melhores habilidades.

– Achei que você pensava mais rápido. – Ele debochou – Dada a sua fama...

– Você não sabe nada sobre mim! – Eu respondi.

– Eu sei, absolutamente, tudo sobre você! – Ele disse desfazendo o sorriso.

Minha cabeça começou a doer, era como estar sendo forçado a sair do meu próprio corpo. Caí de joelhos graças à dor e isso significava que ele era bom em possessões. Minha cabeça ficou completamente confusa e um furacão com lembranças de meu passado vieram à tona. Meu corpo começou a se mover contra a minha vontade e eu sabia que estava perdendo a luta.

– SAI DA MINHA CABEÇA! – Eu gritei ao vazio.

Eu sabia que era como um cabo de guerra. Se quisesse meu corpo, precisava forçá–lo a sair – Na maioria das vezes possessão significava fraqueza – Tentei limpar minha mente, deixar de lado as memórias ruins e isso pareceu surtir efeito. Meu corpo aos poucos voltou a minha vontade, mais ele ainda estava lá, tentando ter a minha mente. E então ele me mostrou de novo à noite em que rompi o selo da morte.

– Eu superei isso. – Eu disse em pensamento.

– Eu duvido! – Ele gargalhou dentro da minha cabeça.

– Saí daí. – Eu ordenei.

– Não! – Ele respondeu.

Então eu comecei a conjurar um feitiço antigo, um feitiço quase desconhecido, sobre o qual eu havia passado o olho, anos atrás, no livro de feitiços da minha família. Eu só sabia o começo, mas isso teria que bastar para tirá-lo de mim.

– O que você está fazendo? – Ele gritou – Como você pode ter acesso à magia tão antiga?

– Continue na minha cabeça e logo você vai saber. – Eu respondi.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Where stories live. Discover now