29.07.18 - Domingo

Começar do início
                                    

O Nicolas me deu um beijo tão suave que poderia parecer uma pluma se deitando em minha boca. Ele ainda parece tomar cuidado, mas naquele momento era eu quem estava sentindo falta dele. Aprofundei o beijo ao abrir minha boca. Eu queria sentir de novo a língua quente dele.

Ah, eu queria tanta coisa... De certa forma, minha vontade naquele momento era de virar éter e me fundir com ele, em um único ser sem a consciência da dor de existir.

E o beijo começou a ficar mais quente, até que as mãos dele tocaram minha cintura, perto de onde tenho uma cicatriz funda, e desceram um pouco mais, para perto de minhas nádegas.

E foi aí que senti o arrepio ruim. Lembrei de toda aquela sensação de asco, e afastei o Nicolas. Dessa vez, sem grosseria, apenas deixei claro que não estava bem para ser tocado daquela forma.

Ele ficou confuso... Amiga, você tem ideia de como me dói ver os olhos confusos do homem que amo? Ele me olhou quase como se perguntasse "Que foi que eu fiz?", e eu só sugeri que voltássemos ao trabalho...

Mais tarde, na hora do almoço, pedi que trocássemos: eu quis ficar um pouco sozinho dentro de casa, pintando as partes internas, enquanto os gêmeos ficaram com a parte de trás da casa. A Jaqueline ficou meio decepcionada, já que ela tinha a intenção que nos acertássemos... E até que nos acertamos. Mas... Eu não queria ficar vendo a cara de tristeza dele me olhando. Se continuássemos a trabalhar juntos na pintura externa, ele só sentiria mais dor na minha presença, não é?

E, lá de dentro, eu consegui ouvir, através da janela da cozinha, a Jack falando "Não entendo... Eu ouvi vocês rindo tanto antes da hora do almoço... O que aconteceu pra ele voltar a querer se isolar?". Eu não ouvi a resposta do Nicolas. Ele deve ter dado de ombros, porque aparentemente a Jack ficou satisfeita e não perguntou mais. Em vez disso, ela colocou aquelas musicas de pop coreano pra tocar enquanto eles pintavam (uma de ritmo bem animado... ela sempre ouve essas músicas quando está fazendo algum serviço da casa – já o Nicolas é mais de ouvir MPB 80' e 90').

Quanto a mim? Bem, acho que você já sabe... Geralmente é Trapt ou Breaking Benjamin que ouço. Se bem que ultimamente estou mais para Avenged Sevenfold.

No fim do dia minha casa estava com uma cara diferente. De um casarão terrível e assombrado (porque é feita de madeiras escuras) ela passou para uma bela casa de campo toda branca. É incrível como uma tinta pode mudar um local...

O interior da casa também ficou outra coisa. Até me sinto mais aconchegante aqui, agora. Antes parecia que eu estava afundando nas paredes, mas agora elas até refletem a iluminação. Ficou com uma sensação de mais espaçosa (e, por estar toda vazia ainda, essa impressão aumenta consideravelmente).

O único móvel que comprei para ela até agora foi uma mesa para a sala de jantar (a cozinha é pequena, não caberia, então coloquei no cômodo contíguo – que é junto à sala). Com isso, tenho um cômodo enorme contendo apenas uma mesa. O outro cômodo mobiliado é meu quarto (que só tem o guarda-roupas e minha cama – mais nada). O segundo quarto da casa está vazio e empoeirado. Eu não entro lá porque não há motivo para isso (a Jack entrou para pintar, e só).

Na noite daquela segunda para terça, dormi nos Belson. Dessa vez, eu insisti para que fosse eu a ficar no colchão da sala. Mas o Nicolas insistiu para que eu ficasse no quarto... COM ele. Quando ele viu minha cara (acho que eu devo ter ficado pálido, não tenho certeza) ele jurou que não faria nada. Acabei aceitando.

Quando nos deitamos (eu no chão e o Nick na cama dele, virado para mim e me olhando com um sorriso bondoso) ele afirmou com uma certeza surreal "Alguém mexeu com você naquele dia, né?". Eu levei quase um choque quando ele disse isso... E perguntei "Por que acha isso?". E ele explicou: "A forma como ficou, quando te toquei...". E, com isso, eu só fiz um "Ah", e desviei o olhar dele.

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