05.07.18 - Quinta

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Ainda sou virgem. Mas...


Boa noite, amiga querida! Não escrevi antes porque a Belson Flora está nascendo! Dessa vez, pra valer.

A maior parte da semana eu me encarreguei de receber um pessoal que veio montar as "prateleiras" que formam a estufa vertical no meu quintal (feita com aquela redinha verde) - o Nick chama de "viveiro". Algumas árvores menores precisaram ser cortadas, porque precisávamos de um espaço grande livre (só que um dos lados ainda está bem arborizado e "aranhizado"... confesso que me doeu um pouco vê-las indo abaixo ← as árvores, não as aranhas!). E agora um dos lados de minha casa está com fileiras e mais fileiras de vasos com terra (as sementes ainda não despontaram).

A Jaqueline disse que, com isso, eles vão conseguir cultivar cerca de cinquenta vezes mais do que a quantidade que ficava no quintal e garagem deles, e isso nos leva à necessidade daquela pesquisa de clientes que eu fiz (não estamos fazendo isso pensando no Marcus, pode ter certeza disso).

É que o viveiro está grande.

Na segunda-feira, quando eu fui ao escritório, falei (finalmente) com o Rômulo sobre meu desligamento. Ele não gostou nadinha. Fez cara feia, e me chamou para uma sala onde ele pudesse fechar a porta e falar abertamente (ao menos essa noção ele teve). Me chamou de moleque folgado, e disse que na época rejeitou três propostas boas de currículo por causa da indicação da "Senhorita Belson" (sim, ele a chamou assim), e que eu fiquei mais tempo fora do que a trabalho.

Foi chato ouvir isso, mas... Digamos que ele não está errado. Eu não fui exatamente o melhor funcionário do mês (fiquei de molho por tempo demais). Tudo o que eu pude fazer foi pedir desculpas...

Quando eu estava saindo, aquela menina que me seguia de vez em quando (quando eu ia pegar café) veio me perguntar se eu poderia almoçar com ela. Eu dei um sorriso meio sarcástico e falei mais alto do que pretendia: "Acabei de me demitir". Ela ficou com uma cara de susto, meio desnorteada. E notei que quem estava por perto também me deu uma olhada de surpresa. Algo tipo "Quem esse moleque pensa que é?".

Eu ia fazer o quê? Apenas abri a porta, e saí...

Aquilo foi meio que... reconfortante!

Quando cheguei em casa, de bike, notei que tinha um cara rondando o Pântano dos Mosquitos (agora penso, devia ser Viveiro das Aranhas, mas o nome velho já pegou). Ele estava a meio caminho entre minha casa e a dos gêmeos. O sujeito deu uma encarada, e se mandou (antes que pense coisas, não era o que me atacou). Achei esquisito, porque ele estava parado, olhando para minha casa (não tem muros, e sim grades, então dá para ver tudo no quintal). Como foi na segunda-feira, os viveiros ainda não haviam sido instalados...

Foi estranho.

Na terça-feira pela manhã a Jack foi comigo para a cidade de Eloporto, no Hospital Municipal (é longe para ir de bike a partir de Vale do Ocaso, e eu não tenho carta de motorista). Era o dia marcado para tirar os pontos... E aquilo doeu um pouco. Eu achei que fosse ser de boa, mas cada ponto tinha que ser cortado e puxado. Dava uma sensação ruim, como a de agulha passando por minha pele. Apesar disso, era uma dorzinha suportável. No lugar, ficou uma cicatriz em baixo relevo, e ela disse que mesmo depois de um tempo vai ficar uma marca. E como eu sou branco e magro que nem um sulfite, aquilo fica bem visível...

Já quanto ao meu rosto, só ficou um risco num tom rosa escuro, e parece que com o passar dos meses vai sair.

Na volta, depois que ela me deixou na casa dela (sim, ainda estou nos Belson) acabei vendo aquele cara de novo, rondando a casa. Eu só reparei nele quando a Jack já tinha voltado para o trabalho. Cheguei a comentar com eles, e me pediram para eu permanecer aqui (na casa deles), com tudo trancado.

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