12.06.18 - Terça (tarde)

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Como foi (de novo)


Bom dia e boa tarde! (já adiantando, porque sei que vou enrolar pra escrever isso)

Hoje finalmente vou ter alta... E como minha cabeça não para de pular de galho em galho, achei melhor te mandar esse e-mail. Meu braço já está descansado o suficiente (da maratona de escrita de ontem), e tem algo que eu não falei ainda.

Na verdade, até falei... Mas não contei direito.

É sobre anteontem, quando o Nick me pediu em namoro. =)

Eu falei que ele chegou com uma rosa, né? Então. Ele veio com a Jack naquele dia. Tenho quase certeza de que eles vieram juntos só porque ela queria assistir a cena (é que ela geralmente vinha em horário diferente).

A Jack entrou primeiro, conversou comigo, me abraçou... E depois ela olhou pro Nicolas (que até aquele momento estava encostado na parede, nos olhando). Até esse momento eu não tinha visto a rosa. Ele sentou do meu lado, e deu meu celular, que eu pedi.

E ele começou a dizer coisas para que eu desse risada. E, amiga, vou te contar: ainda é super horrível rir, então precisei me conter. Tentei não fazer muita cara de sofrimento para ele não ficar preocupado. Mas eu pedi para ele parar de me contar piadas (não falei de forma chata... eu estava amando aquilo - mas doía). E ele ficou me olhando, me deixando envergonhado (é que estou horrível, você nem imagina... não me sinto eu mesmo quando olho no espelho, então ver ele me encarando foi um pouco desconfortável).

"Tem uma coisa que quero te perguntar", ele falou, segurando meus dedos bem de leve (toda minha atenção estava nos olhos dele, na voz, e naquela mão me tocando). Na hora eu pensei que fosse ser qualquer dúvida relacionada ao ataque, ou aos meus pais... (era só desgraça que se passava na minha cabeça). Então eu dei de ombros, pra ele falar.

A Jack estava com cara de criança que vai ganhar bolo de chocolate. Ela só nos olhava, de longe, com as mãos unidas na frente da boca. E ele finalmente colocou a rosa vermelha na minha frente, para eu segurar... "Eu tive que preparar um monte dessas, pro dia dos namorados... E já tem vários anos que eu sempre faço arranjos assim, mas nunca tive o que comemorar".

Eu gelei... Continuei olhando pra ele. Eu meio que já tinha sacado, mas não acreditava. Tem um subconsciente ranzinza meu que insistia em gritar pra eu não ter esperanças, e que não era nada daquilo que eu estava pensando.

Mas ele continuou: "Preciso saber se você gostaria de passar o dia dos namorados ao meu lado".

Eu fiquei besta. Meu queixo foi no chão, e eu não acreditava nos meus ouvidos. Eu falei "Quê?", meio desnorteado. E ele deu uma suspirada bem longa, depois falou claramente: "Isso tudo é muito novo pra mim, Zak, mas no meio desse monte de dúvidas, uma coisa eu sei: gostaria de poder dizer que sou seu namorado... Aceita?".

Minha reação? Bom, meu queixo continuou lá em baixo... Mas eu fiquei com os olhos cheios d'água. Tanta coisa ruim tinha acabado de acontecer nos dias anteriores, e eu estava com tanta bobagem na cabeça (aquilo tudo que eu já te falei), que ouvir aquele pedido, tão doce, na voz gostosa dele, foi...

Acho que a Sant'Ana poderia ter me dado alta naquele mesmo segundo, porque a impressão que eu tive foi que tudo passou. Eu me esqueci de absolutamente tudo de ruim... Só enxergava aquele loiro na minha frente, mordendo o lábio enquanto esperava minha resposta.

Eu sequei os olhos . "Se eu aceito?", perguntei entre um riso e a emoção. "Eu já aceitei há tempos".

Aquilo apenas brotou na minha boca.

Mas, meio que era verdade. Eu me tornei "dele" desde a primeira vez que o vi na casa de flores. Desde a nossa primeira conversa, quando ele levou o jornalzinho pra mim... No segundo em que ele apertou minha mão pela primeira vez, eu já me tornei dele.

E o namorei secretamente... Somente você sabe de tudo o que eu pensava.

Mas nesse último domingo ele tornou tudo em realidade. Quando eu falei aquilo (que já aceitei há tempos), ele deu aquele sorriso, e perguntou se podia me dar um beijo. Eu queira beijar aquela boca até evaporar, mas... Os dias internado acabaram com minha libido. Eu sentia meus lábios ressecados e rachados, e eu estava sentindo meu hálito meio ruim. E quando eu expliquei isso, ele riu de novo, e se adiantou pra me dar um selinho.

Foi apenas um selinho, mas foi o bastante para me dar uma carga de força. E ele me respeitou... Não ultrapassou o nível do selinho e do beijo na testa.

Aqueles dois estão me acostumando muito mal... Esses dias no hospital está me transformando numa lesma mimada. Eu quero sair daqui e mudar essa situação. Voltar a trabalhar (assim que possível, porque o médico me impôs alguns dias de repouso), e me tornar útil para alguma coisa na vida.

Uma vida ainda mais nova do que a que eu comecei em Abril quando me mudei... Porque... agora... eu tenho... Namorado!

A Jack ficou feliz demais depois do pedido. Ela abraçou nós dois ao mesmo tempo (ficou meio desajeitado, por causa da minha posição).

A rosa que ele me deu está envolta num plástico decorado. É um botão começando a abrir... Está do meu lado, agora. Eu uso meio que como um amuleto, pra lembrar que não foi só um sonho. Que não estou delirando.

E hoje é minha alta. O Nicolas disse que vai vir com um carro emprestado para me buscar (acho que daqui a pouco ele chega).

E a Jack tem a tal surpresa.

Estou meio nervoso.

A recomendação é que eu volte direto para casa, para ficar de cama e talz, sem esforços nem nada do tipo por pelo menos duas semanas. Fico imaginando se vou receber algum convite para uma "comemoração" à moda da Jack.

Sei lá, vai saber.

Mente vazia dá nisso... Eu fico imaginando mil coisas.

Mas no fim deve ser algo simples. Eu é que estou esquentando demais a cachola. Né?

É.

Bom, meu café da tarde chegou. São só umas bolachas de maizena e leite, mas... Eu tenho estado com MUITA fome (principalmente porque a Jack e o Nick ficavam conversando comigo sobre comida).

Tenha um dia excelente e maravilhoso, amiga!

Assim que eu estiver de volta no Pântano dos Mosquitos, e devidamente acomodado, mando e-mail.



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