Capítulo 16 - Desespero.

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Luce ainda olhava aquela cena com lágrimas escorrendo por sua face, Luna que sempre era forte e decidida naquele momento se encolhia e chorava feito uma criança. A moça correu até ela e a puxou para seus braços a abraçando. No primeiro momento, Luna se afastou assustada, mas ao ver que era Luce permitiu ser confortada e chorou ainda mais. A jovem puxou as cobertas e cobriu o corpo semi nu de Luna enquanto a abraçava mais tentando protegê-la das lembranças e de tudo que pudesse.

— SEU DESGRAÇADO. EU VOU MATAR VOCÊ! — Os gritos de Sebastian tiraram seu foco de Luna.

Sebastian estava com o corpo por cima do de Bernard e o mais novo desferia socos atrás de socos na face do mais velho. Com uma fúria que Luce nunca havia visto tomar conta de Sebastian, mas tudo que ela sentiu por Bernard naquele momento foi nojo. Ela ainda não acreditava no que havia acabado de presenciar. Os gritos pareceram atrair atenção, porque logo alguns empregados paravam na porta para ver o que acontecia.

— LUNA! — Ao procurar a voz que chamava por sua amiga Luce viu Abi.

A jovem entrou correndo e subiu na cama sem se importar com a cena de agressão ou com Luce. Ela deslizou a mão pela face da morena e a olhou com desespero e medo, pelo visto ela não entendia o que havia acontecido e estava preocupada com Luna. Não demorou muito para alguns guardas aparecerem e tirarem Sebastian de cima de um Bernard ensanguentado e desacordado. O loiro ainda olhava para o irmão com ódio e tentava se desvencilhar dos guardas.

— Que merda que está acontecendo aqui? — Questionou o capitão da guarda assim que entrou no quarto.

Luce observou tudo em silêncio, alguns guardas continham Sebastian, Bernard estava desacordado. Luna ainda chorava nos braços de Luce enquanto segurava a mão de Abi e tinha alguns curiosos parados na porta. Luce respirou fundo e deslizou seus dedos pelos cabelos negros de Luna e sussurrou que tudo ia ficar bem.

— Capitão, leve Bernard e o prenda. Mande alguém até a cela para tratar os ferimentos.

— Disse a moça com uma expressão séria.

— Se eu fizer isso seu pai me mata, jovem Luce. E ele não cometeu crime algum, por que o prenderia? — Questionou o homem.

— Até onde eu sei tentativa de estupro perante as nossas leis é crime. — Disse Luce com firmeza.

Ouviu algumas pessoas arfando e levando a mão aos lábios. O capitão a olhou como se ela estivesse louca, mas então seus olhos desceram para a garota que chorava em seu colo e a tristeza tomou conta da face do homem. Por alguns segundos ele ficou em silêncio olhando Luna, Luce sabia que ele tinha uma filha que beirava a idade das duas e provavelmente o capitão estava pensando nisso.

— Tem certeza que foi isso que aconteceu? — Perguntou um outro guarda.

— Não, eu arrebentei a cara dele por esporte e Luna está chorando feito uma criança desesperada porque ela perdeu o brinquedo favorito. — Respondeu Sebastian com tom de deboche.

— Capitão se eu e Sebastian demorássemos mais 5 minutos... Não teria sido uma tentativa. Compreende o que eu quero dizer? — Disse Luce com uma calma que nem ela sabia de onde estava saindo.

O homem assentiu com pesar e se abaixou ao lado de Bernard e o encarou como se avaliasse os danos. Puxou de sua cintura um par de algemas e prendeu os pulsos dele utilizando as mesmas. Luce observou ele ficar de pé e fazer sinal para os guardas que continham Sebastian o soltarem e assim o fizeram.

— Levem ele para uma das celas do distrito policial e depois chamem um médico. — Disse com a voz embargada.

Os guardas assentiram e logo começaram a carregar o corpo desacordado de Bernard. O capitão mais uma vez olhou para Luna com pesar e suspirou encarando o chão novamente. Luce engoliu a seco e deslizou as mãos pelos fios negros da jovem tentando acalmá-la.

Utópico. - Duologia Deverpolt.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora