— Tudo bem, eu também vou para casa, tomar um banho.. — sorri.

[...]

Acabei de sair do banho. Peguei minha toalha, me sequei e me enrolei na mesma até chegar ao quarto vestir a roupa que deixei em cima da cama. Visto a mesma, penteio o meu cabelo, pronto, eu acho. Já eram 20h18 Pois é, pouco, pensei que tinha se passado umas meia-hora, pensei que eu tinha demorado.

Por um momento parei para me olhar no espelho do banheiro. Fiquei ali na frente dele. Uma Jade diferente apareceu. Me olhando com ódio e desdém. Ela balançou a cabeça negativamente e começou a se pronunciar.

— Você se acha muito esperta mesmo, não é? Como pôde? Como conseguiu deixar todos morrendo de saudade, fingindo que não, só para te deixar ir?

— Eu não...

— Você não sabe o quão mal eles estão! Você não sabe o que o seu namorado teve que enfrentar quando soube da proposta. Não sabe como foi o dia dele antes de receber a notícia. Não sabe como suas irmãs ficaram devastadas quando souberam. Você não sabe! VOCÊ ESTRAGOU COM A VIDA DE TODO MUNDO!

TODO MUNDO...

TODO MUNDO...

TODO MUNDO...

— GRRRR!!!! — grito com ódio e começo a socar o espelho. No segundo soco ele quebrou e ficou em pedacinhos. Ao mesmo tempo senti uma ardência nas costas da mão. Virei a mesma e vi que sangrava um pouco mais do que o comum. Estava ardendo, mas não era o bastante. A raiva que eu estava sentindo no momento era algo inacreditável, e eu queria mais. Ela estava certa! EU NÃO SEI O QUE SE PASSOU POR LÁ! ELA ESTÁ CERTA!

Fui deslizando na parede até cair no chão chorando. Chorando como uma criança. Soluçando alto. Não me importa o que vem daqui para frente. Eu não quero e nem me preocupo em saber. Olhei para os cacos de vidro ao meu lado, peguei um. Um bem afiado. Olhei para o meu braço e sem pensar muito afundei o vidro. Respirei fundo, nessa hora minha respiração já estava acelerada. Depois de fazer um grande rasgo em meu braço, como se não fosse o bastante, tremendo, peguei o vidro da outra mão e passei a fazer um corte no outro braço. Invertendo. Eu não estava com as mesmas forças de antes, mas a vontade de acabar com tudo aquilo, aquela dor, me fazia insistir por isso. Gritei com ódio e dor, chorando. Eu tinha que terminar aquilo. Enfiei o vidro no braço outra vez. Gritei. Era uma dor, mas que estava curando todas as outras. Terminei o rasgo tremendo outra vez. Eu já não me sentia forte. As mãos trêmulas mostravam que aquilo estava acabando. Me assustei ao olhar para o chão e ver uma piscina de sangue. O sangue que saiu de meus braços. Como será que as pessoas vão lidar com a notícia do que eu fiz? Chorarão? Darão graças a Deus? Não importa. Ninguém nesse mundo entenderá o motivo para eu ter feito isso. Todos vão julgar. É simples. Minha visão foi ficando escura, eu, cada vez mais fraca, apenas caí para o lado.

Lorenzo On

— Vamos, Calleb! Já são 20h35.

— Tá, vamos. — suspira com a pressão. — A casa dela é por perto.

— Tão perto à ponto de você chegar no último minuto combinado? — reviro os olhos.

— Exatamente.

Depois dele finalmente terminar de colocar seus tênis, ele fecha a porta de casa e entra no meu carro. Ele até tem, mas como a minha casa é caminho para a dele, ofereci que fossemos juntos. Liguei o carro e Calleb foi me guiando para que rua eu entrava ou saía por já saber onde era a rua.

— E agora? Ela te falou o número? — começo a passar devagar por cada uma das casas, atento com os números.

— 1269.

Ficamos procurando atentamente. Os números estavam aumentando, ou seja, era para o final da rua. Era uma rua sem saída no final, e foi lá que encontramos o número dela.

— Ah, até que foi rápido. — digo.

— Sim, eu falei que seria.

A casa era bem bonita, tinha um canteiro na frente, só de fora ela parecia bem grande, pelo menos para morar uma única pessoa. Calleb bateu na porta. Nada. Bateu pela segunda vez. Nada. Se entreolhamos. Bati umas três vezes seguidas. Nada.

— Será que ela não está em casa?

— Ela deve estar sim. Vai que está tomando banho ou alguma coisa do tipo... — ele supõe.

Calleb tocou na maçaneta da porta e girou. Ela abriu.

— Ué, por que ela deixaria a porta aberta?

— Não sei. É bem perigoso. — dá de ombros. Entramos na casa, sendo o primeiro cômodo uma sala grande e bonita.

— Isso é errado, você sabe, né?  — pergunto olhando para ele.

— Sim, estou me sentindo mal por isso.

— Jade! — chamo.

— Jade! Está aí?

— Mano, onde será que ela está?

— Não sei. Vamos procurar.

— Isso é muito errado.

— Vem ou não? — me olha sério.

— Eu não disse que não.

O Capitão 2 (Concluído)Where stories live. Discover now