Sweet Poison ❤ Jikook ABO

❤ Twenty One ❤

“Você merecia coisa melhor, meu filho”. 

     Ainda dói me lembrar disso, por mais que ele tenha discordado da opinião da mais velha naquele dia, Taehyung não conseguiu esconder a frustração por tê-la deixado chateada. Nesse dia tive seus braços em torno do meu corpo para dormir, mas não tivemos a animação por estarmos atados um ao outro. 

     No fundo me senti feliz sabendo que meus sentimentos não eram platônicos, mas por vezes cheguei a pensar se todo sacrifício valeu a pena. Dizem que por amor somos capazes de enfrentar o universo, a questão é o sentimento forte de estar nessa briga sozinho, ainda que eu seja capaz de matar ou morrer por meu alfa. 

     Onde já se viu um universitário descolado se apaixonando por um colegial cheio de regras idiotas? Nosso romance veio dos clichês, e como tal também tem seu inimigo declarado. 

     Passei por inúmeras mudanças no tempo que estamos juntos, desde cores de cabelo a estilo de vestir. No fundo queria me tornar alguém que se encaixasse nos padrões que Taehyung convive, mesmo ele se cansando de dizer que aquilo não era necessário, afinal se apaixonou por mim da maneira que sou. 

     Hoje somos noivos e dividimos o mesmo apartamento, uma vida de casado sem haver documentos que comprovem isso. Apesar das brigas me sinto feliz em tê-lo por perto, mesmo me irritando com o pacote completo que acabei adquirindo para toda a vida. 

     Achei que fosse conseguir conversar com ele depois que Jimin foi embora, porém Taehyung simplesmente se trancou em nosso quarto e não procurou conversa por um longo período. A tristeza me cercou em cheio, e para evitar uma nova discussão sem justificativa, decidi respeitar seu espaço e guardar toda a frustração para mim, mesmo tendo certeza de que o alfa consegue sentir tudo. 

     Taehyung também é um pouco orgulhoso, e se o conheço bem, posso afirmar que ele não dará o braço a torcer. Precisamos ter uma boa conversa, mas com a cabeça quente é impossível manter o diálogo que resolva todas as nossas questões e devolva a paz para nosso lar. 

     Sozinho na sala, permiti que as lágrimas escorressem por minhas bochechas, enquanto tentei ao máximo desviar o foco para os inúmeros trabalhos escolares sobre a mesa. É impossível fazer qualquer coisa quando a mente não tem paz, pois é ela que gerencia toda e qualquer reação de nossos corpos. 

     Mesmo não podendo controlar isso, a discussão acabou coincidindo com um dos momentos mais agitados da vida de um ômega. Meu ciclo veio com força total, e para disfarçar tenho me entupido de inibidores que sequer fizeram o efeito esperado. Acredito que ele também esteja sentindo todos os efeitos, mas por razões óbvias tem me evitado. 

     Fui tirado do emaranhado de pensamentos por barulhos vindo do corredor principal, então avistei Taehyung arrastando uma mala e segurando a outra com a mão livre. Meu coração se apertou ao imaginar o que aquela visão pode representar, presenciei o que minha mãe passou graças às atitudes impensadas do meu pai. 

     – Está indo viajar? – indaguei tentando disfarçar a voz afetada, mas foi sua expressão de indiferença que me causou mais dor. 

     – Vou passar um tempo em Daegu. – respondeu também afetado, e por alguma razão ele tentou passar a imagem de quem se mantém forte diante de tudo. – Use nosso dinheiro para as despesas da casa e me ligue se precisar de alguma coisa.