Capítulo 22

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- Me entreguem a noiva - ouço.

Aquela voz era inconfundível, era ele. Olho para trás e vejo ele, ele aponta a arma para cima e dispara mais uma vez e sorri pra mim.

Me levanto e fico de frente com ele, vejo que ele não está sozinho, tem vários homens armados a nossa volta.

Dou um passo a frente pra ir até ele, mas Gabriel segura meu braço.

- Você não vai a lugar algum - ele diz.

- Eu não vou repetir, me entregue a noiva - Otávio grita.

- Ela não vai, Dalila é minha - Gabriel desafia.

- Eu não estou de brincadeira - ele atira no braço de Mariza - O próximo vai ser no coração - ele ameaça.

- Podem levar, eu não vou deixar minha mãe morrer - Gabriel cede.

- Não - Reinaldo grita - Precisamos dela, sua mãe já viveu o suficiente.

Que tipo de homem é esse? E o que ele quer comigo?

- Eu não vou sair daqui sem a Dalila, nem que pra isso eu tenha que matar todo mundo.

Volto a ir em direção a Otávio, mas dessa vez é Reinaldo que me segura.

- Pai, deixa ela ir, precisamos ajudar minha mãe.

- Tudo bem - ele me solta.

Corro em direção a Otávio e abraço e beijo ele.

- Eu te amo, pensei que nunca mais fosse ver você - digo chorando de felicidade.

- Eu não ia deixar você, eu também te amo, esse tempo longe de você foi o suficiente pra eu perceber o quanto você é importante e faz falta na minha vida.

- Seus incompetentes, era pra ter matado ele - meu pai grita com dois homens.

- Você acha mesmo que eles iam matar o dono do morro - Otávio se intromete - E vou passar a visão pra vocês, se alguém ameaçar Dalila ou tentar fazer mal a alguém que ela gosta, vai morrer, esqueçam dela se não vocês vão morrer.

- Eu estou livre - grito alegre com os braços para cima.

Meu pai me encara com uma expressão de raiva, mas eu não me importo.

Otávio me pega no colo e caminha saindo dali, enquanto seus homens faziam nossa escolta.

Eu pensei que não teria um final feliz, mas agora sei que vou ter sim. Agora posso ter a liberdade que eu tanto desejei.

Chegamos até o morro e é claro que todos ficaram nos olhando, afinal, eu estava vestida de noiva.

- Olha só, se casaram e não me convidaram? - Sam diz.

- É uma longa história, mas não estamos casados.

- Depois vocês conversam, agora precisamos ir.

- Até depois então.

Continuamos indo pra casa de Otávio.

Assim que chegamos, nos sentamos no sofá.

- Eu não consigo acreditar que estou livre, é tão bom essa sensação.

- Não pensou que eu ia te deixar né?

- Pra ser sincera eu pensei sim, pensei que você não sentia o mesmo que eu e que pra você foi só uma transa.

- Nunca mais pense assim, eu fiquei louco sem você aqui, eu não sei o que você tem, só sei que te quero muito em minha vida.

- Eu também, você me faz querer enfrentar tudo por você.

- Você foi a melhor coisa que surgiu na minha vida - ele acaricia meu rosto.

- Você também. Antes de te conhecer eu aceitava tudo calada, tinha vontade de enfrentar meu pai, mas me faltava coragem, e foi você quem me deu essa coragem pra enfrentar ele.

- Você é minha guerreira.

- Eu sofri tanto pensando que você tinha morrido por minha causa - abraço ele.

- Eu estou vivo e agora estamos juntos, ninguém vai nos atrapalhar.

- Tomara - beijo ele.

Aquele beijo me acalmava.

- Gostaria de trocar de roupa, mas não tenho nada aqui.

- Segunda vamos comprar tudo o que você precisa, até lá podemos pegar com a Samanta alguma coisa da loja dela, tenho certeza que ela vai abrir pra gente.

- Então vamos? Quero ficar a noite toda com você.

- Eu também - ele me beija.

Saímos para a loja da Sam.

A loja ficava ao lado da casa dela, ela chama a gente pra entrar e entramos na loja pelos fundos.

- Não tem nada que você use aqui, mas se quiser pode dar uma olhada.

Otávio se adianta e olha algumas peças.

- Eu escondi por tanto tempo meu corpo naquelas roupas longas, acho que está na hora de mudar um pouco, ousar mais.

- O meu fetiche é te ver assim - Otávio me mostra algumas roupas que ele escolheu.

- Então vamos levar o que você quiser, quero realizar seu fetiche.

- Tem certeza? - Sam pergunta.

- Tenho, eu vou viver aqui e quero me vestir como vocês.

- Então vamos levar quase tudo - Otávio diz e pega algumas peças.

- Tem roupa íntima ai? - pergunto.

- Claro, eu vou te mostrar - ela me chama.

Enquanto escolho as lingerie, Otávio continua escolhendo as roupas pra mim.

- Já escolhi algumas coisas, acho que exagerei - digo.

- Nada é demais pra você, pode levar a loja toda se quiser.

- E eu agradeço - Sam brinca.

- Já escolhi tudo que quero que você use, quer dar uma olhada e escolher mais alguma coisa?

- Não, eu confio no seu bom gosto.

- Então vamos levar tudo isso, amanhã passo aqui e deixo o dinheiro pra você.

- Tranquilo.

Saímos de lá e Otávio faz questão de carregar todas as sacolas pra mim.

- Dalila? - ouço Lívia dizer.

- Oi, Lívia - digo e dou um abraço nela.

- O que faz aqui? Vestida desse jeito? Pensei que hoje você fosse se casar - ela parece indignada.

- Eu não me casei, vou morar aqui agora, com Otávio - abro um largo sorriso.

- Era pra você ter se casado, você disse que ia fazer tudo que seu pai queria - agora ela parecia brava.

- Eu menti, tem muitas coisas que eu não te contei.

- Eu não acredito nisso Dalila, você mentiu pra mim - ela sai correndo sem me deixar falar nada.

Penso em ir atrás dela, mas Otávio me segura.

- Depois vocês conversam, com calma.

Passo meu braço pelo dele e continuamos indo pra casa dele, que agora é nossa.

Coração BandidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora