Capítulo 4

48 9 0
                                    

Mais tarde, Gabriel vai até minha casa.

O que me deixou impressionada foi o fato de que meu pai o tratou tão bem, mesmo sabendo do que ele tentou fazer comigo.

Não demora muito e meu pai vem até meu quarto.

- Se arrume, o Gabriel está ai - diz ele.

- Eu não quero ver ele - digo ainda deitada.

- Não me faça perder a paciência, se arrume logo.

Me levanto sem ânimo algum e sinto meu corpo todo doer, olho em meus braços e pernas e percebo que estou marcada, estou toda roxa.

- Coloque algo que tampe tudo isso - ele diz e sai.

Ele me machuca e depois quer que eu esconda, que ótimo!

Escolho um vestido longo de manga longa e o visto, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e coloco uma rasteirinha. Passo um pouco de pó pra disfarçar minha cara inchada.

Arrumo minha cama e saio do quarto. Vou até a sala e me sento ao lado de Gabriel.

- Podem ir conversar no quarto de Dalila, assim vocês ficam mais a vontade - meu pai diz.

Não acredito que meu pai está fazendo isso, está me jogando pra cima de Gabriel na maior cara de pau.

Lanço um olhar de reprovação pra ele e o mesmo me devolve um olhar severo.

- Estamos bem aqui pai - digo.

- Eu insisto, venham - ele nos chama.

Seguimos ele até meu quarto e ele fecha a porta. Meu pai está me decepcionando a cada dia mais. Ele sempre foi uma pessoa séria, mas agora ele está estranho.

- Desculpa por ontem - Gabriel diz quebrando o silêncio.

- Eu fiquei muito assustada com sua atitude, não foi nada legal o que você tentou fazer.

- Eu sei e me desculpa, eu não sei o que deu em mim, quando comecei a te agarrar achei que estava gostando e por isso ficou calada.

- Eu pedi pra você parar.

- Eu pensei que você estava tentando resistir a mim, foi quando te vi chorar que percebi que você não queria.

- Quando uma mulher diz não, você tem que se afastar, não tem que pensar nada, eu fui clara quando disse que não queria e mesmo assim você me tocou, eu poderia te denunciar por assédio Gabriel.

- Eu sei disso, mas espero que você aceite minhas sinceras desculpas.

- Eu estou muito magoada ainda com você, o que você tentou fazer comigo foi muito grave. Se eu não tivesse escapado você poderia ter abusado de mim.

- Eu só queria namorar com você, poxa, estamos namorando a tanto tempo, porque não podemos transar? Vamos nos casar de qualquer jeito.

- Não se eu ou você desistir, ou encontrar outra pessoa.

- O trato já está feito, você já é minha não tem como desistir.

- Tem sim, não nos casamos ainda.

- Nem precisamos, o contrato já está feito e assinado, portanto, você é minha, por isso não precisamos esperar o casamento.

- Que contrato?

- Eu não disse contrato, você entendeu errado - ele diz um pouco nervoso.

- Você disse sim, que contrato é esse?

- Eu disse trato - ele tenta se defender.

- Me diz que contrato é esse! - peço.

- Eu devo ter me expressado mal, eu quis dizer trato.

- Você disse que estava feito e assinado, me explica isso.

- Foi modo de falar, não precisa levar tudo ao pé da letra.

- Tudo bem - digo desconfiada.

Acho que Gabriel só se confundiu mesmo, não teria porque existir um contrato.

- E como ficamos? - ele pergunta.

- Continuamos, mas quero que respeite meu espaço, quando eu disser que não quero algo entenda e não tente forçar a barra.

- Ta bom, mas você poderia tentar né.

- Eu vou tentar - digo.

- Sério? Quando? - ele pergunta empolgado.

- Ainda não sei, mas eu vou tentar ta.

Ele me da um beijo caloroso de tão feliz que ficou. Continuamos namorando por mais algum tempo, até ele ir embora.

Fico deitada em minha cama por mais algum tempo.

- Espero que tenha se entendido com Gabriel - meu pai diz entrando em meu quarto.

- Pra sua felicidade sim, estamos muito bem - digo.

- Que bom, continue assim obediente que eu lhe recompenso por isso.

- Já que vai me recompensar, quero que o senhor deixe eu posar um dia na casa da Lívia.

- Você sabe que eu não gosto dela e nem de onde ela mora.

- Por favor pai, ela é minha melhor amiga.

- Hoje vou encontrar com os pais de Gabriel, se eles falarem bem de você e você tiver agradando, eu deixo.

- E por que eu tenho que agradar eles?

- Porque eles são seus sogros.

- Ta bom.

- E pra dormir na casa da sua amiga, só se for na semana - ele diz.

- Pode ser, obrigada pai.

Ele não responde e sai.

Meu pai devia estar de muito bom humor, ele nunca me deixou ir dormir na casa da Lívia, mas vou aproveitar essa oportunidade o quanto antes, vai que ele muda de ideia.

Me levanto e vou tomar banho, quando a água quente escorre pelo meu corpo sinto minhas costas arder muito, passo a mão onde ardia e minha mão volta suja de sangue, a fivela da cinta fez um corte em minhas costas. Assim que termino de tomar banho vou até meu quarto e pelo espelho vejo que foi um corte bem feio que fez.

Quando termino de me arrumar vou até o quarto dos meus pais para me despedir deles. Antes que eu bata na porta, ouço uma conversa que me deixou intrigada.

- Quero que você esteja bem arrumada hoje a noite, hoje vamos fazer um filho - ouço meu pai falar.

- Ivan, já temos três filhos lindos, pra que quer mais? - minha mãe questiona com a voz de tristeza de sempre.

- Porque eu quero mais um filho.

- Eu não estou me sentindo muito disposta hoje.

- Não interessa, se eu quero, você tem que me dar.

- Me dá um descanso hoje, todo dia eu faço sem vontade.

- Acho bom você ter vontade ou você vai ficar pior que a sua filha.

- Tudo bem, eu vou estar.

- Acho bom e quero uma filha menina.

- Menina? Você sempre diz que filha mulher só dá trabalho.

- E dá mesmo, principalmente a sua filha, mas também me da muito lucro.

Lucro? Do que ele está falando?

- Sinto falta de quem você era antes, depois que você se envolveu com esses investidores, você mudou muito - diz minha mãe.

- E sábado vai vim novos investidores, se prepara.

Me afasto um pouco dali e respiro fundo. Volto lá e me despeço deles e saio atordoada com tudo o que ouvi.

Coração BandidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora