Capítulo 2

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Assim que chego na faculdade, vou direto para minha sala.

Lívia já estava lá, reservando nosso lugar de sempre.

- Oi amiga, como você está? - ela pergunta.

- Tirando o fato de ter o pior pai do mundo, estou bem.

- Não fala assim amiga, ele só quer o seu bem, do jeito dele, é claro.

- Eu só não aguento mais isso, quero tanto sair e ele não deixa.

- Tenha calma ta, eu sempre vou estar aqui.

- Eu sei - dou abraço nela.

- Eu só queria comemorar meu aniversário com a minha melhor amiga, mas entendo ele, onde eu moro num é lugar pra você.

- Amiga, eu vou na sua festa de qualquer jeito.

- Não faça nenhuma besteira, podemos comemorar no domingo de tarde.

- Não Lívia, eu vou ir na sua festa.

- Eu realmente gostaria muito que você fosse, mas lá não é lugar pra você, as músicas, as pessoas, as roupas, tudo lá não combina com você.

- Eu tenho curiosidade de ver como é.

- Eu gravo um vídeo.

Faço uma cara de indiferente pra ela.

- Eu só não quero que você brigue com seu pai por minha culpa - ela diz.

- Ele nem vai saber.

- Dalila, o que você está pensando em fazer?

- Eu vou sair pela janela.

- É muito arriscado isso.

- Eu já planejei tudo. Sábado vai ter uma confraternização na igreja e vai acabar tarde e claro que meu pai vai ir embora mais tarde ainda, eu vou falar que não estou bem e não vou, ai eu vou na sua festa, simples.

- Tão simples que não vai dar certo, eu já vi você várias vezes doente de verdade e ainda sim, seu pai te arrastar pra igreja.

- Dessa vez é diferente, vai ter umas pessoas querendo investir na igreja, meu pai não vai querer apresentar uma filha doente a eles, ele quer que tudo seja perfeito.

- Ainda assim, acho arriscado.

- Eu conheço muito bem meu pai e sei que vai dar certo.

- Ta bom, mas e pra você chegar até a minha casa?

- Eu vou de táxi.

- Você não tem dinheiro.

- Eu vou arrumar.

- Dalila, eu falo pro seu bem, onde eu moro é perigoso, pode acontecer algo com você, desiste dessa ideia.

- Pensei que você queria que eu fosse.

- E quero, só que era pra você dormir em casa.

- Eu vou e pronto.

- Ta bom, mas toma muito cuidado.

Paramos de conversar e prestamos atenção na aula.

No horário do intervalo, Lívia fica fazendo um trabalho e eu vou até a sala de Gabriel e fico esperando ele sair.

- Oi meu amor - ele me dá um selinho.

- Oi - digo apenas.

- Está triste ainda porque seu pai não deixou você ir na festa né.

- Um pouco.

- Amor, não fica assim, aquele lugar não é pra você e sábado vamos nos divertir também.

- Não é essa diversão que eu queria.

- Você vai gostar.

Apenas lanço um sorriso sem graça.

Caminhamos um pouco e nos sentamos em lugar mais reservado.

Gabriel começa a me beijar diferente, estava voraz, de repente ele desce a mão em meu seio e apalpa. Em um impulso me levanto, me afastando dele.

Fico olhando assustada pra ele.

- Desculpe, eu não resisti - ele diz se levantando e se aproximando de mim.

- Por que você fez isso?

- Eu fiquei com desejo de você, queria tocar em você, estou cansado de só beijar você, eu quero mais, eu preciso de mais.

- Eu não posso, meus pais sempre me falam pra me guardar pro casamento, não posso fazer isso.

- E você concorda com tudo que eles te impõe?

- Não, mas...

- Então se entregue, deixa eu tocar em você - ele continua se aproximando.

A cada passo que ele dá pra se aproximar, eu vou recuando.

Percebendo o que eu estava fazendo, ele apressa os passo e me prende contra a parede. Não havia ninguém ali, apenas eu e ele, e estou ficando assustada com essa atitude de Gabriel.

- Dalila, vamos nos casar de qualquer jeito, nossos pais já arrumou isso, você vai ser minha de qualquer maneira, pra que esperar o casamento? Assim vamos treinando pra quando tivermos um filho.

- Eu não quero, prefiro esperar. As coisas podem mudar até lá.

- Mudar? Nosso casamento já foi planejado desde que eramos pequenos, como você acha que isso pode mudar? Você vai se casar comigo querendo ou não.

Apenas olho pra ele assustada.

- Ou você vai enfrentar seu pai? Eu duvido muito, você é minha.

- Gabriel, me solta, eu quero ir pra minha sala - peço segurando minhas lágrimas.

- Calma, eu quero sentir seu corpo, quero fazer amor com você - ele desce a mão até minha bunda e apalpa.

Engulo seco e fecho o olho segurando minhas lágrimas.

Ele continua me prendendo contra a parede, sinto seus lábios frios em meu pescoço, ele tira a mão da minha bunda e por cima da minha calça jeans passa a mão em minha parte íntima, nesse momento as lágrimas que eu insistia em segurar caem. Sinto repulsa por ele.

- Gabriel, para - peço com a voz embargada.

- Eu sei que você está gostando.

Em um ato rápido ele enfia a mão por de baixo de minha blusa e agarra meu seio.

- Me larga - grito chorando.

Me debato contra ele e contra a parede tentando sair dali.

- Me solta Gabriel - grito novamente.

Ele gruda sua boca na minha, abafando meu grito. Continuo me debatendo.

Consigo empurrar ele para longe de mim. Ele me olha assustado ao me ver naquele estado de desespero.

Saio correndo em direção a minha sala. Algumas pessoas que estavam no corredor me olham curiosas.

Entro em minha sala empurrando algumas pessoas que estavam na minha frente. Junto minhas coisas rapidamente em minha mochila.

- Dalila, o que aconteceu? - ouço Lívia perguntar.

Assim que termino de colocar minhas coisas em minha mochila, saio correndo da sala em direção ao banheiro.

Quando entro no banheiro, corro pra dentro de um box e ali deixo que todas minhas lágrimas caíam.

- Dalila, me conta o que aconteceu - Lívia diz do outro lado da porta.

Saio do box e abraço ela ainda chorando.

Conto tudo o que houve a ela e ficamos ali até dar o horário de ir embora.

Coração BandidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora