Capítulo 7

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A semana passa rápido. Desde quinta-feira estou falando para meus pais que estou com cólica.

- Dalila, vai se arrumar, daqui a pouco já vamos sair - meu pai diz entrando em meu quarto.

- Estou com muita dor pai - resmungo.

- Toma remédio, mas vai se arrumar logo.

- Eu não estou aguentando - continuo deitada.

- Você não vai ficar em casa, se arrume logo.

Não respondo e me encolho fingindo dor.

Bom, já que ele vai me levar pra igreja de qualquer jeito o melhor que eu faço é me arrumar. Não deu certo o que planejei.

Acredito que a festa da Lívia vai acabar bem tarde, talvez até amanhecer, por isso quando eu chegar da confraternização eu vou pular a janela e sair pra ir, mas eu não vou perder de maneira alguma essa festa.

Coloco um vestido verde frente única na altura dos meus joelhos, uma sapatilha e deixo meus cabelos soltos. Passo apenas um pó em meu rosto e saio do meu quarto com uma expressão nada boa.

- Troca de vestido - meu pai diz sério.

- Por que? - questiono.

- Porque está a mostra seus machucados.

- Que o senhor fez.

- Não interessa, troca - ele é ríspido.

- Pai, eu estou morrendo de cólica, ta muito calor lá fora, se eu usar um vestido longo de manga longa pra esconder o que o senhor fez, eu vou passar mal e as pessoas vão perceber.

- Tudo bem, fica aqui, não quero que as pessoas vejam que você não está bem, hoje vai ser um grande dia.

Na verdade ele não quer que as pessoas vejam o que ele fez comigo.

Pelo menos vou conseguir ir na festa da Lívia.

- Eu vou me deitar então, não estou me sentindo bem - digo e volto pra cama.

Ele sai do meu quarto pra terminar de se arrumar. Vou esperar eles saírem para me arrumar e ir, tomara que dê tudo certo.

Assim que eles ficam prontos, eles se despedem de mim e saem. Aguardo um pouco para ter certeza que eles se foram, saio pra fora de casa e verifico se a rua está vazia.

Volto para meu quarto para me arrumar.

Quando pego meu vestido a campainha toca. Escondo o vestido novamente e saio para ver quem era.

- Gabriel? - pergunto espantada ao abrir a porta e ver ele do outro lado do portão.

- Não vai abrir o portão pra mim? - ele pergunta.

- Pra que? Você não vai na confraternização?

- Seu pai disse que você não estava bem e sugeriu que eu ficasse aqui com você, pra te fazer companhia.

Tinha que ser meu pai. Estou ficando cada vez mais irritada com meu pai me jogando pra cima de Gabriel, ele de certa forma está forçando a barra. Não estou gostando nada disso.

- Não precisa ta, eu já estava indo dormir, não tem o que você fazer aqui - minto.

- Tem certeza, eu posso ficar aqui.

- Obrigada, mas não precisa. Eu vou ficar bem ta, agora só preciso dormir.

- Está cedo pra você dormir.

- Mas é bom pra eu melhorar.

- Tudo bem, se precisar de alguma coisa é só me ligar.

- Obrigada - digo e fecho a porta.

Coração BandidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora