Quinze

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Eu queria juro que queria. Todo meu corpo queimava por isso, queimava por beijá-lo. Devido às circunstâncias eu o afastei e ele me olhou com uma interrogação no rosto.

Nossos rostos estavam a centímetros de distância e eu ainda podia sentir seu hálito quente e sua respiração em minha bochecha. Ele me encarava e nada falava.

- Jung... – eu acariciei seu rosto – Desculpa.

- Eu... Entendo. – ele agora parecia ter uma expressão de dor. – Me desculpe Elisa, por fazer isso.

Meu coração estava apertado por ver aquela expressão triste em seu rosto.

- Não é que eu não queira você é lindo e o que me tem demostrado esses dias é que é um homem maravilhoso, mas, eu tenho medo Jung.

- Medo? De que?

- De você! Tenho medo de que não esteja sendo sincero e que só esteja querendo brincar comigo. Você não me recebeu bem nem quando éramos meros vizinhos! E também eu tenho medo de me apegar a você de uma maneira que não seja somente pela amizade.

- Mas você disse que eu sou sua família, tudo o que você tem!

Ele agora parecia um adolescente mimado fazendo birra.

- Sim, você é. – eu retirei a mão de seu rosto e o puxei para um abraço. – Mas o que eu tenho mais medo é de que eu me apaixone... – eu o apertei mais firme.

Estava morta de vergonha para o resto da vida depois dessa ridícula confissão. Como é que eu solto uma coisa dessas para o cara que eu odiava mortalmente? Tá que eu só odiava o caráter dele porque já a sua aparência era outros quinhentos!

Já que eu tinha começado a ladainha, agora que ajoelhei tenho que rezar não é mesmo?

- Eu sempre fui carente de afeto Jung. Eu tinha somente minha mãe para me proporcionar isso – eu continuei o abraçando – mesmo que meu pai me desprezasse e sempre que pudesse jogaria na minha cara que eu sou uma imprestável, uma filha indesejada além de culpar minha mãe por ter seguido em frente com a gravidez, ela sempre me amou e sempre me disse que eu era tudo para ela. Quando ela morreu tragicamente na minha frente, eu perdi tudo o que me importava e tudo por causa da desgraçada da amante do meu pai. Meu melhor escudo é o ódio e o desprezo das pessoas, - eu saio do abraço e o encarei com lágrimas nos olhos e para minha surpresa, ele também estava chorando – entende?

Ele limpa meu rosto com sua mão molhada.

- Eu não sei como reagir a isso Lisa. Tudo o que eu sei foi que você me desarmou em tão pouco tempo e eu não consigo manter minhas mãos longe de você. Desde aquele beijo tudo o que eu quero é abraçar você, te beijar, te dar afeto, mas eu tenho medo. Eu estou assustado! Tenho medo que me traia como os outros, medo que se envergonhe de mim e que ria de mim pelas costas.

- Por que eu faria isso Jung?

- Todos na faculdade fingem me respeitar pela frente, mas quando não estou eles falam muito mal de mim, não que eu me importe, mas, a única vez que eu confiei em alguém essa pessoa me traiu friamente.

- Parece que somos parecidos não é mesmo? – eu solto uma risada triste – Vamos ser amigos e apoiar um ao outro que tal?

- Concordo. – ele me abraçou com força – Obrigado Elisa.

XXX

Yoo Jung

Já era noite e nós estávamos devidamente vestidos para o frio da madrugada ao lado daquela cachoeira.

A ideia de acampar no meio do nada a deixava assustada. Ela odiava coisas rastejantes e tinha medo de insetos, o que me rendeu boas risadas.

Depois do nosso episódio triste de mais cedo, voltamos a rir contando histórias engraçadas e nos conhecendo mais um pouco.

- O ramyeon está pronto. – ela falou concertando a touca que estava em sua cabeça – Que lugar mais gelado é esse a noite? Olha o tanto de mosquito!

- Desculpe, esqueci o inseticida e o repelente. O frio eu posso resolver. – peguei um cobertor e arrastei meu banco para o lado dela sentando-me e colocando a coberta em suas costas passando meu braço por seus ombros – Está quentinha agora?

- Acho que sim. – ela sorri envergonhada. – Obrigada.

- Esse foi um belo passeio, obrigado pela companhia. – falei sorrindo.

- Amanhã voltaremos a Seoul, e isso ficará na pasta de boas lembranças que eu fiz com o Jung.

- Tem uma pasta assim no seu cérebro? – perguntei com a sobrancelha arqueada.

- Tem sim. E até agora só tem dois arquivos: Passeio pela ilha de Jeju e a caminhada para a cachoeira verde.

- Tem as de más lembranças com o Jung?

- Illh, essa ai tá lotada! – ela sorri. – Primeiras impressões do Jung, ele e a Na Eun juntos me enchendo o saco, ele me ignorando na aula, e isso só para começar!

- Você é má!

- E você rabugento! – ela cutuca meu peito para enfatizar o que disse.

Dividimos os ramyeon. Parecia até que estávamos namorando. Observe: Eu e ela a sós numa cachoeira nadando juntos, nos abraçamos, estamos dividindo o ramyeon além de compartilhar nosso calor corporal por causa do frio que faz, e para fechar com chave de ouro: vamos dividir a barraca!

Ela puxa o meu braço livre para olhar o relógio em meu pulso.

- Caramba! Já vai dar 11hrs da noite?

- É o que parece.

- Vamos comer rapidinho, arrumar umas coisas e ir dormir, afinal, amanhã vamos viajar para Seoul.

- Sim capitã!

Arrumamos as coisas tirando a barraca.

Deixamos tudo pronto, para quando amanhecer só iriamos desmontar o lugar onde dormimos, comer e partir morro abaixo.

- Jung, promete que não liga se eu te abraçar enquanto durmo? – já estávamos devidamente separados em nossos sacos de dormir. Eu dou risada do que ela fala lembrando-se de ontem quando acordamos abraçados.

Eu me aproximo do corpo dela e a abraço. – Promete que não liga se eu abraçar você agora? – eu a vejo corar.

- Se você não dormir em cima de mim tudo bem. – ela diz tímida.

Ela puxa meu braço direito e o coloca embaixo de sua cabeça. – Vai me servir direitinho como travesseiro!

Eu me aproximo mais e ela se vira para mim me olhando com seus olhos verdes enormes que agora estavam escuros devido a suas pupilas ligeiramente dilatadas.

Eu a abraço e ela se aproxima do meu corpo com a desculpa de estar frio e me abraça de volta.

- Boa noite Lisa. – eu digo dando um beijo no topo de sua cabeça.

- Boa noite Jung. – ela diz de olhos fechados.

Casamento forçado: A descoberta do amor (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora