Capítulo 31

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Não é como se eu acordasse no meio do sol, é como se o sol acordasse, literalmente, dentro de mim. Meu coração esta aquecido, tudo arde, as emoções, ansiedade e o medo. Tudo junto me faz ficar histérica, desastrada, eufórica. 

Pulo da cama seis e dez da manhã, nem precisou de despertador. Corro para o banheiro, mas antes, “Live For The  Drop” do Capital Kings ecoa tão alto no meu quarto que não consigo ouvir nada, só a musica. Ligo o chuveiro, e enquanto a água fria cai em mim, eu danço e canto animada.

— Yea, Yea. Yea we live for the drop. Yea we live for the drop. Yea, Yea. Yea we live for the drop.

Termino o banho, me enxugo e vou para o quarto. Uso hidratante corporal, uso minhas roupas íntimas e, um vestido jeans de alcinha, três palmos acima dos joelhos, e tênis branco. Soltos os cabelos que estão perfeitos. Visualizo as horas, e já são seis e quarenta da manha. Arrumo minha cama, e dobro os joelhos para falar com meu pai. Falo com Ele por vinte minutos, logo após, desço para ver se todos já acordaram. Enquanto desço cantarolo uma música da Priscilla Alcântara.

— Hum! Tem alguém tão feliz hoje – me abraça por trás, me pegando de surpresa. Sim, meu maninho mais velho está bem diferente.

— Esse alguém não é só eu, você também está radiante – beijo sua bochecha.

— Bom dia gata – Marcos me puxa dos braços do Tiago, que começa uma guerrinha.

— Não briguem crianças, tem Jéss pra todo mundo – digo separando eles, os dois reviram os olhos pra mim. Chatinhos.

Tomamos café em família e, depois de, exatamente, tudo pronto, entramos no táxi. Tivemos que chamar dois táxis porque a família é grande. No caminho digito uma mensagem para Isaque.

“Bom dia! Tudo bem? Que seu dia seja ótimo. Estou indo já para o aeroporto, estou eufórica, só imagine kkkkk. Beijos (coração e um emoji mandando beijo)”.

Mensagem enviada, levanto celular e tiro selfie com as meninos, só faltou Marcos que foi em outro carro. Chegamos rápido no aeroporto, graças a Deus. Encontramos com papai e fomos pra sala de embarque. Meu celular apita, avisando que havia chegado uma nova mensagem. É ele.

“Bom dia minha linda! Estou bem, você eu sei que esta maravilhosa. Obrigado, desejo tudo em dobro pra você. Saiba que estou feliz pela sua felicidade. Boa viagem, Deus abençoe a ti e sua família. Não se esqueça de me ligar em? Vemo-nos em breve. (três corações e um emoji apaixonado).”

Mais uma vez eu estou sorrindo feito boba, mas logo me toco que estou em publico.

— Quem é o ele? – bloqueio o celular rapidamente, Marcos me cutuca de lado. – Eu vi.

— Quem ele? Ah! É só um amigo – digo envergonhada, fui pega no flagra.

— Vai mesmo esconder de mim?

— Não estou te escondendo nada, não tenho nada pra esconder.

— Eu acho que tem sim – Tiago se junta contra mim. Oh Jesus! Dois não. — Quem é esse que está ligando ai então?

Meu Deus me salve. Tão nervosa estou, que nem percebi o celular vibrar na minha mão.

— Ah! É um amigo – ignoro a chamada. Escondi o telefone e olhei para longe. Eles continuam me encarando, minhas mãos soam. Sei que ele vai ficar chateado, e talvez preocupado. Mas não sei o que fazer, não enquanto meus irmãos estiverem de olhos em mim. 

— Pode atender nega, se quiser contar pra gente, estamos curiosos, caso não queira – ele dá de ombros e sorri. — Fazer o que né?

— Faremos um dia de irmãos, ai eu conto tudo, e vou querer saber cada detalhe de vocês também.

Afasto-me um pouco e retorno a ligação.

— Desculpe-me, meus irmãos estavam em cima de mim, e para não ter que explicar nada agora fiquei sem jeito de atender – a digo assim que atende.

— Desculpas eu é quem peço. Não é o Zaque que esta falando.

Deus do céu! Não creio nisso. Mas que vergonha! 

— Quem esta falando então? Eu tenho certeza de que digitei número correto.

— Calma Jéssica, eu sou a Sara, irmã do Isaque – diz dando risada. Ela tem um sotaque tão arrastado que nem parece ser brasileira.

— Ah! Oi Sara, tudo bem? – minha voz sai soprando.

— Tudo jóia linda, estou bem de mais. Até que enfim falando com você.

— Isso quer dizer que você já ouviu falar de mim?

— Ouço de você todos os dias, mas só descobri seu nome há alguns dias. E acredite, fiquei feliz com isso.

Ela disse que ouve falar de mim TODOS OS DIAS? Vou explodir Deus, antes de chegar a Paris.

— Agora estou curiosa... – digo após pigarrear.

— Não fique, porque não foi ele quem me contou seu nome. Foi assim; eu percebi que ele estava meio diferente, só ficava com o celular, e ele não tem esse costume. E também ele sorria toda hora, e sempre tinha que ligar pra alguém, e... 

Ela parou de falar quando ouviu a voz dele dizer alguma coisa. Logo ele continua a falar, dessa vez consigo ouvir.

"Sara você ficou louca? Com quem esta falando" – a sua voz é seria.

— Que falta de educação menino, estou falando com a Jéssica – além dela chamar a atenção dele, ainda disse meu nome como se estivesse tudo normal ela me ligar do telefone dele.

"Você tem o que na cabeça? O que você falou? Meu Deus, você deve esta me difamando. Dá-me logo esse telefone." – sua voz é desesperada, tão desesperada que não consigo prender o riso. 

Gargalho sem me preocupar com as pessoas me olhando e como se não tivessem brigando do outro lado da linha. Estou curiosa e preocupada, mas deixa os comentários para depois.

"Tchau cunhada, foi um prazer falar com você. Pena que meu..." – ela grita de longe.

— Já chega – ele diz e faz um barulho estranho na linha. — Alô? 

— Oi! – digo ainda rindo.

— Desculpa por isso. Minha irmã não sabe ser normal às vezes, não dê ouvidos ao que ela disse.

Quando ia responder, meu vôo foi  chamado. Ri baixinho e vi meu irmão fazer um gesto engraçado, ri mais.

— Sua irmã é uma graça, e me deixou curiosa sobre alguns assuntos — ri. — Ei, tenho que ir. Mando-te mensagem quando chegar, ou então te ligo.

— Tá bom, linda. Tenha uma boa viagem.

Graças a Deus, não fiquei com a poltrona da janela, meu subconsciente me alertou de que eu poderia passar mal caso ficasse na janela. Na poltrona da janela foi uma garota, eu no meio e Tiago na beirada. Marcos ficou ao lado de pessoas diferentes, e Calebe com meus pais. Conecto meus fones no celular, minha intenção é escutar música durante toda a viagem, enquanto tento processar o que Sara disse. Mas fui despertada, bem antes de uma música do NF começar a tocar.

— Olá!

— Oi— digo sorrindo de lado.

— Acho que vai ser legar fazermos amizade, já que o vôo será longo.

Ok! Ela quer fazer amizade. Então vamos fazer amizade, Vai que dura pra vida toda. Já pensou quando postarmos uma foto nossa no facebook com a legenda; “nos conhecemos no avião, durante um vôo pra Paris”, posso imaginar os comentários invejosos. 

— É uma ótima idéia — respondo, estendo minha mão. — Jéssica!

— Gisele.

🌙

Tradução da música que a Jéss curtia enquanto tomava banho.

“Sim, sim. Sim nós vivemos para a queda. Sim nós vivemos para a queda. Sim, sim. Sim nós vivemos para a queda”.

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