Capítulo 19

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Permaneço olhando Jacqueline, ela desviava o olhar furtivamente toda vez. Eu não consigo engolir o fato dela estar de papo com Christian, ela alegou odiá-lo, e isso vem de antes de conhecermos. Toda vez quando íamos embora juntas, e acontecia de encontra com ele no caminho, ela sempre dava um show e me fazia dobrar outra esquina. O lema dela era manter o máximo de distancia possível dele, mas agora ela vem com essa. Essa situação não me é familiar.

— Qual seu problema Jéss? Por que esta dizendo isso? A Kelly queria conhece-lo e eu fui apresenta-los.

— Quer saber? Tanto faz – dou de ombros as ignorando.

— Nós somos amigas e contamos tudo umas para as outras. Então que tal você nos contar com quem falava mais cedo?

— Isso é invasão de privacidade. Você não percebeu que eu falava ao telefone? Poderia ser problemas familiares que não diz respeito a vocês. 

Acomodo na cadeira em sala de aula, viro-me para frente e ignoro os bochichos que iniciaram. Dou lugar a nuvem de pensamentos que desabrocham me fazendo voar para longe dali. Para as minhas conversas minha com Isaque. 

Eu poderia ter contado as meninas sobre ele, sobre como eu estou feliz. Mas sabe quando você não se sente a vontade nem para citar o nome da pessoa? É o que eu sinto. Não falei dele para ninguém, e nem quero falar. E eu acho que eles nem vão notar diferença, eu nunca falo nada mesmo.

O final para o intervalo soou, e eu fiz questão de ser uma das ultimas a deixar a sala. Eu queria manter distancia delas, mas isso não aconteceu porque Kelly me chamou para comer com elas e eu fui porque não tinha mais para onde correr. Sentamos e jogamos conversa fora, depois Marcos aparece e, como se não bastasse, vem trazendo Christian.

— Posso me sentar? – e pela primeira vez em anos, aqui esta o popularzinho pedindo permissão. E o que é ainda mais irônico e engraçado; ele pediu a mim.

— Dê só uma olhadinha a sua volta – digo indicando o refeitório. — Está vendo a quantidade de mesas vazias? Sente-se lá, vai ser melhor pra todo mundo.

Ele me olhou – até parecia humilde – e eu, sorrindo, voltei a me sentar e comer meu sanduiche.

— Não seja do mau, Jéss – ele dá aquele sorriso que acha que pode me convencer, em seguida senta-se ao meu lado. Afasto-me consequentemente.

— Vocês precisam conversar – meu irmão cochicha diz para todos ouvir. Faço uma careta.

— Não temos nenhum assunto pendente – digo em resposta, depois me aproximo do seu ouvido; — seria legal se você o levasse para bem longe de mim.

Marcos é palhaço e adora fazer gracinhas em público, já eu odeio ser notada. Mas ele não se importa, e faz questão de morder a minha bochecha bem na frente de todos. 

— Nojento – murmuro limpando minha pele.

— Eu amo você – ele diz gargalhando alto junto de Chris. Dois idiotas.

— Saco – Kelly diz e bate a bandeja na mesa. Olho em sua direção e a mesma me olha furiosa. Eu sem entender sorri sem graça, e Marcos parecendo entender abraça-me pelos ombros.

— O que está fazendo? – cochicho para Marcos. Eu queria afastá-lo, mas o olhar da garota me queima.

— Só fica quieta e não me afasta – diz. Sorri e fiquei quieta aproveitando para comer suas batatas-fritas.

— Jéssica, podemos conversar? – Christian pergunta outra vez. — Por favor, eu juro que vai ser rápido.

Reviro os olhos.

— Nossa amiga – Kelly começa. – Eu acreditava cegamente que você era diferente.

Termino de beber meu refrigerante.

— O que você quer dizer? – a encaro e Jacqueline abaixa a cabeça. A mesma parece prender o riso. 

— Olha só para você, se joga no colo de um e de outro. Até parece uma cadela – conclui rindo alto.

— Não sei o que você acha que sabe, mas esta me ofendendo – digo tentando não afeta-la com grosserias. 

— E acaba de chegar quem faltava – Jonathan diz sentando no espaço vago.

— Que bom, porque agora a Kelly vai explicar seu comentário. Mas antes, eu gostaria de deixar bem claro que essa garota aqui é a minha irmã. – Marcos diz como quem não quer nada. Eu queria encara-la e fazer caras e bocas, mas me contive apenas dando risadinhas.

— Espera aí – Jona já começa a rir e direciona a pergunta diretamente a afrontosa; — você pensou mesmo que eles fossem namorados?

— Eu só quis dizer que... – ela tenta argumentar.

— Não precisa bancar a tonta, querida. Quando nos conhecemos você perguntou quem ele era e obteve resposta. Você também perguntou a mesma coisa dois dias depois, e outra vez eu respondi. Não seja surtada, e nem finja ter problemas com a audição porque sabemos que você não é retardada.

— Vamos nos acalmar, né pessoal? – Marcos ri. — Toma Jéss, beba um pouco de água.

Ela mantem o olhar me encarando, e eu faço o mesmo de volta. Meu irmão estava tão perto de mim, que eu não o afastaria só porque uma fulaninha sente ciúmes. Ou aceita, ou aceita. Somos irmãos, e o problema é dela se não aguenta.

— Folgada – digo a ela antes de sair da mesa.

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