Capítulo 18

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5 meses depois

Algumas coisas melhoram com o tempo, né? Eu penso que sim. Mas voltar pra escola não é uma coisa boa, então posso dizer que nesse quesito só piorou. Desde a hora que atravessei os portões do colégio, fui enxergada como "à louca que pós o popular no chão". Claro que todos ficaram fofocando sobre mim nos corredores, e por mais que eu queria mandá-los desaparecer, eu me contive. 

Tudo seguia normalmente, menos algo muito assombroso e medonho, Christian nem olhava mais na minha direção, e eu agradeci a Deus por isso, mesmo desconfiado que e algo ruim pudesse estar prestes a acontecer. O sentimento que eu tinha por ele, sabe, transformou-se em ódio. Decidi não me importar com coisas alheias, bola pra frente que a história agora é outra.

Minhas falsas amigas continuam como sempre, às vezes me excluindo dos assuntos e sendo amigas de outras pessoas que me odeia, mas eu não digo nada, como todas às vezes. 

Agora... Isaque. O que dizer sobre ele? Talvez queira descrever que nossa amizade vai se bem melhor, ou devo dizer que meu coração insiste em querer bater forte por ele? Isaque sabe ser engraçado é bem crítico sem magoar, ele consegue contar piadas idiotas e me fazer rir, sabe ser lindo sem alcançar a intensidade do meu olhar real. E eu, bom, não vamos falar muito sobre porque isso pode me custar um distúrbio mental, ou uma enlouquecia.

O que está acontecendo na minha casa é o ponto mais chato dos fatos sobre mim. Não tinha nada para ser mudado, tinha? Eu não sei, não parece ter nada que possa melhorar. Eu aprendi – com  Isaque – que devo viver um dia de cada vez. Apenas viver por mim, pra Deus e um dia pra um amor, sem depender dos outros pra nada. De vez em quando me dá umas crises de raiva, dou alguns socos na parede, e depois escuto uma música pra acalmar. Britt Nicole é minha calmaria.

E tem uma coisa bem assustadora: os meus sonhos continuam sendo sonhos, nunca passam disso. Já cheguei à pergunta Deus o que foi que eu fiz para merecer seu silêncio, mas logo vem Isaque com a resposta; Isaías 59:1 – “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para que não poder ouvir.”

E lá estava eu, completamente, sem palavras após uma resposta dessas. Fui idiota ao pensar que Deus não estivesse me ouvindo, afinal, o silêncio também é resposta. Deus tem suas formas de trabalhar, e eu não as conheço. Óbvio. 

🌙

Hoje é mais um novo dia e aqui estou eu no portão, esperando a escola ser aberta. Do lugar onde estou consigo enxergar Jacqueline e Kelly conversando com dois garotos que não consigo reconhecer. Elas me veem e dizem algo, em seguida some de vista.

Legal, elas não querem ficar perto de mim.

A voz grave assopra em meus ouvidos me causando arrepio nos braços e nunca, dizendo; eu estou com você!

Viro bruscamente pra trás e não encontro ninguém, então acredito que é Deus mais uma vez falando comigo. Meu coração se enche de alegria. É bom saber que não estou só, tenho a melhor companhia bem aqui comigo.

Meu celular vibra no bolso, aquele rosto conhecido e brilhoso me faz sorrir. Meus olhos viajam no nome que não saí dos meus pensamentos.

— Olá – digo tentando controlar minha empolgação.

— Good morning, Angel! – sua voz melodiosa viaja pelas vias telefônicas. Meu coração erra uma batida.

— Oh meu Deus! Não tenho um tradutor aqui – declaro rindo com humor, ele não economiza, simplesmente gargalha.

— Bom dia, anjo! Ficou mais claro? – ele ri mais.

— Tão claro como água, me lembre de fazer umas aulas de inglês – brinco.

— Anotado senhorita! Como está nessa manhã? Acredito que esteja na escola.

— Eu estou muito bem, acredite. Espero que esteja bem melhor que eu.

— Estou maravilhoso, falar com você trás essa sensação.

Meu coração acelera ainda mais, eu mordo o lábio para conter o gritinho animado que eu queria dar.

— Liguei só para fazer seu dia começar mais feliz, saber se está bem e te desejar bom dia. Não quaro atrapalha seus estudos!

— Oh não, você nunca atrapalha – me desesperei de repente. Ele não pode desliga. — A escola não abriu ainda, não se preocupe.

— Perfeito. Ontem não nos falamos à noite, você esteve bem?

— Podemos falar sobre isso depois? Aqui não é o melhor lugar.

— Ok! Diga-me quando estiver à vontade.

— Droga! Terei que desligar. Falamos depois? 

— Claro anjo. Eu te ligo. Boa aula e se cuida!

— Obrigada! Bom trabalho, beijos.

E eu ouvi odiado 'tu, tu, tu', o que me consola é saber que irei falar com ele mais tarde. Que eu sobreviva até lá.

— Por que não nos esperou no portão? – uma voz familiar me tira o sorriso apaixonado. Jacqueline!

— Porque vocês não me queriam por perto, já que fingiram que não estavam me vendo no portão desde seis e quarenta – encaro os quatro pares de olhos que fingem simpatia.

— Estava apresentando a Kelly para o Chris, e até onde eu sei você o odeia. Seria estupidez fazer isso perto de você.

— Seria uma baita estupidez. Mais sabe o que é mais estúpido? Você os apresentar. Não era você que odiava à cara de rato dele?

Ela me encarou duvidosa, depois deu aquela risadinha desesperava e ficou mexendo nos cabelos.

Sonhar Os Sonhos De Deus Where stories live. Discover now