Capítulo 12

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O ponteiro do relógio indicou dezoito horas da tarde, e eu reviro o guarda-roupa tentando encontrar algo vestível, confortado e apresentável. Eu não vou ao encontro jovem só porque minha decretou como castigo, eu vou porque eu quero.

Ouço batidas na porta e bufo frustrada.

— Pode entrar.

— E aí, você já escolheu sua roupa? – Marcos entra impecável dentro de uma calça social, camisa cinza e sapatos sociais.

— Já – digo levantando uma peça de roupa.

— E por que você não parece muito animada? Está indo só porque a mamãe te obrigou?

— Não, é porque eu vou ficar fisicamente sozinha – confesso a derrota.

— Você vai comigo – olhei com sarcasmos. — É sério, não vou tocar.

— O quê?  É o que você mais gosta de fazer. Por que não vai tocar?

— Deixei a oportunidade para o Jonathan.

— Não fez isso por minha causa, né? – a consciência pesou. Ele deu de ombros, e eu queria abraça-lo, mas que contive.

— As dezoito e quarenta sairemos, esteja pronta.

— Estarei.

Assim que a porta foi fechada, dei tantos pulinhos de felicidade que minhas pernas doeram. Corri para me arrumar e eu fiz o que pude para  ficar bonita e elegante. Não queria ser mal falada outra vez.

— Pensei que iria negligência minhas regras – ela comenta encostada no batente da porta enquanto eu me analisava um pouco mais no espelho.

— Vou com Marcos.

— As minhas estarão lá, aproveita e se desculpa.

Dou de ombros e continuo na mesma posição, eu não estava nem um pouquinho a fim de olhar pra ela.

— Por que Tiago saiu daqui com uma cara péssima? O que você falou com ele? – e o tom de voz mudou. Eu até tinha esquecido que ele é o filhinho da mamãe.

— Verdades, o que ninguém gosta de ouvir.

— O quê você falou? — ela aumenta o tom da voz. Acho que despertei a fera.

— Ei – chamei mais alto que o tom que ela usou comigo. — Virou agente da FBI agora? Se quiser saber, por que não vai perguntar ele?

— Você é mesmo uma ogra sem educação, nem acredito que... 

— A droga! Só me faltava essa mesmo.

Saio do quarto a deixando falando sozinha, se continuasse e ouvisse o que sua boca falaria certamente eu me chatearia. Desço pra sala encontrando Tiago mexendo no celular distraído.

— Ei! – chamei e ele desviou os olhos do celular por meros dois segundos. — Desculpa, não porque ela esta enchendo o saco, mas desculpas.

— Relaxa, nem senti.

— Eu sei que ficou chateado – me aproximo mais dele.

— Tá legal, eu não gostei da forma que você falou, e odiei seu orgulho. Mas tudo bem, eu de desculpo, mas dá próxima vez você vai se ver comigo.

— Espero não ter próxima vez – sorri, ele me puxa para o abraço. Surpreendendo-me totalmente.

— Será que podemos interromper o momento chiclete e ir pra igreja? – Marcos corta momentos especiais chega chamando nossa atenção.

— A seu dispor apressadinho – digo.

— Vão com Deus rapazes – a mulher que tenho como mãe diz aos meninos, rapazes, homens, tenderam?

— Amém mãe, fique com ele!

Acomodo-me no banco do passageiro, e Marcos no carona e lá fomos nós. 

— A Isabela irá ficar junto de nós, se a verem chegando acene pra ela nos encontrar – Marcos diz correndo os olhos pelo local já cheio.

— Tá legal, né? – respondo.

— Está mesmo concordando Jéss? — Tiago me encara.

— Estou sim! Ela não é um monstro, e eu não tenho medo de monstros. E também tem a parte de "amar o teu próximo como a ti mesmo", essa prevalece sempre.

Ele apenas dá um sorriso. Enquanto o culto não iniciava as pessoas conversava, e outras pessoas passa o som. Nós estávamos perto da porta rindo de uma piada idiota que Marcos contou. Tiago recepcionava os jovens junto de outra garota.

— Olá vasos, a paz do Senhor – Jonathan salda sorridente, como ele sempre é. — Já estava pensando em como ir trazer arrastada, mas agora que veio por livre e espontânea vontade, eu fico feliz em te encontrar aqui, Jéss.

Apenas soltei um sorriso, eu fico meio retardada assim mesmo às vezes. Só faço rir.

Logo que o relógio marcou dezenove horas cada um tomou seu posto, fiquei bem na frente, de um lugar onde conseguiria ver o altar e o preletor. Curvo minha cabeça para orar, enquanto a banda fazia um solo de uma canção desconhecida por mim. Logo após começaram a cantar "para que entre o Rei", a igreja canta junto formando um belo coral. Pessoas se entregavam e recebiam o batismo com o Espírito Santo.

O louvor seguiu com canções da Isadora Pompeu, Isaías Saad, Gabriel Júnior, Luma Elpídio, Gabriel Guedes e até Priscilla Alcântara. Até que a palavra foi passada para os líderes de jovem. Jadson assumiu o altar ao lado de sua esposa Elaine.

— Saldo a todos com a doce e mais perfeita paz do Senhor Jesus! – a Elaine disse, e a igreja respondeu "Amém!". — É um motivo de imensa alegria estar aqui com essa linda quantidade de jovens. Quero já dizer que sua presença não é em vão aqui nesta noite, e o Senhor está aqui, então peça o que queres e Ele o fará.

Senti um arrepio percorrer o litoral da minha espinha, senti como se um vento dócil e grave soprasse meus cabelos. Meus olhos sem delongas marejaram enquanto fixo-os atentamente no altar onde Elaine falava em línguas estranhas. Meu coração disparou, uma alegria e segurança me atingiu em cheio. Ele estava ali.

— Aproveitando a oportunidade quero deixar um versículo para meditação de todos, fica no livro de Eclesiastes onze a seguir. Que diz assim; 1- Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.

2- Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra.

3- Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará.

4- Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.

5- Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.

“Ei jovem, Deus tem obras grandes para fazer na sua vida essa noite” – ela continuou a dizer após à leitura. 

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