Capítulo 25

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Não tem como dormir depois de ser acordada por um sujeito que sonhou com você. Ou pelo menos eu não consigo nem cochilar. Toda hora me vem em mente algumas possibilidades de sonhos que ele possa ter tido comigo, e o que me deixa mais inquieta é o elogio. Linda que ele disse? Como pode ter mudado tanto ao ponto de enaltecer a minha beleza no meio da madrugada?

Se não tenho mais sono, nem o que faz, então vou fazer reflexões sobre a vida. Fui terrivelmente obrigada a ficar no hospital até que um doutor boa pinta teve dó de mim e me liberou. Dormi durante o caminho todo até chegar a casa, e ainda não sei como cheguei viva na minha cama. Mas eu sei uma coisa, e essa eu vou repetir: não foi nada legal ser acordada uma hora desta com uma ligação de Christian.

Quando estou perto do Chris, ou quando eu o vejo na minha casa, começo a pensar nos sentimentos que outrora nutria por ele. Lembro-me de como eu sonhava que as coisas acontecem, e olhando para onde estivemos e estamos eu só quero que aqueles pedidos, aquelas orações nunca se cumpra. Eu jamais quero amar ele como um futuro namorado e marido. Hoje eu sei disso.

Eu sei que Deus pode me surpreende a qualquer momento, e se Christian for o cara que Deus escolheu pra ser meu futuro esposo, não será outro. Porém eu acho que não aceitaria isso, preferiria ficar sozinha. E aí entra Isaque, caramba, é incrível como pouca coisa pode se tornar uma enorme confusão.

Como vou saber quando será a pessoa certa pra mim? Eu sei que é Deus quem fala, mas como ele irá me dizer isso? Nunca estarei pronta pra receber alguém, infelizmente eu mal sei me amar. Entendo que o que passou, passou. E que eu não serei nunca mais a velha Jéssica. Mas quem me amaria? Ou, qual decisão tomaria? Ontem eu havia decidido sonhar somente os sonhos de Deus, e olhe pra mim agora.

Se Deus não me ajudar, uma hora destas eu vou enlouquecer. 

Uma lágrima rolou. Nunca consigo cumprir com o que falo, sempre tem algo, ou alguém. 

Já cansada, a fim de dá um basta. Conecto os fones no meu celular e coloco pra tocar a música “Primeiro Amor” da banda EETE.

🌙

Despertei com o coração a mil, um sorriso enorme surgiu nos meus lábios. Eu senti minha fé ir às alturas. Eis que você me pergunta o que aconteceu, e eu tenho o prazer de relatar cada mínimo detalhe.

Muitas coisas aconteciam no sonho e era tudo maior e mais intenso do que eu imaginava. Era tudo mais perfeito e eu me lembro de perguntar a Deus no sonho; o que é tudo isso? Como pode acontecer tudo isso. E eu ouvi sua doce e calma voz me dizendo claramente: sonhe os meus sonhos.

Nunca tinha visto algo mais incrível, principalmente a voz do Senhor. Sonhar os sonhos de Deus, isso é o que preciso fazer. Mas ontem eu disse isso, é eu disse. E a questão é que isso foi ontem o que eu sinto agora é fogo. Chamas de amor, fé e coragem queimam dentro de mim, elas me dizem o tempo todo para agarrar esse desafio.

Meu despertador esbraveja e eu pulo pra fora da cama. Tomo um banho gelado, lavo os cabelos, uso vestido de malha, calço minhas chinelas e saio pela casa cantando Marcela Taís.

— Quem resiste mesmo que doa. Ganhará do Pai uma coroa. O sol continua lá, mesmo que chova – imito um som de instrumentos e continuo a cantar. — Sobrevivi, fiquei mais forte aprendi. Machucou, mas estou de pé. A dor não foi maior que a minha fé.

Minha voz saiu num fiapo juntamente com a palavra fé, em seguida soltei um grito tão alto que meus próprios ouvidos doeram. Tinha uma coisa grande e gelada nas minhas costas. Sem mover um músculo, junto um pouco de ar e grito;

— SOCORRO!

Minha voz estava saindo nos trincos, minha garganta queimava e mesmo assim continuei a gritar.

— Oh meu Senhor Jesus! O que isso menina? Com essa gritaria você vai desperta o mundo.

Papai respirava cansado por ter corrido até a cozinha, enquanto seu olhar procurava em todos os cantos o erro.

— Tem. Uma. Coisa. Nas. Minha. Costas – digo pausadamente, eu estava tremendo.

— Aí Jesus, a casa pegou fogo? O quê foi? – e mamãe olha para a sua cozinha linda e impecável.

— Tem um bicho em mim – entro em pânico ao sentir a coisa gelada escorregar nas minhas costas.

— Vire de costas querida – em câmera lenta eu me viro. — Ai Deus!

Ela me causa mais medo, e logo começa a rir a beça.

— O que tem ai? Tira logo e parem de ri – começo a alterar a voz. Meu pai se aproxima rindo e tira me dando alívio. — O que é isso?

Ele faz menção em abrir a mão, me escondo atrás da porta. Ele pega a coisa e estica, e eu vejo o que é; amoeba. Eles riem descontroladamente. Não acredito nisso! Na sala os três anjos idiotas escondem sorrisinhos cúmplices.

— Ah! Então é assim? Se eu estivesse morrido, eu ia voltar e puxar o pé dos três, todas as noites – digo tentando ser brava com a ameaça mais infantil dessa vida.

Meus pais se juntaram a eles e e acabou que todo mundo entrou numa crise de riso. A risada deles me fez ri.

— Agora chega de risos por hoje, vamos trabalhar.

— Pai, desfaz essa carranca vai – cutuco-o de lado. Ele dá um leve sorriso e vai pra cozinha.

— Por que o papai tem estado tão sério esses dias? – Tiago pergunta se sentando junto da mesa.

— Ele só anda cansado, e preocupado – minha mãe responde.

— Eu já disse que ele tem que tirar férias – Marcos dá de ombros.

— Séria ótimo fazer uma viagem agora, estamos de férias mesmo – entro no assunto, convencer é o meu objetivo do momento.

— Vou falar com ele sobre isso, vocês vão se divertir – a mãe sai. Sento-me entre Calebe e Marcos.

— Então capitão, o que faremos hoje? – pergunto pra Tiago, o mais velho de nos todos.

— Que tal se a gente for comer? Estou morrendo – diz Tiago e já ataca o pote de biscoitos sobre a mesa.

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