Acordo em um impulso e percebo que estou completamente suada. Isso pra mim não foi um sonho e sim um pesadelo, estou completamente atraída por Otávio, eu não devo e nem quero isso, mas é mais forte que eu. Parte de mim quer muito que eu vá ao encontro dele, mas a outra rejeita completamente essa hipótese.

Depois dessa noite atormentada que tive, vou até o banheiro e tomo um banho bem frio.

Me arrumo e me junto a mesa para tomar café com a minha família. Enquanto comia, observava eles, não me aguentaria de tanta culpa se algo acontecesse com eles. Mesmo não querendo eu vou procurar Otávio e vou fazer o que for necessário para salvar minha família, só preciso pensar em como ir até ele sem que meu pai perceba.

A campainha toca e meu pai sai pra atender e demora um pouco, quando ele volta, ele me encara com uma cara nada boa. Será que foi Otávio? O que será que aconteceu?

- O que foi Ivan? - minha mãe pergunta percebendo a expressão dura que ele me olhava.

- Nada, só uma pontada na cabeça que senti - ele diz.

- Então se senta, não é bom ficar em pé.

- Quem era pai? - Danilo pergunta.

- Um homem pedindo uma informação.

Será que esse homem era o Otávio? Sinto meu corpo todo ficar frio.

Continuo quieta e com medo da maneira que meu pai me encarava.

- Filha, você melhorou das cólicas? Fiquei preocupado com você - ele diz.

Continuo com medo, mas respiro fundo e respondo:

- Sim pai, eu tomei um remédio e depois fui dormir.

- Você dormiu bastante né, nem parece que dormiu tão cedo.

- É que eu senti muitas dores antes de pegar no sono, ai acabei dormindo mais tarde.

- Mas agora você já está muito bem não é mesmo?

- Sim - digo apenas.

- Já terminou de comer?

- Sim.

- Então me acompanhe até a sala, quero te mostrar algo.

O que será que ele vai me mostrar? Meu coração bate tão forte, que parece que vai saltar pela minha boca.

- Você reconhece isso? - ele pergunta e pega a bolsa que eu esqueci no táxi ontem.

Ai não, me ferrei, já posso sentir as cintadas que vou levar.

- Não vai me falar nada? - ele pergunta em um tom frio.

- Essa é a bolsa que eu esqueci no táxi esses dias vindo da faculdade - minto.

- Chega de mentiras Dalila - ele grita - Eu perguntei pro taxista onde e quando você esqueceu essa bolsa e ele me disse, você foi na festa daquela sua amiga né.

- O nome dela é Lívia pai e eu fui sim, mas eu voltei cedo e me comportei - digo com a voz embargada.

- Eu só não vou te bater porque hoje vamos receber a noiva do seu irmão aqui, mas depois eu vou acertar as contas com você.

- Desculpa pai, eu só queria fazer algo diferente.

- De hoje em diante você pode estar morrendo, mas você não vai mais ficar sozinha aqui.

- Pai, eu...

- Saia daqui, vai se arrumar que daqui a pouco as pessoas vão chegar.

Sem falar mais nada saio dali e vou até meu quarto, me arrumo sem ânimo algum e saio do meu quarto.

Minha mãe já tinha deixado quase tudo pronto e meu pai estava cuidando da churrasqueira, ele estava ensinando meu irmão.

Logo Gabriel e seus pais chegam, meus sogros se juntam com meu pai e eu fico na sala com Gabriel, ficamos sentados lado a lado completamente calados.

Depois chega uma mulher sozinha, nunca a vi na igreja.

- Quem é ela? - pergunto a Gabriel.

- É a noiva do seu irmão - ele responde.

- A noiva do meu irmão é a Beatriz.

- Não é mais.

- Como assim?

- Depois você conversa com seu pai ta.

- Ta bom.

Meu pai só podia ter perdido o juízo de vez, aquela mulher aparentava ter uns trinta anos e meu irmão tinha apenas dezesseis.

- Um brinde aos noivos - meu pai comemora.

- Danilo vai se casar primeiro que Dalila - Márcio, meu sogro diz.

- Mas logo chega o casamento deles também - meu pai diz novamente.

- Bom, quero aproveitar hoje para oficializar meu noivado - Gabriel diz e pega uma caixinha em seu bolso.

Ele abre e coloca em meu dedo a aliança de noivado, pego a outra aliança e coloco no dedo dele. Todos comemoram sorridentes, inclusive meu pai.

Passo a tarde toda pensando nesse casamento de Danilo com essa mulher.

Assim que todos vão embora vou direto conversar com meu pai.

- Pai, o que deu no senhor pra fazer Danilo se casar com aquela mulher? - digo um pouco alterada.

- Olha o tom que você fala comigo - ele me repreende.

- Ele estava noivo de Beatriz, por que mudaram?

- Eu não te devo satisfação, mas vou dizer. Os pais de Beatriz estavam enrolando de mais para oficializar o noivado, ai ontem surgiu essa mulher que se interessou por Danilo, e assim que ele fizer dezoito anos ele vai se casar.

- Pai ela é muito velha pra ele, ela deve ter uns trinta anos.

- Ela é experiente e tem trinta e quatro anos.

- Pai você não pode permitir isso.

- Ela vai ensinar muitas coisas para o seu irmão.

- Pai...

- Se não quiser apanhar, saia daqui agora - ele grita me interrompendo.

Saio dali e corro pro meu quarto e fico ali até dar o horário de ir pra igreja.

Coração BandidoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora