A chegada do filho do Vento

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O rapaz era ninguém. Filho de estrangeiros,  nem documentos tinha. Mal falava o português. Mas tinha coração e alma transparentes. E a aparência de um anjo.  Pelo menos para Palmira. 
Os olhos azuis e os cachos negros conquistaram a jovem cabloca à primeira vista. E a sinceridade de seus gestos e palavras foram só reforçando os sentimentos da jovem, que para sua felicidade,  eram correspondidos. 
Em duas semanas se amaram. Mal se conheceram e se casaram.
O pai da moça achou o melhor,  porque o patrão ia ficar uma fera se descobrisse o interesse do filho pela camponesa simples. 

Pouco depois Antônio estava de volta à fazenda. Chegou e deu de cara com uma festa. 
E seu pai lhe apresentou, Carminda, loira de olhos verdes, a filha de um outro fazendeiro da região, e sua noiva. O rapaz saiu disparado,  desnorteado com a notícia. Precisava ver Palmira. Iam fugir, pra outro lugar,  pra bem longe. Viver como camponeses em outra fazenda. Ele não sabia nada do trabalho braçal mas ia aprender. Ela o ensinaria. Por ela, ele aprenderia. Seriam felizes assim. 
Quase se feriu quando tropeçou  numa erva daninha. As lágrimas  não o deixavam ver o caminho. Mas ouviu a risada dela, e aquilo instantaneamente o acalmou. Até que levantou e viu. Ela correndo como que em sua direção... até se atirar nos braços de outro homem.
Mesmo à distância ele percebeu, o brilho dourado sutiu na mão esquerda de Palmira,  enquanto ela agarrava o farto cabelo do homem que na verdade já era seu marido. 

O desespero de Antônio virou revolta.  O coração ferido virou pedra. E todo amor sentido virou desprezo. 
Virou as costas e voltou para a casa que estava em festa por sua causa. Palmira ainda o viu partir. Mas não disse nada. Era melhor assim.

A Domadora de CavalosWhere stories live. Discover now