Em 1994, o Plano Real nos atingiu em cheio. O setor de turismo de exportação foi duramente afetado. O dólar passou a valer menos que o real. Consequentemente, além dos trinta por cento de queda nas vendas, as comissões que as companhias aéreas nos passavam, caíram em média vinte por cento. Os custos administrativo-operacionais subiram mais de cinquenta por cento e aqueles seis primeiros meses do Plano Real foram suficientes para destruir todo o trabalho feito nos sete últimos anos.
Fechamos duas agências e acabei criando nosso próprio jornal visando diminuir as despesas com propaganda. Nosso jornal tornou-se uma excelente solução e passou a ser um captador de recursos. Aquele ano difícil e tenso, fecharia com chave de ouro. Em novembro, ganhei de presente de aniversário a notícia de que seria "papai".
Em 10 de junho de 1995, nasceu a minha princesinha Rebecca (A que une, em hebraico). Nessa época, usei meus conhecimentos adquiridos na faculdade de arquitetura e desenhei o projeto da minha casa. Aproveitei a venda de uma das lojas dos meus pais e investi o dinheiro na construção da nossa casa. Enquanto a casa era construída, fomos morar no apartamento com meus pais e minha avó.
Naquela segunda metade da década de noventa, nossa maior alegria e a de toda a família, era Rebecca. Os negócios não iam nada bem e minha visão estava ficando cada vez mais fraca.
Em maio de 1997, terminamos a construção da casa e nos mudamos para lá. Um mês e meio depois, mais um herdeiro a caminho, Viviane engravidou novamente.
Em 13 de dezembro, chegou o apressadinho Enrico (príncipe poderoso) que nasceu de sete meses e nos deu um tremendo susto. Durante dezoito dias ele ficou na UTI neonatal, aonde ia diariamente para vê-lo, fazer carinho e conversar com ele. Eu já quase não podia ver detalhes como expressões faciais, mas sabia o quanto era importante estar ali com ele naquelas duas meias horas diárias. Eu me sentia como se o estivesse alimentando, nutrindo com alguma energia poderosa, milagrosa. E ele me dava sinais de que estava lutando e apertava meu dedo quando eu o colocava sobre sua mãozinha.
No Natal ele já mamava, mas tinha que voltar para a incubadora para ajudar na formação do seu pulmão e no dia trinta e um ele foi para casa e passamos o Réveillon com a família completa.
Depois de um bom início de década, a partir de 1994 parecia que havíamos entrado em um período de inferno astral na área dos negócios. E aquele 1998 começou e foi um ano muito complicado. Logo em fevereiro veio a separação da sociedade de uma forma desgastante e litigiosa. Problemas econômicos, praticamente insolúveis, e a minha visão em seu pior momento desde 1986, completaram o quadro daquele ano difícil.
Em novembro fui para Miami achando que faria mais uma raspagem para dar uma melhorada na visão. Na consulta, o Dr. Clarkson me avisou:
-Não podemos mais fazer nenhuma raspagem. Sua córnea está muito fina devido às raspagens anteriores. Se eu fizer mais uma, corremos o risco de perfurar a córnea.
-E agora doutor? Perguntei, já esperando uma daquelas notícias ruins, dadas a mim em outros tempos.
-Você terá que fazer um transplante de córnea, Enrique. Disse ele.
Fiquei pensando naqueles segundos: "E agora? O que faço?"
Angélica, que estava me acompanhando, se adiantou e perguntou exatamente o que eu estava pensando. O Dr. Clarkson, nos disse que passaria o meu caso para um médico especialista em transplantes de córnea e que depois conversaria conosco.
Aquele ano havia sido tão cheio de obstáculos e eu estava ali, diante de mais um e com certeza, o maior de todos. Fomos indo para o segundo andar e conversando sobre prováveis soluções para vencer aquele novo desafio. Chegamos ao segundo andar e fizemos nosso registro na recepção.
BINABASA MO ANG
Fidel com a dele e eu com a minha.
Non-FictionUma Historia Real, passada nos anos 1980. Imagine, perder a visão aos 22 anos e ficar condenado a cegueira eterna. O que você faria? No cenário, as lindas praias de Guarujá e Miami, apimentadas com um pouquinho de Guerra Fria. Um jovem estudante de...
DE VOLTA AO COMEÇO
Magsimula sa umpisa
