OS PREPARATIVOS

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Entre os cochilos e as rádios em espanhol, o dia foi chegando e a ansiedade foi aumentando. Eu queria voltar naquele hospital para finalizar os exames e formalizar a parte administrativa o quanto antes.

Naqueles dias eu era o despertador oficial da família Dias e acordei a ala feminina da família às sete horas em ponto, conforme havíamos combinado.

No café da manhã, lá estava o Ramon com seus comentários do dia e piadinhas que a gente entendia parcialmente, mas ríamos para que a coisa não ficasse sem graça.

Contamos para o Ramon sobre a decisão da cirurgia e ele mais uma vez afirmou:

-Usted estas en el mejor hospital del mundo y todo vá a salir bien.

Resolvemos ir caminhando naquela manhã, já que a distância do hotel até o hospital era pouco mais de umas seis quadras. O problema maior era o calor.

Dessa vez, levamos blusas para evitar o sofrimento com o ar frio dentro da clínica. Era engraçado nós três naquele calor insuportável carregando nossos agasalhos pelas ruas. As pessoas deviam achar que éramos doentes.

Chegando à clínica as moças da recepção nos receberam com muita amabilidade e até mesmo o fato de sermos brasileiros chamava a atenção delas, que comentavam entre si sobre a nossa origem.

Aurora fez os procedimentos e nos avisou que devíamos ir até o escritório administrativo para fazer os acertos da parte financeira. Minha mãe e eu ficamos em frente à sala 224, e minha irmã foi até o escritório para dar início à papelada.

Quando a porta da sala 224 se abriu, o Dr. Blumenkranz apareceu, chamou o nome de um paciente e nos cumprimentou com muita simpatia.

Mais alguns minutos e minha irmã chegou com vários formulários e algumas informações sobre os custos iniciais.

O hospital pediu um deposito inicial de quinze mil dólares. Oh, my god!Era um valor bem maior do que dispúnhamos. Tínhamos um pouco mais da metade daquele valor e isso poderia comprometer aquela oportunidade que havia surgido com a cirurgia salvadora.

Quando o Dr. Blumenkranz me chamou, entramos na salinha e ele parecia até mais animado do que a gente. Fez aqueles exames regulares e pediu que eu fosse fazer mais fotos do olho.

Angélica comentou com ele sobre os valores solicitados pelo hospital e que não estávamos com o valor suficiente para fazer o sinal. Ele nos disse que na parte administrativa ele não poderia se envolver, mas que eu falasse com o pessoal da clínica, que poderiam nos dar uma melhor orientação.

Fomos para o corredor das fotos e aproveitamos para conversar com as moças da recepção e elas falaram que às vezes o hospital abria exceções e parcelava a diferença quando os pacientes não tinham seguro médico-hospitalar. Ficamos mais aliviados, e feitas as fotos, voltamos para a porta da sala 224.

O Dr. Blumenkranz estava a cada contato conosco, mais falante, mais simpático e isso fez com que a nossa confiança em relação a ele aumentasse enormemente. Era uma unanimidade entre nós o positivismo e a empatia passados pelo Dr. Blumenkranz.

Ele ficava alegre em ver que estávamos confiantes e otimistas, e essa troca de energias foi fortalecendo aquela recente amizade.

Quando terminou de me examinar e estudar as fotos, ele explicou, com o auxílio da tradutora, como seria a cirurgia e que eu deveria me internar na noite da quarta-feira. Ou seja, eu daria entrada no hospital na noite do Independence Day, ou o Dia da Independência dos Estados Unidos. No meu íntimo, eu ia somando positivamente todas essas coincidências incríveis e cada vez eu ficava mais e mais esperançoso.

Fidel com a dele e eu com a minha.Where stories live. Discover now