De volta ao quarto, fiquei à espera de minha mãe e minha irmã. Logo que elas chegaram, falei que já havia sido examinado e que estava liberado para receber alta.
Minha irmã foi até a central das enfermeiras, saber o que deveríamos fazer.
Ela voltou dizendo que ainda não havia a autorização do médico, e que enquanto isso, iria até a administração para verificar minha papelada.
Fiquei batendo papo com minha mãe, que me contou que elas iriam cozinhar pela primeira vez no novo hotel. Disse-me que tinham ido ao mercado e que compraram arroz, feijão, frango e legumes para fazer frango assado em pedaços no limão com batata, cebola, pimentão e tomate.
-Opa. Falei esfregando as mãos. Aquele era um dos meus pratos favoritos. Mal podia esperar pela hora do almoço.
Angélica chegou e disse que já estava tudo certo e que podíamos ir embora. Ao passarmos pela central das enfermeiras, elas se despediram de mim com muitos desejos de;
-Good luck mr. Dias!
Agradeci pela atenção e pela paciência que tiveram comigo. Quando saímos do elevador já no andar térreo, pedi para passarmos no balcão da clínica e assim que entramos todas as secretárias se alvoroçaram. Estavam muito contentes em me ver, e disseram que não se falava em outra coisa naquele hospital. Brincaram que eu tinha ficado famoso por ali; e ficamos felizes em saber que elas estavam torcendo pela minha recuperação apesar de estarmos há poucos dias em Miami, já começávamos a sentir uma familiaridade com as pessoas do Hospital Bascon Palmer. Avisamos que voltaríamos na manhã seguinte, pois o Dr. Blumenkranz queria me ver diariamente. Nos despedimos e fomos até o lobby onde Angélica pediu que chamassem um táxi.
O hotel não era longe. Havia um atalho por entre os edifícios hospitalares e depois havia uma galeria com cerca de duzentos metros e na saída dessa galeria havia um jardim e depois o hotel. O táxi fez o caminho pelas ruas e deu a volta nesse complexo todo, mas também foi bastante rápido.
Quando chegamos ao hotel, Angélica foi até um painel instalado ao lado da porta de entrada e digitou um código para destravar a porta. Aquele código era a senha que os hóspedes tinham para poder entrar sem ter que pedir para abrirem a porta. Por motivos de segurança, aquele código era alterado periodicamente e somente os hóspedes recebiam a nova sequência.
Achei aquilo excelente, e o lugar, imediatamente, subiu no meu conceito. Logo na entrada havia uma sala com dois ambientes e à direita, o escritório onde entramos. Fui apresentado a Maria Antonieta, que era a zeladora-gerente do hotel. Lá, ela era conhecida como a manager. Ela foi muito simpática e disse que estava ansiosa por me conhecer, pois minha mãe e minha irmã falavam muito de mim. Disse também que eu era muito bem-vindo e que qualquer coisa que precisássemos, bastaria que procurássemos por ela. Agradecemos e fomos para o nosso quarto.
O quarto tinha duas camas de casal, um lavabo e um banheiro com duas portas, pois era compartilhado com a suíte ao lado. Esse foi o único senão daquele hotel. Felizmente o quarto ao lado não estava ocupado e o banheiro ficava à nossa disposição exclusiva.
Fiquei sabendo que todos os hóspedes tinham que realizar uma das tarefas que diariamente eram fixadas na porta do elevador. Cada tarefa estabelecida estava escrita num quadrado e quem a realizava, marcava o número do seu quarto no quadrado. Essa era uma das razões pela qual o preço da diária era tão reduzido. Os hóspedes passavam aspirador no corredor, ou na sala de TV e refeitório, tiravam o lixo, variam a escadaria externa, colocavam água nas plantas entre outras coisas. Era uma condição obrigatória e somente eram dispensados os hóspedes incapacitados ou internados.
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Fidel com a dele e eu com a minha.
Non-FictionUma Historia Real, passada nos anos 1980. Imagine, perder a visão aos 22 anos e ficar condenado a cegueira eterna. O que você faria? No cenário, as lindas praias de Guarujá e Miami, apimentadas com um pouquinho de Guerra Fria. Um jovem estudante de...
