A RONALD McDONALD's HOUSE

Start from the beginning
                                        

-Depois que nos falamos na sexta-feira, tentei de novo falar com o japonês no Banco Central, mas ele mandou dizer que ainda não tinha nenhuma resposta de Brasília. Então, no sábado de manhã, eu estava na calçada do Guaibê, meio cabisbaixo, pensativo e cumprimentei um casal que vinha pela outra calçada. Era um casal que mora no Ed. Noemi. Eles me viram e vieram me perguntar do Enrique. "-Bom dia seu Jorge, está tudo bem com seu filho?" Perguntou a senhora. Respondi que sim e que graças a Deus o Enrique tinha voltado a enxergar. E ela perguntou por que eu estava triste e parecendo preocupado. Contei a eles sobre o problema com o Banco Central e que eu teria que fazer um empréstimo se eles não liberassem os dólares no câmbio oficial. Nisso, o esposo me perguntou se eu já tinha apresentado todos os documentos necessários. Eu respondi que sim e ele me perguntou: "-E por que eles não liberam?" Falei que devia ser por eu não ter QI (Quem indica).

A senhora me falou: "-Se o senhor já fez tudo conforme o solicitado, pode deixar que agora o senhor já tem um QI. Meu irmão é desembargador e a filha dele é esposa de uma pessoa do primeiro escalão do Banco Central. Faça o seguinte seu Jorge, me passe o número do seu processo que se estiver tudo certo, vamos resolver isso para o senhor. Hoje antes do almoço o japonês ligou aqui em casa me avisando que eu podia ir lá para pagar os dólares que seriam enviados para a conta do hospital".

Quando a Angélica nos contou a história, mal podíamos acreditar. Mais uma vez a sorte e a providência estavam do nosso lado. Foi um alívio geral, tanto no Brasil como também em Miami. Mais um obstáculo havia sido vencido.

Após o almoço, fiquei sozinho na sala de TV e estava sem o protetor. Eu podia enxergar um pouco da imagem da TV e me sentei na poltrona próxima a ela. Fiquei vendo uns clipes na MTV, até que chegou um casal peruano cuja filha operara uma veia na cabeça. Eles estavam com ela, que ainda tinha a cabeça enfaixada. Fui apresentado a Paola e ela e o pai se sentaram no sofá ao lado de onde eu estava. A mãe disse que iria preparar o almoço e saiu.

Ficamos ali conversando sobre os nossos problemas de saúde e num dado momento o senhor Pepe me perguntou;

-Enrique. ¿Cual és su apellido?

Pensei comigo;

-Por que ele quer saber o meu apelido? Que coisa mais estranha.

Então eu lhe respondi;

-Yo no tengo apelido.

Assim que acabei de falar os dois me olharam inquisitivos. E o senhor Pepe me disse:

-¿Como que no tienes apellido? Todos tenemos apellido.

Pensei;

-Por que será que ele quer saber meu apelido? Será que é por eu ter quase dois metros de altura?

Respondi;

-Si, pero yo no tengo apelido. La gente me llama de Enrique, solamente.

Nesse momento, Paola teve um acesso de riso incontrolável e sua mãe veio lá da cozinha saber o que estava acontecendo. Ela ficara preocupada com a filha que ria tanto, ainda com muitos pontos na cabeça. Então o senhor Pepe lhe falou que a Paola estava rindo por que eu havia dito que não tinha apelido.

A dona Socky, me olhou e falou;

-¿Como que usted no tiene apellido? ¿Cual és el apellido de tu padre?

-Xii... agora piorou, mais uma doida. Pensei eu já me sentido incomodado com aquela conversa sem sentido e querendo por um ponto final naquela história.

-Mi papa también no tiene apellido. Disse eu taxativamente.

Paola não parava de rir e o senhor Pepe e dona Socky tentavam fazê-la parar. Então o senhor Pepe me disse;

Fidel com a dele e eu com a minha.Where stories live. Discover now