Nesse mesmo dia Kloe foi chamada na recepção, e aproveitando que Lucy já satisfeita pela sua extorsão de informações foi se encontrar com a psicóloga, a enfermeira foi até ao balcão de mármore.
— Algo errado? — por que era isso que estava. Tudo errado. Mas ela só esperava que ninguém soubesse disso.
— Não, não. Tudo bem, Kloe. — a voz da recepcionista serviu como um sopro de alivio para a enfermeira. — É que hoje mais cedo ligaram para você. Aliás, houve duas ligações. Uma de uma mulher, e a outra de um homem chamado Gale Fletcher, ambos gostariam de falar com você. Gostaria que eu retornasse para eles?
Houve um colapso na mente de Flyn, e por um milissegundo seu coração parou e entrou em erupção.
Pigarreando, respondeu:
— Você sabe qual o nome dessa mulher que ligou?
— Não, ela não se identificou, mas deixou o telefone para que você retornasse. O homem também deixou e pediu para que ligasse imediatamente para ele. Eu anotei ambos os números, aqui estão. — e deslizou um papelzinho amarelo pelo mármore marrom do balcão.
As madeixas acobreadas oscilaram e seu coração rangeu ao esticar o braço para pegar o papel.
— Obrigada. — e se retirou dali com sua culpa e libertação na palma da mão.
Agora era a vez de Kondor. Lucy estava sentada em uma cadeira olhando para o relógio de parede atrás do médico enquanto o mesmo falava.
— Como está se sentindo? — essa pergunta grudou em sua pele como napalm. A menina se contorceu, essa foi sua resposta.
— O que achou dele? — o médico tentava alguma brecha.
A menina se contorceu novamente.
— Não acha que deveria falar com ele? — o olhar morto da menina caiu sobre si, e Kondor limpou a garganta, mortificado. — Lucy, ele lhe ama. Não acha que deveria ao menos escuta-lo sobre como ele chegou aqui e soube sobre você?
Sutileza para quê?
— Não quero. — a garota respondeu incomodada.
O médico suspirou longamente.
— Como está indo, Lucy? — encostou as costas da cadeira.
A menina sabia que Kondor estava tentando outra abordagem por que ela não estava cooperando, mas isso era entre Lucy e seu pai, será que não entendem isso?
— Não estou indo. — rolou os olhos.
— E você está fazendo o que, então? — ele sabia, mas queria que a menina falasse. Seu sorriso desafiando a menina a falar incentivou a mesma a expor a verdade a si mesma.
— Estou regressando. — sussurrou para seu próprio coração, a cabeça olhando para o peito, vendo seu coração se desfazer em pó e sujar seu sangue com suas cinzas.
— Alô? — uma voz grogue e rouca reverberou no ouvido da enfermeira e fez tremer seu coração.
— Gale? — apertou seu celular em sua mão, subitamente nervosa.
— Kloe? — a voz dele pareceu mais alerta.
— Sim. — fechou os olhos fortemente. Merda! O que ele queria com ela?
— Oi. — ela ouviu um ruído. Ele estava se levantando da cama?
— Oi. — ela estranhou. Fala logo, homem!
— Que bom que ligou. — ele sorria segurando o celular na mão, sentado na beirada de sua cama king size vestindo uma calça de moletom. Ele tinha acabado de acordar e estava sorrindo, isso não era normal. Não para Gale Fletcher.
— Decidiu aceitar a ajuda? — ela não aguentou, alfinetou-o sorrindo desafiadora.
O homem bufou. Essa mulher...
— Dá um tempo, Kloe. Eu acabei de acordar. — bocejou.
A mulher riu.
— Tal pai, tal filha. Lucy também acordou tarde hoje.
O homem estancou.
— A clínica não tem horário? Por que pelo que me foi di... — ela o interrompeu e ele rolou os olhos.
— Tem, mas eu a deixei dormir por mais tempo hoje. — Flyn mordeu o lábio. ''Que ele não pergunte o porquê... Que ele não pergunte o porquê... Que ele não pergunte o porquê...'', pedia.
— Por quê? — ela fechou os olhos fortemente.
— Por que eu descobri uma coisa, Gale. Mas eu não posso falar pelo celular e nem lhe ajudar por ele.
— Estou indo para ai agora mesmo. — e desligou.
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A Esquizofrênica
RandomLucy, uma adolescente de dezesseis anos que vive em uma clínica de reabilitação desde os seis anos de idade. Dez anos de sua vida vegetando em uma maca, amordaçada e presa, rotulada como louca, tendo que se contentar apenas com passeios diários pelo...