Diferente da última vez que Lucy fora para o jardim, não estava tão ansiosa dessa vez, Kloe percebera isso, mas nada falou, sabia que a menina não iria contar. Dank arrumou-se, vestiu uma calça comprida e uma blusa de manga longa. Levando em conta de que não estava frio, foi mais um fato para Flyn estranhar. Mas logo quem ela ia estranhar? Lucy — a esquizofrênica! Não fazia sentido sentar com a menina para interroga-la do por que ela estar agindo de uma maneira estranha. Então dessa vez decidiu que deixaria passar. Dessa vez.
Lucy caminhou calmamente até o jardim, nos corredores explorava o já conhecido, no jardim enlaçou-se com o que já sabia que iria embora, a grama. Fechou os olhos esperando o tempo passar, lembrou-se de sua mãe, de Kondor, de Kloe, de seu quarto, mas enquanto pensava, o menino insistia em voltar para seus pensamentos.
Dank pensou no que sempre sonhara em sentir, no que sempre lia em livros, mas nunca tivera a oportunidade. Paixão. Ansiava com todas as forças se apaixonar, cogitará até possibilidade de estar apaixonada por Kondor! Mas logo depois perceberá que aquilo não era paixão. Carinho, apenas isso.
O mais engraçado, o que mais lhe chamou atenção sobre o amor é o mesmo ser tratado como uma doença. O amor poderia muito bem ser descrito como uma doença, pois lhe era explicado claramente os sintomas, a definição, onde se instala... Tudo! Como uma doença, quase um tumor.
Essa era a única enfermidade que Lucy queria ter, mas nunca teve por que a oportunidade nunca surgiu. Impediram-na disso assim como a impediram de sentir suas lágrimas. ''Colocaram ataduras em meu coração. '', concluiu.
Abriu os olhos em um solavanco e olhou ao redor jurando ter alguém lhe observando. Andou rapidamente até um banco de praça que havia na sombra de uma árvore e continuou olhando para os lados. Era para ter alguém ali! A garota passou as mãos pelas coxas freneticamente enquanto olhava para os lados, com a ponta dos dedos simulava estar arranhando o tecido. Estava suando frio! Pensou em gritar, mas repensou e decidiu que era melhor ficar calada. Queria sair dali, correr para bem longe, mas não iria fugir dessa vez.
Respirou fundo na tentativa de se acalmar, inútil. Curvou-se e colocou a cabeça entre as pernas, respirando fundo, tentou se acalmar. Seu busto subia e descia pesadamente como se tivesse um peso nele. ''O peso do meu coração. '', Dank pensou, olhando para a grama.
Levantou a cabeça ao perceber que aquilo não adiantava, ao olhar para frente tentando focar a visão em algo para não gritar em desespero e teve a impressão que seu coração parou ao pousar os olhos no menino olhando-a confuso.
Oh céus.
Ela iria gritar, ela queria!
Mas nenhum som saiu de sua boca.
Sua alma gritou.
Seu coração parou.
Ela enferrujou.
Lucy encarou seu medo.
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A Esquizofrênica
RandomLucy, uma adolescente de dezesseis anos que vive em uma clínica de reabilitação desde os seis anos de idade. Dez anos de sua vida vegetando em uma maca, amordaçada e presa, rotulada como louca, tendo que se contentar apenas com passeios diários pelo...