THE THIRD SURGERY

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Ele entrou de novo e disse que daria outra injeção no meu olho. Sem outra opção, eu concordei e senti novamente aquela aflição e a agulhada fina, penetrando olho adentro. Não era uma dor insuportável, mas infinitamente mais incômoda do que aquela anestesia aplicada pelos dentistas. Com a entrada do líquido, eu sentia uma pressão intra-ocular. Cinco minutos depois, ele me pediu para segurar novamente em seu braço, saímos daquela sala e fomos para outra.

Ele me sentou em outra cadeira, me mandou apoiar o queixo no aparelho e ligou as luzes. Ali, a percepção da luminosidade foi bem maior, mesmo estando ainda com os olhos fechados e eu disse isso a ele.

Ele disse:

-Good. Very good.

Em seguida ele me falou que iria fazer aplicação de raios laser para complementar o que havia sido feito na cirurgia. Na hora eu gelei, lembrando da terrível experiência quando o Dr. Sergio havia tentado usar o laser e eu não conseguira nem abrir os olhos.

Tentei explicar isso ao Dr. Blumenkranz, mas ele me disse que com a anestesia eu não iria sentir quase nada; e começou a disparar o laser. Era um aparelho que emitia um som como um estalo e então saía um feixe de luz. Comecei a contar os tiros. No Brasil eu não cheguei nem a quinze tiros e tivemos que interromper a sessão. Ali eu já estava em cento e vinte e poucos tiros quando ele falou:

-Ok Enrique. I am finished. Are you okay?

Respondi que sim e então ele novamente me deu o seu braço e saímos.

Ao passar pela recepção já percebi o movimento e algumas das secretárias perguntaram para o Dr. Blumenkranz como eu estava. Ele disse a elas que eu estava "fine".

Subimos e quando chegamos ao quarto, minha mãe e a minha irmã estavam desesperadas, achando que algo de muito ruim havia acontecido.

Quando elas chegaram ao quarto e viram a cama vazia, pensaram que a cirurgia tinha dado errado, pois elas, assim como eu, estranharam que eu não estivesse em repouso absoluto.

Ao vê-las aflitas, o Dr. Blumenkranz começou a explicar que estava tudo ótimo, que ele tinha feito um reforço com o laser e que a retina estava estabilizada e no lugar. Emocionadas e com as vozes embargadas, elas agradeciam e me abraçavam.

Voltei para a cama e o Dr. Blumenkranz se despediu com um bye bye, dizendo que voltaria no final da tarde. Perguntei pelo meu parceiro de quarto e minha mãe disse que ele já tinha sido levado para o centro cirúrgico.

Então elas me ajudaram no café da manhã e, pela primeira vez, comi com vontade. Elas queriam saber como tinha sido o exame e se eu já tinha percebido alguma diferença. Tentei explicar para elas o que eu já estava sentindo, em comparação com as outras operações.

Na verdade, até então, todos os procedimentos tinham sido bem diferentes daqueles feitos no Brasil. Os médicos não usavam intermediários, o contato era direto. Tanto antes da cirurgia, como depois e até aquele momento, tudo era diferente. Felizmente era um "diferente" para melhor.

Uma hora e pouco depois, chega o Anselmo. Ele também estava acordado e já começou a falar. Contou um pouco sobre ele e quis saber como eu estava, ficando contente com as notícias.

Na hora do almoço eu não estava com muito apetite e dei uma beliscada na comida. Discretamente, minha mãe me contava que o Anselmo estava comendo tudo o que traziam e no final ela me disse baixinho;

-O homem comeu até o enfeite que adornava o prato.

O enfeite era um raminho de salsinha. Eu comecei a rir e tive que parar porque senti uma dorzinha no olho que ainda estava super sensível e bastante inchado.

Fidel com a dele e eu com a minha.Where stories live. Discover now