Sentia no ar a energia que viajava no tempo e no espaço vinda de várias longitudes e latitudes. Meu corpo era um bloco repousado naquela mesa e apenas a minha pausada respiração se fazia sentir. Às vezes eu, involuntariamente, apertava as mãos da Christine que prontamente respondia com uma leve carícia.

Já havia perdido a noção do tempo, mas sabia que estava ali há umas três, talvez quatro horas e o Dr. Blumenkranz começou a dar sinais de contentamento, dizendo:

-Enrique. Everything is okay. How do you feel?

Eu respondia que estava bem e sem nenhum problema, ele então avisou que ainda faltava mais um pouco.

-Don't worry Doctor. I'll be here the necessary time that you need.

Ele riu e falou que eu era um excelente paciente.

Lembrei-me da Renata, a irmãzinha da Rose, que eu sabia que devia estar rezando por mim. Eu sentia essa energia todo o tempo.

Dr. Blumenkranz novamente pediu um minuto para se alongar e se movimentar. Falou que estava ficando velho e todos riram. Na verdade, depois de tantas horas, era evidente que naquela sala, todos estavam dando sinais de cansaço. Estranhamente, eu não estava.

Não senti nenhum incomodo em estar ali naquela posição por horas e horas. Para mim, aquilo era a comprovação de que alguma força invisível e muito poderosa estava atuando à meu favor.

Minha concentra-Okay Enrique. It's finished!, disse o Dr. Blumenkranz. E quase em tradução simultânea, a enfermeira repetiu:

-El Doctor dijo que la cirurgia está terminada.

Eu sorri e falei para ela perguntar se tinha dado certo.

Então ele deu uns toques no meio tórax e falou:

-The retina is again attached and we need to wait a couple of days to see the results.

Eu comecei a agradecê-lo e ele alegremente me disse:

-You were a great patient. The best I ever had. I'm surprised with you.

-Do you know how many hours you did stay here?

-No. Respondi.

-Four hours and thirty minutes. Disse ele.

Agradeci novamente e ele me disse;

ção foi novamente interrompida;

-Don't thank to me. Give thanks to God.

Aí eu pedi para a enfermeira dizer que eu agradecia então a Deus e agradecia a ele por sua generosidade e pelo trabalho perfeito das suas mãos mágicas.

-Thank you Enrique. You're very welcome. Disse ele mais uma vez me tocando no peito.

-I see you later, okay? Falou se despedido.

Enquanto isso, Christine ia me desconectando dos aparelhos enquanto outro médico fixava um curativo no meu olho. Alguém me pediu que fosse movendo o corpo cuidadosamente para a esquerda até passar para a maca. Já acomodado, todos se despediram. Christine também veio se despedir e me desejava boa sorte. Nunca mais soube dela e nem a conheci visualmente.

Quando entrei no quarto, trazido por um enfermeiro, minha mãe e a minha irmã se assustaram por eu ter demorado tanto; também ficaram surpresas em me ver acordado.

Quando souberam que a cirurgia tinha sido feita com anestesia local, ficaram incrédulas. E então, eu lhes falei que fora bem melhor do que das outras vezes em que fui operado sob anestesia geral. Fizeram mil perguntas, queriam saber tudo o que tinha acontecido, tudo o que o médico achava. Nisso, o Dr. Blumenkranz entra no quarto, e explica a elas que tinha conseguido recolocar a retina no lugar e que agora precisávamos esperar mais alguns dias e dar tempo para a cicatrização e recuperação dos tecidos da área operada.

Fidel com a dele e eu com a minha.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora