Capítulo 41 - Juntos para Sempre (Final)

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Quando a noite finalmente caiu lá fora, os vampiros começaram a ser escoltados para fora da tumba, ansiosos por conhecer a prometida Paris e deixar o passado para trás. Pelo menos, a maioria deles; havia aqueles que escolheram ficar para trás e lutar até morrer na Sérvia, e esses haviam sido deixados para trás sem pestanejar. E havia ainda Valentina. Ela não deixaria aquele lugar até que Desmond desse um último suspiro. Ao lado do caixão, estavam apenas ela e Emese, silenciosas e de certa forma fazendo companhia uma a outra. Ela assistiu o caixão ser fechado, sem que pudesse dar nenhum adeus ao rosto amado. Depois Sefic a tomou pelos ombros e a levou dali, como um fantasma de si mesma. Ela não lutou contra, ou a favor, ela simplesmente deixou que a carregasse para fora e para a nova vida. Naquele momento, sentiu que estava aprisionada para sempre debaixo de sua coroa e ao lado de Sefic. Todos os que amara se foram. Tudo o que conhecia havia sido destruído. E seu destino havia finalmente se concretizado. Recordava-se de olhar para Emese uma última vez e não sentir absolutamente nada. Nem raiva ou desprezo, nem arrependimento ou culpa, e sentiu que era recíproco. Recordava-se também de olhar para os demais vampiros com pena; eles não se importavam com quem deixaram para trás. Eles não se importavam com aqueles que estavam lá fora lutando para garantir que eles sobrevivessem. Eles eram uma piada e ela, sua rainha, mas isso só veio a fazer efeito sobre ela muito, muito tempo depois. E agora pensando bem, talvez Sefic fosse apenas mais um deles. Não havia reparado na época, a frieza com que Sefic deu as costas para o caixão e a guiou até a saída. Na época atribuíra à força, a capacidade dele de tomar à frente de todos aqueles vampiros e levá-los até outro país, e construir outro reino, enquanto ela chorava a morte de sua família. Mas a verdade é que ele nunca derramara uma lágrima. Ele sempre agira como se tivesse acontecido exatamente o que deveria acontecer. Como se o fato de Desmond ter sido atacado próximo ao castelo fosse uma infeliz coincidência... Mas ela sabia, não sabia? Quando ficou presa no calabouço, quando ele tirou a sua criança, ela sabia que não estava sozinha. Ela sabia que detrás daquelas portas havia alguém ou alguma coisa... Estivera tão assustada e tão machucada que não se importara, mas ela sabia que Sefic escondia algo detrás daquelas portas. Assim como sabia que ele matara o seu pai.

– Eu não posso matá-lo, Desmond. Minha vida está unida à sua graças à bruxa. – Ouviu-o dizer, confiante. Ela sabia que aquela parte da história era verdade, mas...

Desmond conseguiu se soltar, mas ela sabia que Sefic apenas estava brincando com ele. Aquela luta jamais seria justa, ainda que Desmond tivesse toda a determinação do mundo. Os olhos dele cruzaram com os dela por um breve segundo. Apenas um segundo.

***

"Não o escute!"

Zack quis gritar, mas não havia nada que pudesse fazer. Estava preso em seus próprios pensamentos, como se seu corpo não lhe pertencesse.

Lembrava-se de ter visto uma reportagem certa vez, sobre pessoas que perdiam seus movimentos após algum tipo de acidente. Houve um nadador que sofreu um acidente em alto mar e apenas pôde sobreviver porque conseguiu boiar até a praia. Recordava a este em específico, porque não pôde deixar de imaginar quão desesperador poderia ser estar rodeado de água para todos os lados e tendo somente o movimento da cabeça. Que ele tenha sobrevivido havia sido um verdadeiro milagre, mas isso não parecia amenizar tanto assim a perspectiva de ser um prisioneiro em seu próprio corpo. E mesmo assim, por mais que tentasse, a verdade é que não podia saber verdadeiramente como era este tipo de sensação. Não até agora.

Seus braços e pernas não se moviam, mas não era só isso. Não havia nenhum músculo que fosse capaz de obedecer à sua vontade, de forma que não podia fazer qualquer sinal para Desmond de que estava ali em pensamentos. Tampouco podia ver o que estava acontecendo, apenas podia ouvir os sons acima das batidas de seu próprio coração.

O Príncipe BastardoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant