Capítulo 31 - Pesadelos

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Parte III

ESCOLHAS E SACRIFÍCIOS

"Seja humilde, você é feito de pó. Seja nobre, você é feito de estrelas"

(Provérbio Sérvio)

CAPÍTULO 31

PESADELOS

Foi como um pressentimento ou algo assim. Zack despertou em algum momento próximo ao crepúsculo, com a súbita consciência de que não estava sozinho. A presença de Desmond ao seu lado era sólida e quente como uma xícara de chá de frente para a lareira em uma noite fria de inverno, mas havia algo na rigidez de sua expressão que não era nada pacífico.

Zack dedilhou em pensamentos as linhas duras de seu rosto, desejando poder desfazer a pequena ruga que se formara entre as sobrancelhas. Era como se ele estivesse travando uma batalha, mesmo em seus sonhos, e não gostava de imaginar que tipo de coisas eram capazes de inquietar alguém como ele. Alguém que havia crescido sob a lei de uma espada.

Ainda letárgico, Zack passou um braço sobre os ombros largos e o abraçou. Seu coração falhou uma batida quando Desmond se retesou, rígido. Se ele estava tendo um pesadelo, corria o risco de ser atirado pelos ares, é verdade, mas não pôde deixar de tocar-lhe o peito em uma carícia suave, hesitante, quase experimental.

A intimidade recém adquirida entre eles era algo novo e frágil. Fazia com que seu estômago se contorcesse de ansiedade, como se preparar para descer na montanha russa pela primeira vez. Por que era a primeira vez, pensou. Não importava quantas vezes tivesse feito algo antes, com Desmond tudo era diferente.

— Shh... Sou eu, Zack. Está tudo bem — Murmurou, ganhando coragem, e pressionou o próprio corpo contra o dele. Queria poder defendê-lo do invisível. O cenho franzido de Desmond relaxou aos poucos. — Está tudo bem.

O peito rijo pareceu inflar sob a palma de sua mão, exalando em seguida como se houvesse uma grande quantidade de ar presa em sua garganta. Desmond abriu os olhos, em par, levando alguns segundos para compreender onde estava e com quem estava. Ele suspirou novamente, de alívio, ao encontrar Zack, arrefecendo-lhe o coração.

Desmond pousou uma mão sobre a sua, atraindo-o para perto de forma inesperada. Uma mão larga o tocou no rosto, demorando-se na região áspera do queixo onde barba recente despontava, pinicando-lhe os dedos de maneira agradável e estupidamente real.

O lençol deslizou para o lado em um leve farfalhar de tecidos quando Zack se moveu, passando uma perna por entre as dele para deitar-se por cima ao passo que sua boca encontrava a de Desmond no escuro. O beijo foi ansioso, carregado de uma saudade que nenhum dos dois sabia como colocar em palavras, mas que lhes comprimia o peito mesmo assim, pronta para explodir.

Suas mãos exploraram o corpo do outro em um reconhecimento lento, tocando cada centímetro de pele descoberto enquanto as roupas eram pouco a pouco removidas.  Zack deslizou os lábios sobre fina cicatriz que Desmond carregava abaixo da costela, sentindo-se afundar um pouco mais em meio aos tantos sentimentos que nutria por ele.

Gostaria de ser diferente? Gostaria de querer outra criatura neste mundo?A resposta era não.

Desmond suspirou, sentindo os músculos do abdômen se comprimir em um espasmo ao sentir o membro ereto contra o seu. Seu corpo inteiro ardia no que parecia ser uma tortura lenta, mas Zack calou seus protestos beijos úmidos e o empurrou de volta ao colchão quando fez menção de virar-se de costas.

— Assim. — Zack murmurou contra seus lábios. — Quero vê-lo, céus, preciso olhar para você... Eu não me canso de olhar para você.

Em silêncio, Desmond se deixou cair de costas novamente, o cabelo negro espalhando-se em torno de maneira displicente, e afastou as coxas de maneira instintiva, para que Zack se posicionasse entre elas. Algo pareceu vibrar dentro de si, como se dedos invisíveis estivessem deslizando pela base de sua coluna, fazendo com que seu corpo se arrepiasse ao menor toque.

Desmond ofegou sob si, erguendo o quadril em resposta, procurando-o com as mãos e os lábios. Percebeu que estava ansioso, mas estava excitado demais para se importar.

O encaixe veio em seguida, lento e fácil, como se ele sempre tivesse pertencido àquele lugar. Zack deslizou para dentro de si, preenchendo-o com um movimento suave e se inclinou sobre ele, sentindo o membro de Desmond contra seu estômago e a respiração quente contra o seu rosto.

Zack o amou em silêncio, suspirando entre ofegos entrecortados ao sentir a carne dura contra a sua, e as mãos fortes que pressionavam suas costas e suas nádegas, exigindo mais, e cada vez mais até que a espera se tornou insuportável e se derramou dentro dele com um gemido.

Desmond adormeceu algum tempo depois, relaxando sobre o travesseiro com a agradável sensação de ter as pernas de Zack enroscadas às suas.

O Príncipe BastardoWhere stories live. Discover now